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sábado, 11 de fevereiro de 2023

Flórida: Em igreja evangélica, Bolsonaro volta a questionar o resultado das urnas; Vídeo


                                           foto:reprodução/redes sociais

Nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a levantar dúvidas sobre o resultados das eleições brasileiras. Em um discurso para evangélicos neste sábado (11/2), ele fez uma fala questionando o motivo de receber apoio “em qualquer lugar do mundo”, mas ter perdido a disputa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“É uma satisfação muito grande a forma com que vocês me trataram em qualquer lugar desse mundo. Isso não tem preço. Ainda mais para quem, pelo menos diante do TSE, não conseguiu ser reeleito”, afirmou Bolsonaro.

O discurso foi feito durante palestra em uma igreja evangélica no estado da Flórida, nos Estados Unidos. Mesmo criticando o processo eleitoral brasileiro, ele ainda disse que tem uma “missão” que ainda não acabou, fazendo referência a uma possível nova disputa política no futuro.

“Não interessa o que vier a acontecer comigo aqui ou no Brasil. E da forma como, porventura, algo acontecer”, levantou. O site do evento descreve a palestra como um “grande encontro da comunidade brasileira do Sul da Flórida” com a presença de Jair Bolsonaro.

O encontro foi realizado em uma unidade da Church Of All Nations (Igreja de Todas as Nações, em tradução livre), é organizado pelo grupo Yes Brazil, que se diz formado por cristãos de direita.

O ex-presidente está no exterior desde o fim de dezembro, véspera da posse de Lula. Ele utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar a Orlando.

Bolsonaro entrou no país como portador de visto diplomático. De acordo com as regras dos EUA, o documento expirou em 31 de janeiro, um mês após Bolsonaro deixar a Presidência da República.

Próximo ao término do prazo, Bolsonaro solicitou ao governo dos Estados Unidos um novo visto de visitante para permanecer no país. Se aceito, o ex-mandatário poderá permanecer nos EUA por mais seis meses. A informação é do jornal Financial Times.

Fonte:Metropoles - 11/02/2023

Irecê: UNEB oferta 21 vagas no SiSu 2023

                                     Entrada do prédio principal da UNEB -Irecê -foto: Hilma Souza

O  MEC  já liberou a consulta dos cursos, instituições, cidades e quantitativo de vagas para o SiSU 2023. As inscrições ocorrerão de 16 a 24/02/2023 e o resultado sai no dia 28/02/2023.

Para a cidade de Irecê, 475 km da capital baiana,são ofertadas pela UNEB -Universidade do Estado da Bahia - Campus XVI, são 21 vagas distribuídas entre os cursos de Administração: 7 no período noturno, Pedagogia: 7 no turno noturno e  Licenciatura em Letras: 7 no turno vespertino.  

Outra instituição pública que ofertas vagas na cidade é o  IFBA -Instituto Federal da Bahia, são ofertadas 60 vagas distribuídas entre o cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Manutenção Industrial, com 30  vagas para cada no turno vespertino.

Confira no link abaixo e consulte o curso que deseja:

https://sisu.mec.gov.br/#/vagas

Salvador: Como o trio de BaianaSystem se tornou um fenômeno do Carnaval

 

(Foto: Arisson Marinho)

“No Forró, Gonzaga. Carnaval, Navio Pirata”. Já diz a canção que - não humildemente, mas corretamente, diga-se de passagem - aponta o marco que se tornou o grupo BaianaSystem (BS) no Carnaval de Salvador, com o Navio Pirata sendo um dos trios mais aguardados da folia, principalmente, a partir de 2019.

Sem cordas - porque divisões como essa não cabem na filosofia do grupo - o trio menor do que os tradicionais movimenta as ruas de Salvador no Furdunço (domingo que antecede o Carnaval) e em mais um dia de festa oficial. Não mais que isso. O que já é mais do que suficiente para fazer seu nome na avenida, arrastar uma multidão e carimbar para sempre memórias afetivas em quem participou.

Para entender o que faz com que uma narrativa estética tão peculiar, uma comunicação discreta, um ritmo indefinido e um empurra-empurra que só os fortes aguentam gerem uma reação positiva de tamanha proporção, o Alô Alô Bahia conversou com fãs e com um dos integrantes da banda.

 

O que é BaianaSystem?

O grupo baiano surgiu em 2009, com a promessa de mostrar novas possibilidades sonoras. O nome já diz tudo: é a junção de “guitarra baiana” com “sound system”, sistemas de som criados e popularizados na Jamaica.

O estudante Tiago Paiva, de 26 anos, descreve BS como uma mistura. “Rock, hardcore, rap, samba-reggae, música eletrônica, reggae…são diversos estilos musicais que amo. E é um paralelo extremamente interessante com nossa existência, nossa cultura, dotada de sincretismos”, diz.

Para a analista técnica Luiza Rocha, de 25 anos, BS representa uma estética fiel da música baiana. “A mágica está no caráter alternativo, desde a sua concepção. Isso é a cara do Carnaval. E, claro, hoje em dia é impossível ouvir uma guitarra baiana e não lembrar de BaianaSystem”, diz a fã.

Baiana já se apresentou em importantes festivais, como Rock in Rio e Lollapalooza, e também possui carreira internacional, fazendo turnês pela Europa, Estados Unidos, Japão e China. Já são duas músicas usadas como trilha de abertura de novela da TV Globo: “Sulamericano”, em “Um Lugar ao Sol”, e uma versão de “Segundo Sol”, na novela de mesmo nome.

Os integrantes, sob o comando do vocalista, Russo Passapusso, já dividiram o palco com artistas de longa data, como Elza Soares, Pitty, Margareth Menezes, Luiz Caldas, Vanessa da Mata e Gilberto Gil.

O ritmo é quase impossível de ser definido. Com a imprensa, o grupo é discreto. No site e nas redes sociais, a narrativa estética é carregada de significados implícitos que chamam a atenção. Não há muitas fotos dos integrantes. “BaianaSystem é o público”, dizem eles. Nas letras das músicas e nas apresentações, porém, a narrativa é bastante direta e definida.

 

BaianaSystem narra a história da Salvador de verdade, fazendo questão de permear as letras das músicas com locais e características da cidade e do povo que nela vive. Mas tudo longe do romantismo cantado por Caymmi; BS coloca em cena desigualdades e conflitos. Na música “Lucro: Descomprimido”, o grupo critica a especulação imobiliária na capital baiana, por exemplo. Nas apresentações ao vivo, homenagens e críticas não passam despercebidas. E nada mais político do que o Carnaval de Salvador, com seus espaços de afetos, tensões e resistências.

No Carnaval de 2017, Russo gritou do alto do Navio Pirata: “Golpistas, fascistas, racistas! Não passarão!”. Em 2019, o cantor fez uma homenagem a Mestre Môa do Katendê e à Marielle Franco. O público não ouve calado, reforçando as mensagens em um uníssono potente.

“Não se trata de política partidária ou eleitoreira, mas de todos os comportamentos políticos que estão presentes em quase tudo. O posicionamento fica claro em cada artista de uma maneira diferente e nós temos a nossa. Nosso posicionamento tem a ver com nossa relação com o público e com o que se transmite nas letras. A política é parte disso tudo e não tem como ser diferente”, coloca Roberto Barreto, guitarrista da banda.

 

O que é a pipoca de BaianaSystem?

O analista de sistemas Caio Leal, de 29 anos, acompanha BS desde 2012. “Colocaram ‘Terapia’ para tocar e eu me apaixonei pelo som”, diz. Ele descreve, não por mera coincidência, a sensação de escutar as músicas de BaianaSystem como uma “terapia sonora”. Mas a cereja do bolo mesmo está nas apresentações ao vivo. “É a energia do show, o companheirismo nas rodinhas, o feeling de Russo ao guiar. Mas o mais importante: a sensação de alma lavada e renovada depois que o show acaba”, explica Caio.

Descrever a pipoca de BaianaSystem é missão quase impossível porque só quem vive é capaz de entender completamente, mas é possível tentar. Pode-se dizer que 2009 foi o ano emblemático  do recuo das cordas no Carnaval soteropolitano. Baiana começou no Carnaval em 2010, mas ainda como grupo desconhecido pela maior parte do público.

Foi com projetos de ocupação do Pelourinho e com a criação do Furdunço, em 2014, que a história da pipoca de BS ganhou seu destaque, sendo apelidada de Carnaval do Futuro pela Prefeitura de Salvador. Não estavam errados.

Tiago Paiva esteve presente lá no começo, nas apresentações no Pelourinho e, de lá para cá, já acompanhou mais de 30 shows. Bate ponto nos trios sem cordas de BaianaSystem desde 2013. “A pipoca de BS é viva, nada padrão e totalmente orgânica. Nunca a pipoca de um ano é igual a de outro, mas sempre com um poder enorme de magnetizar quem está em volta”, diz.

O público não tem cara. Do vendedor ambulante que guarda seu espaço na avenida ao grande empresário. Do preto ao branco. Dos “de quebrada” aos playboys e patricinhas. Entre críticas e apoios, Baiana cresceu e se tornou de todos, se tornou do mundo.

Do alto do Navio Pirata, os tripulantes traduzem em um estilo próprio os sons das ruas de Salvador e se conectam com quem vai lá embaixo de uma forma que nenhum outro grupo faz. Está formada uma catarse coletiva, um efeito alucinógeno por si só, sem que nenhuma substância ilícita precise estar envolvida.

“O navio é mais um dos nossos símbolos. Temos aquele mar de gente que nos acompanha e, de alguma forma, Baiana surge na contramão do mecanismo do axé music vigente e da hegemonia dos blocos e camarotes. Não estávamos na grande mídia, nas TVs. E sempre destacamos a diáspora, valorizando a cultura afro presente naquele meio. Então era como um navio de pirataria”, explica Roberto Barreto.

O que é que Baiana tem?

A jornalista Marcela Villar, de 25 anos, é soteropolitana, mas está morando em São Paulo e vem para o Carnaval daqui só para acompanhar o trio de Baiana. Ela chega no dia 19 - segundo e último dia da pipoca de BS - e só vai deixar as malas em casa e correr para a avenida.

 

“Eu fui para um show de Baiana em São Paulo. Foi maravilhoso, mas não foi a mesma coisa de um show em Salvador. Porque não é só a banda, é a banda e o público. É essa a mágica de Baiana e do Carnaval: a mistura da banda com o público e com a proposta da pipoca. São as pessoas que sabem todas as letras, os fãs de verdade, que não param de pular nem por um segundo, que gostam do calor humano do aperto e que abrem roda e se jogam”, diz.

 

E com Marcela não tem perrengue na avenida que a faça perder o sorriso na pipoca de Baiana. “Na de 2017, eu simplesmente perdi o pé direito do meu tênis. Uma amiga minha tinha perdido um elástico de cabelo e a galera abriu uma roda para ela procurar até achar. Mas eu não conseguia parar de rir para explicar para as pessoas o que tinha acontecido. Deixei para lá e pulei a pipoca com um pé só de meia. No meio do caminho ainda achei um pé de sandália; era do esquerdo, mas botei no direito e continuei pulando e rindo”, conta.

 

O nome pipoca vem do folião que pula atrás do trio. Mas Baiana vai além. São tantas pessoas reunidas disputando espaço perto do Navio Pirata que há momentos em que os pés param de tocar o chão e é possível flutuar sendo movido apenas pela empolgação da multidão. E mesmo que haja espaço, os pés não ficam no chão durante muito tempo nem que se queira. BaianaSystem é de fazer pular sem parar por um segundo do início ao fim do circuito.

As tradicionais rodas de bate-cabeça são de assustar quem vê de cima ou não conhece Baiana. Não precisa comando, não precisa tanta organização. De repente, quando a música dá o tom, vários espaços vazios são formados e só assim para que se consiga ver um pedaço de chão na avenida. A música dá o tom novamente e em poucos segundos o chão some mais uma vez. Não é roda de briga. É roda de extravasar a felicidade coletivamente com respeito. E os sorrisos vão de orelha à orelha.

É aperto, é empurra-empurra. Mas os fãs garantem que “é só amor”, como diz uma das canções. E não se iluda porque, no geral, é mesmo. A solidariedade entre os pipoqueiros de Baiana é de impressionar. Abre-se espaço até para quem vai amarrar o tênis. Em um dos carnavais, uma criança se perdeu dos pais e, de repente, havia uma multidão de foliões gritando “Mateus está aqui! Ô mamãe, ô papai”.

Em 2020, a passagem no Furdunço ficou marcada pelo espaço dado a pessoas com dificuldade de locomoção. A foto em que o diretor de cinema Matheus Rocha, de 25 anos, aparece em sua cadeira de rodas suspensa pelos foliões viralizou nas redes sociais e nos sites de notícias. Memórias que quem viveu jamais irá descartar.

“Durante a pipoca, o que mais me toca é como a música rege os momentos de euforia, de pular, e de fazer as rodas, mas também os momentos de respiro, de calmaria, dos ijexás e isso me encanta demais. Ir de cadeira de rodas a diversos e variados shows, como eu já fui, é quase uma pesquisa antropológica. Na prática, nunca fui tão respeitado quanto sou atrás do Navio Pirata”, compartilha Matheus Rocha.

Para a pipoca de 2023, o guitarrista Roberto Barreto afirma que o Navio Pirata receberá convidados especiais, mas sem ainda revelar os nomes. “Sempre respeitamos a lei natural dos encontros. Dificilmente fazemos algo muito programado”, diz. “Mas a nossa expectativa é grande em cima de tudo o que o Carnaval representa, são três anos sem isso. Estamos ansiosos para colocar o Navio Pirata na avenida de novo e ter esse contato especial com o público”, finaliza.

Matheus não perde por esperar o próximo domingo: “A expectativa é que o ritual deste ano não seja só de levitar de alegria, mas que seja o reinício de tudo. Que seja, depois de anos pandêmicos e sombrios, a abertura de caminhos para diversas coisas boas que hão de vir para nossa cultura”.

 

Fonte: CORREIO DA BAHIA – 11/02/2023

Dívida de igrejas com a União dobrou durante governo Bolsonaro


                                            Santiago RR Soares, defensores ardorosos de Bolsonaro -Foto:reprodução

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a dívida das igrejas com a União dobrou. Dos atuais R$ 2,15 bilhões de débitos tributários, mais da metade (R$ 1,13 bilhão) foi inscrita na dívida ativa da União entre os anos de 2019 e 2022. Os dados da Receita Federal consideram as dívidas previdenciárias e outras contribuições, como impostos sobre qualquer importação, IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em caso de compra de veículos e todas as taxas, exceto aquelas sobre patrimônio e renda, acumuladas a partir de 1983. As informações foram obtidas pela Agência Pública por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

O maior devedor é o Instituto Geral de Assistência Social Evangélica (Igase), que acumula débito de R$ 555 milhões. Entre as maiores devedoras também estão grandes congregações lideradas por aliados próximos de Bolsonaro, como a Igreja Evangélica Mundial do Poder de Deus e a Internacional da Graça de Deus, que pertence ao missionário R. R Soares (Romildo Ribeiro Soares). Elas acumulam dívidas de R$ 136,5 milhões e R$ 30,8 milhões, respectivamente. Ambas mantêm canais de televisão e empresas de mídia.

A Igreja Evangélica Mundial do Poder de Deus foi fundada pelo apóstolo Valdemiro Santiago. Durante a campanha, em outubro deste ano, Bolsonaro visitou o megatemplo da denominação, no bairro do Brás, em São Paulo, que tem capacidade para receber 150 mil pessoas e é considerado um dos cinco maiores templos do mundo, segundo site da instituição. Em maio passado, a justiça de São Paulo havia determinado a penhora de 25% do faturamento do dízimo da igreja para cobrir despesas de aluguéis atrasados desse templo, conhecido como Cidade Mundial dos Sonhos de Deus. Em outubro, outra decisão da Justiça paulista determinou a penhora dos dízimos e dos bens localizados na sede da igreja para quitação de uma dívida de R$ 109 mil, também em aluguéis atrasados. 

De acordo com levantamento do portal Uol , a Igreja Mundial do Poder de Deus foi condenada pelo menos 15 vezes pela Justiça de São Paulo, entre maio e junho deste ano, por dívidas com proprietários de imóveis. O próprio apóstolo Valdemiro Santiago também foi réu em um processo por falta de pagamento de aluguel de um templo e teve seu sigilo bancário quebrado para investigar se valores pagos em dízimo pelos fiéis foram ocultados de sua conta. 

Em abril, o apóstolo Valdemiro sugeriu que os fiéis contribuíssem com uma doação voluntária, de pelo menos R$ 100, para ajudar a quitar pendências com funcionários. Apenas no caso da TV Mundial, emissora que pertence à igreja, os funcionários chegaram a fazer paralisações em 2021, alegando atrasos recorrentes no pagamento de salários.

A Convenção da Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Paraná e Sudoeste de Santa Catarina (CIADESCP), que atua na implantação e apoio das igrejas da denominação na região, está entre as cinco maiores devedoras na lista da Receita Federal, com dívida de R$ 48,9 milhões. A própria sede nacional da Assembleia de Deus também aparece nos dados da Receita Federal com uma dívida de R$10,3 milhões.

Outras convenções da Assembleia de Deus – maior denominação evangélica do país – também estão entre as devedoras. Na lista da Receita, a convenção de São Paulo tem R$ 15,8 milhões em dívidas e o Ministério de Madureira, que pertence ao bispo Manoel Ferreira, presidente Vitalício da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil e político filiado ao Partido Social Cristão (PSC), R$ 15,5 milhões. 

Um levantamento anterior realizado pela Pública, também por meio da Lei de Acesso à Informação, apurou que, no ano de 2018, a arrecadação total vinda de entidades religiosas registradas na Receita foi de R$ 701 milhões. O valor representava um crescimento de 15,9% se comparado ao registro do ano anterior, de R$ 605 milhões. 


Fonte: AGÊNCIA PÚBLICA/REPRODUÇÃO EM 11/02/2023 - 

No Governo Bolsonaro: Defesa apoiava indústria que pretendia tornar a Bahia um “case” no uso da cloroquina, diz reportagem

                                            imagem:reprodução/google

Defesa apoiava indústria que pretendia tornar a Bahia um “case” no uso da cloroquina

As reuniões do CCOP (Centro de Coordenação das Operações do Comitê de Crise da Covid-19) realizadas de março de 2020 a setembro de 2021 foram coordenadas de início pelo ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, que logo atribuiu a tarefa ao seu braço direito na pasta, o tenente-coronel reformado do Exército Heitor Freire de Abreu, formado pela Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), então subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil. Depois que Braga Netto deixou a Casa Civil e se tornou ministro da Defesa, em março de 2021, o tenente-coronel foi nomeado assessor especial do ministro. De lá seguiu, em 2022, para uma assessoria na Presidência da República.

Justamente um dos pontos que permaneceram em aberto ao longo de toda a CPI da Covid foi saber de quem partiu a ordem para que o Exército aumentasse a produção de cloroquina por meio do seu Laboratório Químico Farmacêutico (LQFEx). Mais de 3,2 milhões de comprimidos foram produzidos em 2020 – contra zero, no ano anterior. Por ofício, a Defesa limitou-se a dizer à CPI que a solicitação que fez ao Exército atendeu a uma “orientação e demanda” do Ministério da Saúde. As atas do CCOP, contudo, demonstram que a Defesa foi bastante proativa no tema da cloroquina revelando-se, no mínimo, coautora da decisão da produção do medicamento.

Ministério da Defesa

Exército produziu por meio do seu laboratório mais de 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina em 2020

Nas atas, o empenho da Defesa pela cloroquina começa a ser registrado no segundo mês da pandemia. Em 4 de maio de 2020, quando o Brasil já contava 7,3 mil mortos pela doença, o representante do Ministério da Defesa, cujo nome não constou da ata, informou solenemente ao conjunto dos outros ministérios: “Acordaram, juntamente com o MS [Ministério da Saúde], a produção de Cloroquina em laboratório”.

O ministro da Defesa naquele dia era o general Fernando Azevedo, que deixaria o cargo em março de 2021 em meio a uma crise militar. Naquele segundo trimestre de 2020, contudo, a pasta de Azevedo informou a todos os outros órgãos que estava empenhada na fabricação do medicamento ineficaz. O ministro da Saúde era Nelson Teich. Onze dias depois, ele seria substituído pelo general do Exército Eduardo Pazuello.

Poucos dias antes do “acordo” anunciado pela Defesa com a Saúde, em 20 e 28 de abril, Bolsonaro havia desqualificado publicamente as críticas da população e da imprensa sobre o papel do governo na pandemia. “Eu não sou coveiro”, disse no dia 20. Praticamente desde o início da pandemia, o então presidente falava da cloroquina como uma solução para a pandemia. Uma suposta medicação para o tratamento da Covid-19, inexistente segundo todos os cientistas sérios do país e do mundo, poderia acelerar o retorno dos brasileiros ao trabalho.

Em 26 de março, por exemplo, ele disse que a cloroquina, “medicada corretamente, não tem efeito colateral”. Em 21 de março, em sua conta na rede social Twitter, Bolsonaro divulgou que ele próprio e a Defesa decidiram ampliar a produção da cloroquina.

Tornar a Bahia um “case” no uso da cloroquina

Segundo as atas do CCOP da Casa Civil, os militares da Defesa – e os civis do Itamaraty e da Saúde – encamparam a decisão de Bolsonaro.

Em 17 de junho de 2020, um mês depois do anúncio do “acordo” com a Saúde, o representante da Defesa informou na reunião do CCOP que “oxímeros [sic, oxímetros] e eletrocardiogramas são importantes para receitar a cloroquina, estão monitorando essa questão juntamente com o MS [Ministério da Saúde]”. A menção a eletrocardiograma se explica porque, entre os efeitos adversos da cloroquina citados por médicos, estavam os problemas cardíacos. No mês seguinte, a imprensa informou que o próprio Bolsonaro fazia dois exames cardíacos por dia para monitorar possíveis efeitos adversos da hidroxicloroquina.

Dois dias depois, em 19 de junho de 2020, o Ministério da Saúde anunciou ao CCOP que publicara uma “orientação também sobre o uso da cloroquina”.

Àquela altura, inúmeras organizações e especialistas já haviam advertido várias vezes sobre os riscos e a ineficácia do uso da cloroquina no tratamento da Covid-19. Em meados de junho, a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou a suspensão dos testes com cloroquina. 

As atas do CCOP demonstram que a palavra dos cientistas nada importava para os militares da Defesa. Em 3 de julho de 2020, o representante da Defesa informou que no dia anterior havia se reunido com “representante do MS [Saúde], Sindfarma e fabricantes de medicamentos para tratar de fármacos para atendimento precoce envolvendo entre outros fármacos, os antibióticos, a cloroquina e a azitromicina”. Há no país alguns sindicatos de empresários da indústria farmacêutica chamados de “Sindifarma” ou “Sindfarma” – a ata não deixa claro a qual organização se referia.

O engajamento da Defesa com o remédio ineficaz era total. Em 1º de julho, o representante do ministério informou às outras pastas que “a Apsen Farmacêutica S.A. fará a doação de cloroquina para que a Bahia seja um case [exemplo] que possa ser reconhecido em todo o Brasil no tratamento da Covid-19”. A empresa apoiada pela Defesa era uma das principais fabricantes da hidroxicloroquina no Brasil.

No ano seguinte, ela informou à CPI da Covid que vendera 58,8 milhões de comprimidos do remédio em 2020. Na época, ela recorreu ao governo Bolsonaro para conseguir importar os insumos necessários, chamados de IFA, para a produção do medicamento.

Depois dessas várias manifestações em favor da cloroquina, a partir de julho de 2020 o representante da Defesa não volta mais ao assunto, ou pelo menos suas palavras sobre cloroquina não aparecem mais nas atas do CCOP.

Até a entrada do MD na defesa da cloroquina, em 4 de maio de 2020, o medicamento era defendido arduamente por diplomatas do MRE (Ministério das Relações Exteriores) e pela própria Casa Civil. Em 13 de abril, por exemplo, o braço direito de Braga Netto e coordenador das reuniões do CCOP, o militar Freire de Abreu, indagou ao representante da Saúde “se tem previsão da liberação de insumos da cloroquina da Índia”. Os insumos eram necessários para fabricação dos comprimidos no Brasil.

O representante da Saúde “relatou que não tem essa informação, mas vai levantar e repassar ao Heitor”. O representante do MRE apressou-se em explicar que “pela Farmabrasil [associação de farmacêuticas] chegaram ontem 500 quilos de IFA [insumos]” e que “a Índia está ofertando comprimidos acabados (prontos), porém essa decisão cabe ao MS, o qual já foi informado sobre essa oferta”.

O MRE estava empenhado desde o começo da pandemia na obtenção de produtos da Índia no tema da cloroquina. Em 1º de abril, o representante do MRE informou ao CCOP que “estão em tratativas com a Índia, para a aquisição de insumos (hidroxicloroquina) para empresas brasileiras pontuais, para que possam fabricar aqui”. Uma das que reclamava da “retenção” de produtos da Índia era a Farmabrasil, associação que reúne as principais empresas da indústria farmacêutica brasileira.

Em 2 de abril, o representante do MRE informou que o ministério “está atuando na liberação de carga de 530 quilos de cloroquina na cidade de Nova Délhi/Índia”. No dia seguinte, o MRE reiterou ao CCOP: “Sobre a importação de cloroquina, o governo da Índia diz que quer colaborar, mas fato é, que ainda não tem data certa para essa importação”.  


FONTE: AGÊNCIA PÚBLICA/REPRODUÇÃO EM 11/02/2025 16h:15  - SÉRIE ESPECIAL/REPORTAGEM ESPECIAL: CAIXA PRETA DO BOLSONARO

Do Blog do Noblat: Deu a louca nos governadores de Minas Gerais e de São Paulo

Os governadores eleitos Romeu Zema, de Minas Gerais, e Tarcísio de Freitas, de São Paulo falam em vídeo - MetrópolesReprodução

Adélia Prado, 87 anos de idade, a mais famosa e premiada poetisa mineira viva, filósofa, romancista e contista, jamais imaginou que um dia entraria nos trends topics do Twitter, não por seus reconhecidos méritos literários, mas graças ao governador reeleito do seu Estado, o simplório Romeu Zema (Novo).

Em entrevista ao podcast Pauta Quente, em Divinópolis (MG), onde vive Adélia, autora, entre outras obras, de “Cacos para um vitral” (1980) e “A faca no peito” (1988), Zema recebeu do apresentador Flaviano Cunha uma coletânea de 150 poemas de Adélia.

                                       "ela trabalha aqui"?  perguntou Zema foto:reprodução
Ao agradecer o presente, Zema perguntou a Cunha se Adélia não era uma mulher que trabalhava em uma rádio da cidade. Ele simplesmente não sabia de quem se tratava. Zema quer ser o candidato da chamada direita civilizada à sucessão de Lula.

Outro que também quer ser, mas que nega, é o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Eleito sem nunca ter morado no Estado que ora governa, sem sequer saber a certa altura onde votaria no dia das eleições, ele pisou feio na bola.

Tarcísio vetou um projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo que previa validade indeterminada a laudos médicos que atestem o transtorno do espectro autista. E na justificativa do veto, escreveu:

“[O autismo] diagnosticado precocemente até os cinco anos e onze meses de idade é mutável, podendo mudar tanto de gravidade como até mesmo deixar de existir”.

O autismo não tem cura. É definitivo.

Tarcísio soltou uma nota oficial onde afirma:

“Erramos. É importante esclarecer que o entendimento do Governo de São Paulo é que o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é permanente e, portanto, os direitos serão definitivos. Falhamos ao deixar passar uma redação que não deixasse clara essa postura”.

Não foi erro de redação, dele e dos seus assessores. Foi ignorância.

Segue de brinde para Zema um dos mais belos poemas de Adélia Prado, “As Mortes Sucessivas”, retirado de “Bagagem”, seu livro de estreia publicado em 1976:

“Quando minha irmã morreu eu chorei muito

e me consolei depressa. Tinha um vestido novo

e moitas no quintal onde eu ia existir.

Quando minha mãe morreu, me consolei mais lento.

Tinha uma perturbação recém-achada:

meus seios conformavam dois montículos

e eu fiquei muito nua,

cruzando os braços sobre eles é que eu chorava.

Quando meu pai morreu, nunca mais me consolei.

Busquei retratos antigos, procurei conhecidos,

parentes, que me lembrassem sua fala,

seu modo de apertar os lábios e ter certeza.

Reproduzi o encolhido do seu corpo

em seu último sono e repeti as palavras

que ele disse quando toquei seus pés:

´deixa, tá bom assim´.

Quem me consolará desta lembrança?

Meus seios se cumpriram

e as moitas onde existo

são pura sarça ardente de memória.”

Fonte:Blog do Noblat/Metropoles 11/02/2023

Mundo: Macron acena para Lula com plano de paz na Ucrânia; Brasil recebe Lavrov

 Presidentes Lula e Biden fazem reunião na Casa Branca, junto a outros representantes de governo - Divulgação/Ricardo Stuckert/Planalto


Presidentes Lula e Biden fazem reunião na Casa Branca, junto a outros representantes de governoImagem: Divulgação/Ricardo Stuckert/Planalto
CONFIRA A REPORTAGEM COMPLETA NO LINK ABAIXO DO SITE UOL DE HOJE(11) NA COLUNA DE JAMIL CHADE, COLUNISTA INTERNACIONAL
https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2023/02/11/depois-de-biden-lula-recebera-ministro-de-putin-e-debate-guerra-com-xi.htm?cmpid=copiaecola

Michelle Bolsonaro: relatos apontam que moedas do Alvorada chegaram a ONG religiosa apenas nesta semana


                                          Na convenção do PL no Rio  em 2022 -foto:reprodução/facebook


Diferentemente do que disse a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, as moedas jogadas por turistas no espelho d’água que fica na entrada do Alvorada não chegaram a uma casa de acolhimento de Brasília no dia 8 de janeiro. Obtidos pela reportagem do Metrópoles, relatos de pessoas de dentro da Vila do Pequenino Jesus apontam que as moedas chegaram na última terça-feira (7/2), mesma data em que o gestor do local gravou vídeo de agradecimento a Michelle.

“Eu vi um carro chegando com as moedas, ele [coordenador da Vila] tirou, colocou na mesa, gravou e depois guardou”, contou uma pessoa, que garantiu ter visto toda essa movimentação na última terça-feira, 7 de fevereiro, um dia antes de a ex-primeira-dama publicar em suas redes sociais um recibo da instituição datado em 8 de janeiro. Além do recibo, Michelle publicou um vídeo em que o coordenador-geral da Vila, Jorge Eduardo Deister, agradece a doação.

A entrega das moedas e a gravação do vídeo teriam ocorrido, então, depois de reportagem da coluna de Rodrigo Rangel, do Metrópoles, ter mostrado que, nos últimos dias de 2022, as moedas foram carregadas pelo então “síndico” do palácio, pastor Francisco Castello Branco, supostamente com a autorização de Michelle.

Quando o Metrópoles chegou à Vila do Pequenino Jesus, na última quinta (9/2), para conversar com Jorge Eduardo, conhecido como Jorginho, duas jovens aprendizes estavam segurando um saco com 100 reais em moedas e colocando o dinheiro em pequenos saquinhos. A quantia seria dada aos funcionários do local para eles pagarem passagens de ônibus.

uestionado, Jorge negou que as doações tenham chegado na terça-feira e que o vídeo tenha sido feito no mesmo dia. “Ficar trocando história daqui, dali, não vai dar em nada”, pontuou. Ele afirmou que o vídeo de agradecimento, publicado por Michelle, foi gravado na semana passada, depois que finalizaram a contagem do dinheiro, mas disse não se lembrar do dia exato. Após insistência, falou que foi na quinta ou na sexta-feira.

A reportagem pediu que Jorge enviasse uma captura de tela mostrando a data exata em que o vídeo foi gravado. Inicialmente, ele afirmou que iria “puxar a data” e enviar. Horas depois, disse que não tinha mais nada a declarar.

Na semana passada, a coluna de Rodrigo Rangel mostrou que, pouco antes de a família Bolsonaro deixar o Alvorada, funcionários receberam ordem para esvaziar o fosso e juntar as moedas. Relatos obtidos pela coluna apontam que o pastor Francisco, então síndico do Alvorada, afirmou que doaria o montante a uma igreja. Um colaborador palaciano chegou a revelar, na condição de anonimato, que a ação matou as carpas que ficavam no espelho d’água.

Na última quarta-feira (8/2), a ex-primeira-dama publicou em seu Instagram recibo de R$ 2.213,55, do dia 8 de janeiro deste ano, emitido pela Vila do Pequenino Jesus, referente a uma “doação em moedas”.

Michelle justificou que antes de deixar o palácio, no dia 30 de dezembro, manifestou “o desejo” de que quando fosse realizada a limpeza do espelho d’água as moedas recolhidas fossem doadas “a uma instituição de caridade que cuida de mais de oitenta ‘especiais’”.

“Sempre que ocorre o escoamento e a limpeza do espelho d’água, os peixes são transferidos para um reservatório lateral. Segundo o relato de um servidor que participou da limpeza, a operação teve início no dia 2 de janeiro de 2023 (portanto, após a nossa saída do Palácio) e teria durado, pelo menos, até o dia 7/1/2023”, alegou a ex-primeira-dama.

As informações foram negadas pelo Palácio do Planalto. A Secretaria de Comunicação afirmou que a limpeza do espelho d’água foi iniciada ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, no dia 27 de dezembro, e concluída no dia 2 de janeiro.

Divergências

Uma das divergências da história é a diferença de valores entre o comprovante emitido pela Vila e o montante dito pelo coordenador no vídeo. Enquanto o recibo traz a quantia de R$ 2.213,55, na gravação de agradecimento Jorge diz R$ 2.281. Ele justificou ter feito o recibo no momento da doação, mas após recontagem verificou que o valor era um pouco maior.

Jorge afirmou ainda que, nessas ocasiões, é comum fazer vídeo de agradecimento e emitir recibo. E frisou que nada foi feito a pedido da ex-primeira-dama. Perguntado sobre quem fez a entrega da doação, o coordenador disse não se lembrar. Ele apenas pontuou ter sido um homem que se apresentou como representante de Michelle Bolsonaro.

De acordo com Jorge, a Vila do Pequenino Jesus já recebeu muitas doações de mangas colhidas no Alvorada, por meio da ex-primeira-dama, e também ganhou três cadeiras de roda do programa social Pátria Voluntária, que era chefiado por Michelle. Segundo o coordenador, esta foi a primeira doação em dinheiro.

Procurada desde quinta-feira (8/2), a ex-primeira-dama não retornou os contatos. O espaço segue aberto para manifestação. Um interlocutor da família Bolsonaro disse à reportagem apenas que a doação foi feita, sim, no dia 8 de janeiro, mas não enviou provas.