• Praça do Feijão, Irecê - BA

sábado, 17 de junho de 2023

'Algum grau de afinidade não põe em risco a democracia', diz Barroso sobre indicação de Zanin por Lula

 (crédito: BBC)

(crédito: BBC)

Para o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, a indicação de Cristiano Zanin pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a vaga aberta na Corte é uma "escolha pessoal legítima" e não representa conflito, risco ético ou democrático.

A escolha do advogado tem sido tema de controvérsia por conta de sua proximidade com o presidente.

Zanin atuou na defesa de Lula desde 2013 e participou dos processos decorrentes da Operação Lava Jato e no próprio Supremo.

Mas segundo Barroso, a indicação não fere o princípio da impessoalidade da administração pública ou coloca a democracia em risco.

"Algum grau de afinidade entre o presidente e a pessoa nomeada, a meu ver, não oferece nenhum problema ético ou risco democrático", afirmou à BBC News Brasil nesta sexta-feira (16/6).

"O que é importante é que seja uma pessoa íntegra, com competência técnica e que se disponha a servir o Brasil - é muito trabalho", afirmou o ministro, que está na Inglaterra para participar do Brasil Forum UK, evento organizado por estudantes brasileiros no Reino Unido e que tem como tema neste ano Inovando caminhos, transformando futuros.

Em seu Artigo 12, a Constituição Federal determina que os ministros do Supremo devem ser escolhidos entre "cidadãos com mais de 35 e menos de 70 anos", de "notável saber jurídico" e "reputação ilibada".

"Cristiano Zanin é um advogado que preenche os requisitos previstos na Constituição e desempenhou um papel extremamente qualificado na defesa do presidente em outros casos", diz. "Essa é uma escolha pessoal legítima do presidente e acho que no normal da vida o Senado deve ratificar o nome dele."

Barroso afirmou que, no passado, outros presidentes já indicaram nomes de pessoas próximas ou que haviam trabalhado em sua defesa em algum momento e que isso nunca foi um problema.

Cristiano e Valeska Zanin em foto ao lado de Lula
REPRODUÇÃO/ INSTAGRAM LULAOFICIAL
Cristiano e Valeska Zanin em foto ao lado de Lula

O ministro também tratou durante a entrevista dos ataques à democracia e da invasão e depredação dos prédios do Congresso, Planalto e STF em 8 de janeiro.

"Em um país que se polarizou, nós precisamos pensar em uma agenda comum capaz de agregar as pessoas em torno de objetivos mínimos, independentemente das posições."

Sobre os ataques que recebeu do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores durante o período eleitoral, o ministro afirmou que só costuma respondê-los quando envolvem questões institucionais.

Bolsonaristas invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e a sede do STF no dia 8 de janeiro
Reuters
Bolsonaristas invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e a sede do STF no dia 8 de janeiro

Leia a seguir os principais trechos da entrevista do ministro Luís Roberto Barroso à BBC News Brasil, editada por concisão e clareza:

BBC News Brasil - Gostaria de começar pela indicação do advogado Cristiano Zanin pelo presidente Lula para a vaga deixada pelo ministro Ricardo Lewandowski. Muito tem se falado sobre um conflito ético ou moral nessa indicação, por se tratar de uma pessoa bastante próxima ao presidente e que atuou como advogado pessoal dele em um caso muito importante. O senhor já disse que não vê conflito nesta situação. Por quê?

Luís Roberto Barroso - Cristiano Zanin é um advogado que preenche os requisitos previstos na Constituição e desempenhou um papel extremamente qualificado na defesa do presidente em outros casos. Essa é uma escolha pessoal legítima do presidente e no normal da vida o Senado deve ratificar o nome dele. Não vejo nenhum tipo de conflito.

BBC News Brasil - Mas ainda que a Constituição não especifique nada sobre isso no Artigo 12, a indicação não fere o princípio da impessoalidade da administração pública e pode ser vista como um gesto controverso nesse momento delicado da democracia brasileira?

Barroso - Não acho. Juscelino [Kubitschek] indicou Victor Nunes Leal. O presidente Fernando Henrique [Cardoso] indicou o ministro Gilmar [Mendes]. O próprio presidente Lula já havia indicado o ministro [José Antonio Dias] Toffoli.

Algum grau de afinidade entre o presidente e a pessoa nomeada, a meu ver, não oferece nenhum problema ético ou risco democrático. O que é importante é que seja uma pessoa íntegra, com competência técnica e que se disponha a servir o Brasil - é muito trabalho.

BBC News Brasil - O sistema de indicação de ministros ao STF no Brasil abre espaço para a politização do Supremo?

Barroso - Não, pelo contrário. Não há um sistema ideal de indicação de ministros do Supremo. Os países adotam modelos diferentes. Na Alemanha são as casas legislativas que indicam e lá funciona bem - mas sempre tem queixas.

Em Israel existe um comitê que faz uma lista prévia que depois é submetida ao Executivo - também há muitas queixas. No Brasil nós adotamos o sistema americano, que é uma indicação pessoal do presidente com aprovação do Senado.

Para o Brasil é o que funciona e tem funcionado melhor, porque você sempre será capaz de reconduzir a responsabilidade do presidente àquela escolha. Esse ônus e essa preocupação fazem com que o presidente tenha critérios republicanos que ele possa defender no espaço público.

Quando a indicação é feita pelo Legislativo, a responsabilidade se dilui um pouco. De modo que eu acho um bom ter um protagonista neste processo que possa ser elogiado ou criticado e que leve isso em conta na sua escolha. Tal como a democracia, não é perfeito, mas é o melhor modelo que se encontrou até agora.

Plenário do STF durante julgamento
CARLOS MOURA/SCO/STF

BBC News Brasil - Outro tema que tem gerado discussão é o dos poderes dos magistrados do STF, em especial do ministro Alexandre de Moraes. Por conta do inquérito das Fake News, várias investigações, pedidos de prisões, suspensão de redes sociais etc., há críticas sobre acúmulo de poder, desrespeito a garantias e ao sistema democrático. Na sua visão, essa concentração dos casos com um único ministro traz riscos?

Barroso - Esse assunto não está na minha agenda [de visita ao Reino Unido por ocasião do fórum]. Mas eu só registraria que o Brasil viveu o momento muito excepcional que desaguou no 8 de janeiro.

E, portanto, situações dramáticas e excepcionais às vezes exigem soluções extraordinárias. Mas eu penso que progressivamente estamos voltando à plena normalidade e aos poucos essas questões vão se esvair no ar.

BBC News Brasil - Sobre o episódio de 8 janeiro, o que é preciso para que isso não se repita?

Barroso - O Brasil viveu nos últimos anos um conjunto de dificuldades que envolveram questões de civilidade com agressões e ofensas. O Brasil viveu riscos institucionais com a volta do fantasma golpista que nós achávamos que já tinha ido embora. E nós vivemos um problema ético com a naturalização da mentira como estratégia de atuação política.

Vamos ter que reconstruir muitas coisas do ponto de vista da civilidade, do ponto de vista institucional e do ponto de vista ético - e é preciso preparar o clima para isso.

Em um país que se polarizou, nós precisamos pensar em uma agenda comum capaz de agregar as pessoas em torno de objetivos mínimos, independentemente das posições.

Uma agenda que eu acho que pode agregar as pessoas no Brasil inclui o combate à pobreza, a volta do crescimento econômico, a prioridade à educação básica, uma agenda ambiental em que o Brasil assuma uma posição de liderança mundial, investimento em ciência e tecnologias e o fim do preconceito que ainda existe no Brasil contra a livre iniciativa e o empreendedorismo.

Nós precisamos de uma reforma tributária urgente, porque esse modelo que nós temos, além de ser o mais complexo do mundo, é concentrador de renda. Nós precisamos também investir na integridade e na elevação da ética pública e privada no Brasil.

Luís Roberto Barroso durante edição de 2022 do evento Brasil Forum UK, em Oxford
BRAZIL FORUM
Luís Roberto Barroso durante edição de 2022 do evento Brasil Forum UK, em Oxford

BBC News Brasil - Há quem aponte e critique a existência de um certo ativismo judicial ou de uma forma de arbitrar adotada pelo senhor que leva a interpretação constitucional um pouco além da literalidade, especialmente em prol de causas mais progressistas. Como o senhor responde a essas críticas?

Barroso - Acho que elas vêm um pouco mais da desinformação do que de uma posição fundamentada. O Supremo absolutamente não é ativista, o que o Supremo tem no contexto brasileiro é um grande protagonismo.

Por qual razão? Porque a judicialização se tornou um fenômeno corrente na vida brasileira, produto de arranjos institucionais que têm os seguintes elementos que eu vou te descrever: uma Constituição extremamente abrangente que cuida de temas que em outras partes do mundo são deixados para a política (...); a grande quantidade de ações diretas que permitem chegar diretamente ao Supremo e de atores institucionais que podem propor essas ações diretas; uma competência criminal que expõe excessivamente o Supremo; e o fato de que julgamos na TV aberta e, portanto, isso traz grande exposição pública.

O ativismo judicial, no sentido técnico e não pejorativo, é uma espécie de criação judicial do direito em que se leva um princípio constitucional para reger uma situação que não foi especificamente tratada pela lei ou pelo legislador. Isso é raríssimo.

Um exemplo: uniões homoafetivas. Realmente foi uma decisão de criação judicial do direito. Mas qual era o problema? Existem as relações homoafetivas e você precisa saber se tem direito a pensão, se tem direito a sucessão, se pode ser dependente no plano de saúde… Os problemas surgiram, mas não havia legislação e era preciso criar uma norma.

O Supremo decidiu tratar igual se trata as uniões estáveis tradicionais e acho que fez muito bem, mas sou suspeito para falar porque fui advogado da causa.

Mas a verdade é que essa é uma das raras exceções em que o Supremo foi ativista. As queixas se baseiam mais em uma retórica do que propriamente em uma crítica procedente.

BBC News Brasil - O que muitos críticos apontam é que essas decisões que envolvem o ativismo judicial acabam sendo mais progressistas…

Barroso - As pessoas às vezes repetem alguns chavões que, na verdade, não correspondem aos fatos. [Se perguntarmos] qual foi a decisão "progressista" do Supremo, não saberiam dizer. (...)

A Constituição brasileira é uma constituição iluminista, no sentido de tratar as pessoas com respeito e consideração sem discriminá-las por um fator que não seja legítimo nem razoável. De modo que se criou a lenda de que o Supremo representa as elites, de que o Supremo dificulta a governabilidade. O Supremo cumpre a Constituição no geral.

Eu nem acho que o Suprema acerte 100%, porque nada que é humano tem 100% de acerto. No enfrentamento da corrupção, por exemplo, eu votei vencido em diversos casos. Acho que o Supremo talvez deveria ter tido um papel mais firme, mas a maioria entendeu diferente e a gente na vida não deve se achar o dono da verdade.

Sede do STF em Brasília
FELLIPE SAMPAIO/SCO/STF

BBC News Brasil - Falando agora sobre a operação Lava Jato. Recentemente a operação passou por alguns reveses, como afastamento de juízes, anulação de processos e desarticulação de forças-tarefas. Na sua opinião, qual a herança deixada pela operação até agora?

Barroso - A compreensão do quadro geral vai exigir um certo distanciamento crítico histórico. Mas em sua face positiva, ela ajudou a revelar um país de corrupção estrutural sistêmica institucionalizada que nós precisamos enfrentar.

Na parte negativa houve erros que, com mais ou menos razão, levaram à nulidade de processos. A situação de alguns dos seus protagonistas terem passado para a política legitimou o discurso, certo ou errado, de que haveria uma motivação política por trás de toda aquela atuação.

BBC News Brasil - Esses erros cometidos abriram às portas para a impunidade?

Barroso - Essa é uma questão que exige uma reflexão mais profunda. A impunidade historicamente é uma característica do sistema punitivo brasileiro em relação à criminalidade do colarinho branco. Portanto, esse é um problema que independentemente da Lava Jato continuamos precisando equacionar.

Bolsonaro ao deixar sua casa após sofrer operação da Polícia Federal
Reuters

BBC News Brasil - Voltando ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o senhor foi vítima de comentários dele e de muitos ataques de apoiadores do bolsonarismo, especialmente durante o período eleitoral. Vimos um episódio em que o senhor respondeu a um manifestante de forma um pouco mais exaltada no ano passado. Queria saber se o senhor acredita que essa é a melhor forma de lidar com os ataques, seja de cidadãos comuns ou até de autoridades, ou se existe uma forma melhor, mais ideal?

Barroso - Eu só respondi ao longo do tempo desses ataques quando envolvia uma questão institucional. Na questão pessoal não fazia muita diferença para mim o que o presidente pensava de mim. Eu verdadeiramente vivo em um plano espiritual diferente.

O episódio do "perdeu, mané, não amola" aconteceu depois de três dias sendo seguido pelas ruas e xingado de todos os nomes que você possa imaginar. Num determinado momento eu perdi um pouquinho a paciência. Foi quase para demonstrar que eu sou humano.

Mas esta frase, no contexto das barbaridades que se gritavam, até que foi bastante polida. Nem faz parte da minha linguagem, é da linguagem deles. Mas eu considero um incidente da vida, assim como tropeçar em uma pedra na calçada. Virou um meme, mas eu não daria muita importância para isso.

Fonte: BBC/CORREIO BRASILIENSE/REPRODUÇÃO - 17/06/2023 23h:15

SP: Bolsonaro volta a espalhar fake news sobre vacinas: "grafeno que acumula nos testículos e ovários"

Jair Bolsonaro e vacina

Jair Bolsonaro e vacina (Foto: REUTERS/Marco Bello | Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)


 247 - Jair Bolsonaro voltou a espalhar desinformação sobre vacina contra a covid-19. Durante evento de filiação do PL na cidade de Jundiaí (SP), Bolsonaro disse ter lido a bula do imunizante e afirmou que a composição incluiria "grafeno" que, segundo ele, se acumularia nos "testículos e ovários", segundo a agência Estado.

As bulas das vacinas Pfizer, Coronavac e Janssen, que são distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), não citam a presença de grafeno na composição. A divulgação de notícias falsas sobre os imunizantes levou Bolsonaro a ser investigado em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2021, durante uma das ondas de contaminação pela doença, o ex-presidente associou a vacinação ao vírus da aids.

A retomada da disseminação de notícias falsas por Bolsonaro ocorre a cinco dias de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir sobre sua inelegibilidade justamente por espalhar mentiras. No caso em que responde por abuso de poder político e dos meios de comunicação no TSE, Bolsonaro é acusado de veicular mentiras sobre o funcionamento das urnas eletrônicas a embaixadores durante a campanha eleitoral do ano passado.

Fonte: Brasil 247 -17/06/2023


RJ: Estado emprega filho de Antônia Fontenelle, mas não consegue provar que ele trabalha


                                 
  foto:reprodução

O conceituado colunista político  Guilherme Amado do site Metrópoles,diz em sua coluna deste sábado(17) que o filho da influenciadora digital bolsonarista Antônia Fontenelle tem um filho empregado na Secretaria de Desenvolvimento Social e de Direitos Humanos do governo do Estado, mas no local em que deveria exercer sua atividade, ninguém o conhece. Samuel Soares de Brito de Brito, tem 27 anos, e recebe mensalmente R$ 5.800, mas os colegas de trabalho não sabe quem é.







Mauro Cid diz que Bolsonaro não confiava no alto comando do Exército

 24.fev.2021 - O então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

24.fev.2021 - O então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens  - Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Confira o teor da mensagem que consta no celular do ex- ajudante de ordens do Presidente, o tenente -coronel Mauro Cida . No relatório da polícia Federal no âmbito das investigações e que foi liberado pelo ministro Alexandre de Morais.
Confira abaixo no site do UOL de hoje(17):

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/06/17/cid-diz-bolsonaro-nao-confiava-alto-comando-exercito.htm

RS: Frei Betto lota teatro em Caxias após ter palestra em escola censurada por bolsonaristas


                                            foto:Crédito:Gilmar Gomes/divulgação


O teólogo e escritor Frei Betto fez do limão uma limonada. Ele ministraria uma palestra no Colégio São José, em Caxias do Sul, mas a atividade foi cancelada pela instituição de ensino após pressão de pais bolsonaristas de estudantes, que fizeram um abaixo-assinado contra o evento utilizando argumentos bizarros.

A palestra teria como tema "As fomes do Brasil e esperanças de futuro", mas na última segunda (12) o colégio enviou um comunicado aos pais dos estudantes informando sobre o cancelamento, sem dar maiores detalhes. 

A decisão da instituição de ensino veio após o abaixo-assinado online subscrito por mais de 2 mil pessoas, a maioria pais de alunos. "Frei Betto (Carlos Alberto Libânio Chisto) é adepto da Teologia da Libertação e é militante de programas pastorais e sociais", dizia um trecho da petição. 

A palestra seria organizada pelo fórum de sindicatos e movimentos populares da região serrana do Rio Grande do Sul e, diante a censura imposta pelo Colégio São José, o evento foi transferido e realizado na última terça-feira (13) no Teatro da Universidade de Caxias do Sul (UCS)


O local ficou totalmente lotado. Todos os 800 assentos disponíveis no teatro foram ocupados pelo público - muito maior que o que era esperado para o evento quando estava marcado para acontecer na escola. 

“Sucesso de público! Fizeram publicidade!”, celebrou Frei Betto ao final da palestra, que contou ainda com venda de todos os livros que levou - cerca de 43 kg em edições. 

“Eram 43 quilos de livros! Não sei exatamente quantos exemplares na carga de 25 obras diferentes que levei. Só sei o peso porque vi quando os despachei na companhia aérea”, explicou o teólogo e escritor. 

Confira detalhes da palestra na reportagem publicada pelo jornal Extra Classe

Fonte: Revista Fórum - 17/06/2023

COP30: Belém deve receber cerca de 50 mil visitantes para a conferência


                                              foto:reprodução

Em evento neste sábado (17), em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar as primeiras medidas relacionadas ao processo de organização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em 2025. O evento será realizado na capital paraense.

A candidatura do Brasil, oficializada em maio, recebeu apoio praticamente unânime dos demais países sul-americanos, uma exigência das Organização da Nações Unidas (ONU) para a escolha, e deve ser oficialmente confirmada no fim do ano, durante a COP28, em Dubai. Apesar disso, o processo de organização já está em curso.

A realização de um evento do porte de uma COP vai exigir um "grande esforço" da cidade-sede e do país. Segundo o secretário de Clima, Energia e Maio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), André Corrêa Lago, são esperadas dezenas de milhares de pessoas em Belém.

“Todas as cidades que convidam para que a COP aconteça têm que fazer um grande esforço para o evento. É um evento que, nos últimos anos, tem uma média de 40 mil a 50 mil pessoas durante duas semanas. É a maior conferência das Nações Unidas”, afirmou a jornalistas durante entrevista coletiva, em Belém. A maior parte dessas presenças são de integrantes das sociedades civis dos países, como entidades, cientistas e movimentos sociais.

Com isso, Belém, assim como outras cidades que já abrigaram o evento, precisa se organizar em termos de infraestrutura, capacidade hoteleira, restaurantes, transporte e aviação.

“Pelo que tenho visto, o governador está consciente disso, o presidente Lula também. Esse evento é uma ocasião muito importante para assegurar que Belém tenha melhorias”, acrescentou o secretário de Meio Ambiente do Itamaraty. Segundo ele, outras cidades ganharam com melhorias em trânsito e em infraestrutura.

Por ser um evento da ONU que pode reunir presencialmente mais de 100 chefes de Estado, há todo um protocolo rígido de segurança, mas também de sala de evento, com diferentes padrões de tamanho de acordo com a importância das autoridades, entre outras regras.

Países Amazônicos

A capital paraense também se prepara para realizar, no dia 8 de agosto, a reunião dos oito países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Participam os presidentes de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Um documento aprovado no encontro será apresentado durante a próxima Assembleia das Nações Unidas, em setembro, em Nova York (EUA).

Segundo o embaixador Corrêa Lago, a ideia deste evento é fortalecer a OTCA, que é uma organização pouco conhecida e ainda pouco atuante no cenário internacional. Ele crê que uma nova dinâmica para esta articulação de países possa “acentuar a possibilidade de a Amazônia ser solução para o mundo” em termos de proteção climática.

Metas mais ambiciosas

Pela primeira vez realizada na Amazônia, a COP Belém, em 2025, será o marco de 10 anos do Acordo de Paris, a principal convenção climática da ONU, assinada em 2015 durante a COP21, na capital francesa. O documento estabeleceu metas para a redução de emissões de gases causadores do aquecimento global. De acordo com Lago, há uma grande expectativa internacional sobre esta futura reunião da ONU no Brasil.

“A COP de Belém vai ser a COP 10 anos depois de Paris. Então, é uma COP que vai ser extremamente importante, porque é uma conferência na qual os países são supostos a adiantar maiores ambições climáticas. Todos os países do mundo têm que apresentar, em Belém, na COP30, em 2025, ambições maiores de combate à mudança do clima”, destacou.

A última atualização da meta do Brasil no Acordo de Paris ocorreu em 2020, com cinco anos da vigência do tratado climático. Na época, o governo determinou que a chamada Contribuição Nacional Determinada (NDC, da sigla em inglês), será a neutralidade nas emissões de gases do efeito estufa até 2060.

Neutralizar a emissão de gases de efeito estufa, segundo o Acordo de Paris, significa mudar a matriz energética para fontes sustentáveis que não dependem de queima de combustíveis fósseis e que façam com que o clima não exceda a média atual em 1.5 grau Celsius (estimativa agressiva) ou 2.0 graus Celsius (estimativa conservadora).

É uma mudança na economia, eliminando combustíveis fósseis e outras fontes de emissões de gás carbônico onde for possível nos setores de transporte, geração de energia e na indústria. Para outras fontes, a cada tonelada de gás carbônico emitida, uma tonelada deve ser compensada com medidas de proteção climática, com o plantio de árvores, por exemplo.

Até então, a Contribuição Nacional Determinada (NDC, da sigla em inglês), ratificada pelo governo brasileiro, em vigor desde 2015, previa que até 2025 as emissões de gases de efeito estufa seriam reduzidas a 37% em relação a 2005, ano em que o país emitiu aproximadamente 2,1 bilhões de toneladas de gás carbônico. Para 2030, a meta seria uma redução de 43%.

Acordo de Paris

Em 2015, o Brasil se juntou a mais de 190 países que integram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima na assinatura do chamado Acordo de Paris. Pelo acordo, que foi resultado de mais de 20 anos de negociação, as nações definiram objetivos de longo prazo para limitar o aquecimento da temperatura global em níveis abaixo de dois graus Celsius, se possível a 1,5 grau, até o final deste século. A partir dos compromissos do Acordo de Paris, o Brasil definiu a sua NDC.

A meta considera os níveis pré-revolução industrial (1750) implementada a partir de 2020. A redução significativa do aquecimento global e o cumprimento dos compromissos do Acordo de Paris ainda estão entre as metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com o qual o Brasil também se comprometeu até 2030.

Fonte:Agência Brasil - 16/06/2023

Bahia: Associação de professores diz que precatórios do Fundef estão disponíveis; Estado nega

 

A Associação Classista da Educação e Esporte da Bahia (ACEB) rebateu as declarações do governador Jerônimo Rodrigues (PT), acerca do pagamento dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) 

A presidente da Associação, Marinalva Nunes, revelou ao Bahia Notícias que os recursos já foram disponibilizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o rateio aos beneficiários pelo governo do estado.

 

Segundo a sindicalista, um print de um depósito bancário no valor de R$ 3.109.493.316,41, feito no dia 30 de maio, justamente a quantia que será distribuída aos professores, seria a prova da disponibilidade dos recursos. 

 

Foto que, segundo Aceb, comprova recurso do Fundef na conta do Governo da Bahia

 

"O governador está desconectado da situação real. O dinheiro está disponibilizado. O governador Jerônimo Rodrigues precisa cumprir o que determina a emenda 114 da Constituição e encaminhar, em caráter de urgência, à Assembleia Legislativa o projeto de lei para regulamentação. A situação dos precatórios não carece de conversar com ninguém. É só cumprir a legislação. No ano passado o entendimento foi o de não pagar o recurso com a correção de juros e mora. Mas que só valeu para o entendimento do ano passado, conforme estabelecido no artigo 2° da Lei Estadual 14.485/22. Foi a forma que o governador Rui Costa encontrou para justificar o bloqueio dos acessórios da dívida e nos diferenciar da compreensão dos demais estados beneficiários", pontua Marinalva.

 

A representante da ACEB  afirmou que o governador estaria "atrasado" em não encaminhar o PL à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) com a correção dos juros e mora para pagamento dos beneficiários. Ela apontou que existe uma lista de todos os beneficiários, publicada na portaria 002/22, conjunta entre SAEB/SEC. Segundo Nunes, essa seria a lista com os nomes de quem receberia pagamento neste ano e em 2024. 

 

"O governador também está desconhecendo um ofício da PGE que fala sobre essa situação dos recursos para a conta específica do Estado e nós não vamos arredar o pé da Assembleia Legislativa da Bahia para pressionarmos os deputados para o cumprimento da legislação", assegura.

 

As declarações da sindicalista chegam depois que o governador afirmou que o pagamento só poderia ser feito após diálogo e autorização com o governo federal e acordo com entidades sindicais.  

 

"Tivemos uma reunião anteontem com o governo federal para ver se eles conseguem pagar a gente esse ano ou então nós teríamos que fazer uma negociação para que o dinheiro fosse pago e naturalmente a gente vai sentar com a APLB para discutirmos o formato de pagamento. O governo federal repassando o recurso que é de direito do Estado, a gente vai arcar com nossa responsabilidade", disse o petista na quarta-feira (14).

 

Em nota enviada ao Bahia Notícias, a Secretaria de Administração do Estado (Saeb) afirmou que os recursos para o pagamento de nova parcela dos precatórios Fundef ainda não estão disponíveis. "O Governo do Estado está aguardando a confirmação da liberação desses recursos para adotar os procedimentos necessários para efetuar os pagamentos".

 

ENTENDA OS VALORES


A cobrança feita pela categoria é referente a segunda das três parcelas dos R$ 8.767.153.945 que a Bahia tem direito do Fundef. A primeira parte, no valor de R$ 3.900.000.000 foi paga em 2022 e corresponde a 40% do valor total. Dessa quantia, 60% o que equivale a R$ 2.340.000.000, foram destinados aos profissionais da educação, e os 40% restantes, para a manutenção de escolas. 

 

As duas parcelas restantes, ambas no valor de R$ 3.109.493.316,41, serão pagas em 2023 e 2024. Em cada ano, a quantia destinada para o rateio entre os professores será de R$ 1.865.695.989,84.


Fonte: BN - 17/06/2023 09h:37

Bolsonaro pediu, diz esposa de Cid sobre caminhoneiros em ato golpista

PF encontra 'roteiro de golpe' em celular de Mauro Cid
redacao@odia.com.br (Estadão Conteúdo) - PF encontra 'roteiro de golpe' em celular de Mauro Cid


A esposa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL-RJ), afirmou que o ex-presidente pediu para que os caminhoneiros participassem de atos golpistas após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial. A fala ocorreu em troca de mensagens por um aplicativo de celular entre Gabriela Cid e Ticiane Villas-Bôas, filha do general, filha do general Eduardo Villas-Bôas.

A conversa ocorreu no dia 2 de novembro do ano passado, três dias após a eleição. As duas demonstraram revolta com a vitória de Lula e passaram a defender manifestações antidemocráticas para evitar que o petista tomasse posse do cargo em janeiro, mantendo Bolsonaro no poder.

No bate-papo, ambas dizem que os apoiadores do ex-presidente tinham que cobrar o impeachment do ministro do Supremo Tribunal FederalAlexandre de Moraes, além de ocorrer novas eleições com voto impresso.

“Estamos diante de um momento tenso onde temos que pressionar o Congresso. Agora”, escreveu Gabriela. “Ou a queda de Moraes”, respondeu Ticiane. “Também acho. Esse homem tem que cair. Ele que está estragando o país. O resto é tudo remediável”, concordou a esposa de Mauro Cid.

A filha de Villas-Bôas segue defendendo a tese de afastar Alexandre de Moraes da Suprema Corte. “Se a gente tirar ele, o STF dá uma recuada [...] Eles vão prender o presidente [Bolsonaro] baseados no inquérito das fake news”, argumentou.

Na sequência, Ticiane declarou que o Exército brasileiro precisava conversar com os líderes dos caminhoneiros para saber “quais tem que ser as reivindicações deles”.

“Estão falando em intervenção federal” contou Gabriela. “Tem que ter impeachment e novas eleições com voto impresso”.

A filha de Villas-Bôas afirmou que era preciso articular com os caminhoneiros. “Sim! Foi o que pediu o presidente [Bolsonaro]. E acho que todos podem tem que vir para Brasília. Invadir Brasília como no dia 7 de setembro e dessa vez o presidente, com toda essa força, agirá”, respondeu a esposa de Mauro Cid.

Por fim, Gabriela perguntou como Ticiane estava montando “o local do cachorro quente”. “Doação de dinheiro ou alimento?”, indagou. “Não sei, Gabi. A Drica está mais por dentro ou as meninas do RCG”, concluiu.

Entenda o caso

Em mensagens encontradas pela PF no celular de Mauro Cid, o ex-ajudante de Bolsonaro foi cobrado por integrantes das Forças Armadas para convencer o ex-presidente a realizar um golpe de Estado, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022. O tenente-coronel está preso desde o dia 3 de maio e se manteve em absoluto silêncio durante depoimento à Polícia Federal.

A maioria das mensagens teve o coronel Jean Lawand Junior, subchefe do Estado-Maior do Exército, como remetente.

Cid respondia as cobranças em poucas palavras. Ele disse "infelizmente" quando Lawand percebeu que não seria possível realizar um golpe.

Além disso, uma espécie de roteiro para a instauração de um golpe de Estado foi encontrado no celular de Mauro Cid. Nele, havia Bolsonaro nomearia um interventor, que estaria no comando da Polícia Federal e poderia suspender atos que ele considerasse inconstitucionais.

Em uma das fases do plano, havia a etapa de afastar os ministros do Tribunal Superior Eleitoral alegando que eles seriam os “responsáveis pela prática de atos com violação de prerrogativa de outros Poderes”, de acordo com o documento.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Economia: Programa de descontos para carros é ampliado para 266 versões; veja lista completa

                                            O Honda City entrou no programa -foto:Divulgação

Lista de montadoras, modelo/versão e valor do desconto no link abaixo:

https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2023/junho/tabela-atualizada-modelos-16-6.xlsx/view#:~:text=Tabela%20atualizada%20modelos%2016%2D6.xlsx%20%E2%80%94%2017%20KB 













Empresas representadas por filho de Lira receberam R$ 34 mi do governo em dois anos, diz site do Metrópoles

                                                   foto:reprodução/redes sociais



Arthur Lira Filho, 23 anos, sonha em ser chef de cozinha. Maria Luiza Cavalcante, 25 anos, vende biquínis, maiôs e correntes banhadas a ouro. Arthur, como o nome sugere, é filho de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. Maria Luiza, ou Malu, é filha de Luciano Cavalcante, faz-tudo de Lira que virou alvo, recentemente, de uma investigação da Polícia Federal sobre desvios milionários no Ministério da Educação.

Embora não tivessem qualquer afinidade com o ramo de publicidade, em 2021 Arthur Filho e Malu abriram juntos, em Brasília, uma empresa para intermediar contratos de publicidade firmados com o governo federal. Àquela altura, os pais de ambos estavam prestigiadíssimos dentro da máquina da gestão Jair Bolsonaro. Lira, aliado do então presidente da República e chefe do Centrão, a porção fisiológica do Congresso à qual o governo havia se rendido, tinha acabado de ser eleito presidente da Câmara. Luciano, principal assessor e homem de confiança dele desde o início da carreira política em Alagoas, circulava desenvolto por alguns dos gabinetes mais importantes da Esplanada dos Ministérios.

Ainda que nem Arthur nem Malu tivessem experiência no mercado, a empresa que eles abriram, batizada de Omnia360º, já começou fazendo sucesso. Lira e Luciano abençoaram pessoalmente o negócio. Os dois estiveram na festa de lançamento da firma, para a qual foram convidadas figuras da área de publicidade do governo que se tornariam chaves para a Omnia360º deslanchar.

Malu e o pai, Luciano Cavalcante, em festa da Omnia360º

A partir dali, estava claríssimo para quem decidia o rumo das verbas federais de comunicação: atender a Omnia significava agradar a Arthur Lira pai. Deu muito certo. E os números atestam o sucesso meteórico. Em 2021, ano de criação da firma (e da chegada de Lira ao comando da Câmara), e em 2022, o último do mandato de Bolsonaro, empresas representadas pela Omnia360º faturaram alto em contratos fechados para veicular propaganda do governo federal.

Planilhas obtidas pela coluna mostram que apenas três dessas empresas receberam nada menos que R$ 34,8 milhões, o que rendeu polpudas comissões para a firma recém-aberta pelos dois jovens.

“Corretores” de publicidade

A Omnia360º funciona como uma espécie de corretora de publicidade. Ela não recebe diretamente dos cofres do governo, mas cumpre a tarefa de atrair verbas para veículos de comunicação interessados em ganhar dinheiro exibindo propaganda oficial. Por isso, fica com uma parcela dos valores que saem das agências contratadas para fazer a publicidade governamental e vão para esses veículos escolhidos, sejam eles rádios, TVs, sites ou empresas que veiculam propaganda em outdoors ou painéis eletrônicos em lugares com grande circulação de pessoas. A comissão para quem faz a intermediação – como é o caso da Omnia – costuma girar em torno de 20%.

A firma de Arthur Filho e Malu Cavalcante representa um punhado desses veículos. Os principais são a Gestão Publicidade e a RZK Digital, especializadas em veicular propaganda em espaços externos, e a OPL, que distribui publicidade na internet.

A Gestão é um caso curioso. A empresa, que gerencia espaços de publicidade em áreas públicas de comunidades carentes, recebeu do governo federal R$ 468 mil em 2020. No ano seguinte, quando a Omnia360º foi criada e passou a representá-la em Brasília, o valor quintuplicou: passou para R$ 2,6 milhões. Em 2022, seguiu alto em comparação com o período anterior à aliança com a firma dos filhos de Arthur Lira e Luciano Cavalcante.

A RZK Digital, por sua vez, nasceu praticamente junto com a Omnia, em 2021. Naquele mesmo ano, faturou R$ 1,7 milhão em verbas federais de propaganda. No ano seguinte, experimentou um salto impressionante: a cifra foi para R$ 9,5 milhões. A OPL é outro exemplo que ilustra bem o quanto a parceria como a Omnia360º impactou positivamente na atração de publicidade oficial. O grupo foi de pouco mais de R$ 1 milhão em 2020 para R$ 10 milhões em 2021 e 8,2 milhões em 2022 – ou seja, depois que a Omnia foi aberta e passou a representá-la, a empresa garantiu nada menos que R$ 18,2 milhões em verbas federais.

Relações públicas

Arthurzinho Lira e Malu Cavalcante funcionam como pontas de lança da empresa na área institucional. Como eles não tinham qualquer experiência no ramo, chamaram para a sociedade a publicitária Ana Magalhães, escolada na área de propaganda governamental – por muitos anos, ela cuidou dos contratos de publicidade do Ministério da Saúde, que se tornou um feudo do PP, o partido de Arthur Lira, durante o governo de Michel Temer (na foto que abre esta reportagem, Malu, Arthurzinho e Ana posam na sede da Omnia).

A Ana cabe a missão de cuidar, na prática, do dia a dia da Omnia. Arthur e Malu são os responsáveis por abrir portas. O filho do presidente da Câmara, por exemplo, tinha por hábito representar a empresa em reuniões com altos funcionários de ministérios e estatais. Entre os órgãos nos quais a Omnia360º conseguiu emplacar seus veículos parceiros estão o próprio Ministério da Saúde, como mostrou nesta sexta-feira o jornal Folha de S.Paulo e o Ministério da Cidadania. A lista inclui ainda empresas públicas como a Caixa Econômica Federal. A existência da sociedade entre o filho de Arthur Lira e a filha de Luciano Cavalcante foi revelada em julho de 2021 pelo site Congresso em Foco. Até agora não se sabia, porém, da extensão nem dos valores dos contratos intermediados por ela.

Considerando apenas os valores recebidos pela OPL, pela RZK e pela Gestão, a empresa que tem Arthurzinho Lira como sócio recebeu a título de comissão algo próximo a R$ 7 milhões, a julgar pelo percentual adotado no mercado para remunerar serviços de intermediação como o da Omnia.

Alvo da polícia


A relação umbilical entre Arthur Lira e Luciano Cavalcante, os pais de Arthurzinho e Malu, ganhou mais notoriedade a partir da Operação Hefesto, deflagrada pela Polícia Federal no início de junho para apurar suspeitas de desvios de recursos destinados pelo Ministério da Educação para a compra de kits de robótica.

Ao longo da apuração, os policiais chegaram a um casal ligado ao esquema que fazia entregas de dinheiro vivo em Brasília e em Alagoas. Entre os endereços visitados pelo casal, como mostrou o Metrópolesestá uma sala comercial ocupada na capital alagoana que era ocupada por Luciano Cavalcante, pai de Malu e faz-tudo do pai de Arthurzinho Lira.

FONTE: RODRIGO RANGEL/METROPOLES/REPRODUÇÃO 16/06/2023 23h:10