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sábado, 6 de julho de 2019

Irecê: Sanfoneiro baleado por policiais é transferido para Salvador


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Sanfoneiro quando estava no Hospital Geral de Irecê -foto:reprodução:Irecê Acontece/reprodução/facebook

O sanfoneiro Eliedelson Possidônio, 32 anos, foi transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, no fim da noite da última sexta-feira (5). O músico foi baleado em ação realizada pela polícia em Irecê na noite da última sexta-feira, que feriu a tiros a cantora Joelma Rios e levou à morte da dançarina Gabriela Amorim, todos eles integrantes da banda cearense Sala de Reboco. Outras duas pessoas estavam no veículo no momento dos disparos.
Segundo informações do G1 Bahia, Eliedelson foi atingido por um tiro na perna direita e sofreu uma fratura exposta de grau três na altura da canela, com comprometimento vascular. O sanfoneiro foi levado para Salvador em um avião fretado pela família.

A mãe do músico contou ao G1 que ele está consciente e conseguindo conversar, mas a perna está com uma situação delicada. O irmão dele contou que o sanfoneiro corre risco de perder parte dela.


fonte: Irecê Acontece/reprodução - 06/07/19 -18h:04min.

Rio: Morre, aos 88 anos, o músico João Gilberto; "Influência definitiva no meu canto", diz Gal Costa

Morre, aos 88 anos, João Gilberto
Foto: Reprodução / G1
Considerado um dos criadores da bossa nova, o músico João Gilberto faleceu neste sábado (6) aos 88 anos. O cantor e violonista veio a óbito na cidade do Rio de Janeiro, onde morava. Sua morte foi confirmada por um de seus filhos, João Marcelo Gilberto, ao G1.

Natural de Juazeiro, no interior da Bahia, João Gilberto Prado Pereira de Oliveira foi responsável pela trilogia de álbuns que apresentou o ritmo brasileiro ao mundo — Chega de Saudade (1959), O amor, o sorriso e a flor (1960) e o auto-intitulado João Gilberto (1961). Ao longo de sua carreira, foram mais de 20 álbuns gravados e reconhecimento internacional.

Na vida pessoal, João Gilberto teve dois casamentos, primeiro com a cantora Miúcha, depois com a cantora Astrud Gilberto. Ele deixa três filhos: João, Luisa Carolina Gilberto e a também cantora Bebel Gilberto.


Baianos


Artistas baianos estão se manifestando nas redes sociais sobre a morte de um ícone baiano. João Gilberto morreu, neste sábado (6), aos 88 anos.
A cantora soteropolitana Gal Costa foi uma delas. "Se foi João Gilberto o maior gênio da música brasileira. Influência definitiva no meu canto. Fará muita falta mas seu legado é importantíssimo para o Brasil e para o mundo", postou, no Instagram.





fonte: BN e BNews 06/07/19

Itália: Capitã que salvou 40 migrantes no mar processará vice-primeiro-ministro italiano

A alemã Carola Rackete ao ser presa em Lampedusa: liberada pela Justiça por ter salvo vidas - 01/07/2019 (Guglielmo/Reuters)


Carola Rackete, capitã do navio humanitário Sea Watch 3, é tratada com insultos pelo vice-primeiro-ministro, de extrema direita

A defesa de Carola Rackete, capitã do navio humanitário Sea Watch 3, anunciou nesta sexta-feira, 5, que processará por difamação o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo SalviniO advogado Alessandro Gamberini declarou a uma rádio italiana não ser fácil levantar “o inventário de todos os insultos formulados por Salvini nas últimas semanas” contra a capitã alemã.
“No circuito destes leões do teclado acostumados aos insultos, é ele que remove as turvas águas do ódio. Uma ação por difamação é uma forma de lançar um sinal”, acrescentou Gamberini.
No comando do Sea Watch 3, Carola Rackete foi detida no último dia 1º depois de ter atracado, sem autorização, na ilha italiana de Lampedusa. Ela pretendia desembarcar os 40 migrantes que resgatara no Mar Mediterrâneo e que estavam a bordo por mais de duas semanas.
Na terça, uma juiz italiana invalidou sua detenção, argumentando que Carola agiu para salvar vidas. Duas investigações diferentes, por resistência a um oficial e por ajuda à imigração clandestina, seguem em curso contra ela na Itália.
Nas redes sociais, Salvini reagiu ao anúncio. “Ela viola as leis, ataca navios militares italianos e depois me processa”, escreveu o vice-primeiro-ministro de extrema direita. “Não tenho medo dos mafiosos, imagine então de uma comunista alemã rica e mimada… Beijões”, acrescentou.
Durante toda a duração da crise, Salvini aumentou o tom de suas declarações e os tuítes furiosos contra Carola, descrevendo-a como “problemática”, “criminosa” e “uma pobre mulher que apenas tentou matar cinco militares italianos”.
fonte:Veja.com(Com AFP)

Cultura: Obra de Euclides da Cunha vai a Paraty para a 17ª Flip

Euclides da Cunha
foto:Canudos. Registro dos prisioneiros do arraial, no interior da Bahia, em 1897  Foto: Flavio de Barros/Museu da República
Autor de Os Sertões, uma das obras fundamentais da literatura brasileira, Euclides da Cunha (1866-1912) será tema de discussões a partir de quarta-feira, 10, quando começa a 17ª Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, na cidade fluminense. Por ser o escritor homenageado da vez, Euclides será apresentado por meio de suas qualidades e também contradições. Afinal, se era devoto de determinismos raciais e geográficos que hoje são condenados, o escritor, ao voltar da cobertura que fez para o Estado da revolta de Canudos (1896-1897), era um homem coberto de dúvidas.
“Se a literatura nunca é um reflexo imediato da vida privada, aqui ela guarda uma
 clara correspondência”, anotam os pesquisadores Lilia Moritz Schwarcz e André 
Botelho, no prefácio da edição de Os Sertões lançada pela Companhia das Letras, um
 dos vários lançamentos referentes à obra que chegam agora às livrarias. “No caso 
de Euclides da Cunha, sua formação, as incertezas que viveu com relação à política,
 as teorias que aprendeu e adotou para si, e as experiências que acumulou pelo Brasil afora fizeram toda a diferença. Em Os Sertões, o autor estava muito presente, embora
 a obra fosse maior do que ele. Muito maior.”

Euclides da Cunha
Canudos. Registro dos prisioneiros do arraial, no interior da Bahia, em 1897  Foto: Flavio de Barros/Museu da República
Um dos marcos fundamentais nos estudos sobre a formação brasileira, Os Sertões foi publicado em 1902 e é a consolidação e aprimoramento da cobertura jornalística do levante de Canudos, que Euclides realizou para o Estado, a pedido de Julio Mesquita. Empoleirado no lombo de um cavalo ou comprimido no tombadilho de um navio, nada parecia ser empecilho para o escritor, que deixou a capital paulista no dia 1.º de agosto de 1897. 
Outros correspondentes já acompanhavam as infrutíferas tentativas do exército republicano de derrotar os seguidores de Antônio Conselheiro, no interior da Bahia, e Euclides destacava-se como o escolhido natural para representar o jornal: colaborador havia nove anos, o escritor publicara, nos dias 14 de março e 17 de julho daquele ano, dois artigos com o título comum de A Nossa Vendéia. No período em que cobriu o levante, Euclides passou por um verdadeiro rito de passagem: se quando deixou São Paulo estava seguro da natureza monarquista da rebelião em Canudos, o escritor (republicano convicto) foi obrigado a reformular seu julgamento, forçado pelas contingências. Diante de famílias reunidas em torno de um líder messiânico, Euclides percebeu que o movimento estava próximo de um massacre. 

CAnudos
Corpo de Antônio Conselheiro. Única foto que se tem registro do líder do arraial  Foto: Flavio de Barros/Museu da República
De fato, com o argumento de se defender a “civilização”, todas as casas do arraial foram destruídas e boa parte dos prisioneiros foi degolada. “Em Os Sertões, Euclides acusou o Exército, a Igreja e o governo pela destruição da comunidade e fez a autocrítica do patriotismo exaltado de suas reportagens”, escreveu o especialista Roberto Venturaem A Terra, o Homem, a Luta (Três Estrelas), que ganha nova edição. “Reconheceu, de certo modo, a omissão de sua cobertura da guerra, ao mencionar o massacre dos prisioneiros, sobre o qual antes se calara. Criticou ainda a aproximação entre Canudos e a Vendeia, que empregara em seus artigos, e descartou a ideia de uma conspiração política, apoiada por grupos monárquicos e países estrangeiros, que havia justificado o massacre.”
Ventura, que foi um dos grandes especialistas em Euclides, observou que o escritor adotou a perspectiva do historiador e ensaísta, “bem próximo do naturalista e do etnólogo e muito distante do mero cronista ou jornalista, como forma de superar a possível falta de interesse pela Guerra de Canudos, encerrada havia cinco anos”.

A mudança de perspectiva também norteou a forma como o Estado passou a observar o fato, segundo a pesquisadora Lidiane Santos de Lima Pinheiro, no livro A Construção do Acontecimento Histórico (Edufba). “Entre lembranças (voluntárias ou obrigadas) e esquecimentos (parciais ou completos), o jornal saiu do discurso que defendia a destruição do arraial antirrepublicano e seguiu em direção à crítica da guerra”, anota ela. “Também foram mudadas as versões sobre a quantidade de habitantes de Canudos de 1897, sobre sua associação ao fanatismo, sobre sua ligação com o debate em torno da propriedade de terras etc. Tais releituras, contudo, não foram aleatórias, pois, com o tempo, os trabalhos acadêmicos e outras manifestações culturais interferiram significativamente na interpretação do acontecimento.”
fonte:Estadão/06/07/19- 09h:44min.

Irecê:Câmera de segurança registra parte de perseguição policial que terminou com dançarina morta

Dançarina morreu após abordagem policial na Bahia — Foto: Reprodução/Instagram
imagem:reprodução/facebook

Uma câmera de segurança registrou um trecho da perseguição policial que terminou com a morte de uma dançaria de banda de forró na cidade de Irecê, no norte da Bahia, na madrugada desta sexta-feira (5). A cantora e o sanfoneiro do grupo musical também ficaram feridos.
As imagens mostram o momento em que o carro que estava com os membros da banda cearense Sala de Reboco passa pela via em alta velocidade.
Carro onde os integrantes da banda Sala de Reboco estavam foi atingido por tiros na Bahia — Foto: Arquivo PessoalCarro onde os integrantes da banda Sala de Reboco estavam foi atingido por tiros na Bahia — Foto: Arquivo Pessoal
Carro onde os integrantes da banda Sala de Reboco estavam foi atingido por tiros na Bahia — Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com o horário mostrado no visor da câmera, a passagem do
 veículo foi à 0h23. Cerca de 13 segundos depois, uma viatura da polícia 
segue,  também em alta velocidade, atrás do carro que a banda estava, 
uma SUV de luxo.
As imagens mostram ainda que um mototaxista que está parado no local e
 um pedestre se assustam com a passagem da polícia. Os dois, junto com 
um segundo mototaxista, observam a passagem da viatura da PM.
Uma segunda viatura que estava parada na via antes mesmo do carro com
 os membros da banda Sala de Reboco passarem também segue atrás do primeiro veículo da polícia.

Caso


Os integrantes da banda estavam em Irecê, descansando do período de 

shows do São João. A última apresentação da grupo foi na cidade baiana 
de Jacobina, também no norte do estado, no dia 30 de junho.
Conforme explicou o dono da banda Sala de Reboco, Antônio Rocha, os 
quatro integrantes foram até Lapão, cidade a cerca de 11 km de Irecê, para comer uma galinha caipira, prato tradicional nas cidades do interior da Bahia. Quando retornavam de Lapão, por volta de 0h30, ocorreram os disparos.
A dançarina Gabriela Amorim foi atingida na região do abdômen. Ela foi socorrida, mas morreu no hospital. Gabriela deixa um filho de seis anos. O
 dono da banda está em busca da liberação do corpo da jovem, que foi encaminhado para o IML de Irecê. O sepultamento está previsto para ocorrer no Ceará.

Famílias

Gleidivaldo Possidônio, irmão do sanfoneiro Eliedelson Possidônio que ficou ferido na ação policial na Bahia, conversou com o G1 contou como recebeu 
a notícia de que o irmão estava ferido.
"Foi um susto. Eu recebi a notícia por volta das 4h20 da manhã. Eu estava dormindo. O Tonhão [Dono da banda] me ligou e contou sobre a situação", relatou.
Gleidivaldo, que é médico, disse que a família do sanfoneiro, que mora em Fortaleza, avalia a possibilidade de transferência do músico. Como ainda não há nada definido para viagem de Eliedelson, é a mãe dele que se prepara para 
vir à Bahia.
A mãe da dançarina Gabriela Amorim, que foi morta durante a ação, falou 
que a profissão era um sonho da jovem desde pequena.
"Ela formava grupinho [de dança] aos 10 anos de idade, essa coisinha pequena. Aí isso foi ficando. Quando ela ficou de maior [maior de idade], uma prima 
dela também já queria [ser dançarina]. Aí ela começou já a dançar nas bandas de verdade", disse ela.
Gabriela já tinha participado de shows com várias bandas de forró. Ela estava na Bahia desde o dia 13 de junho, em uma turnê de São João. O retorno para o Ceará seria nesta sexta-feira.

fonte:G1.COM/06/07/19 -08h:05min.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Caso Moro: "Para onde você vai quando as cruzadas anti-corrupção são sujas?", diz manchete do The New York Times

moro ny.jpg
foto|:reprodução
Na superfície, a “Operação Lava Jato” tem sido uma cruzada virtuosa contra a corrupção política neste país.
Nos últimos cinco anos, essa investigação federal revelou amplos esquemas de propinas envolvendo os executivos e políticos mais importantes do Brasil. A operação levou ao processo criminal de 429 indivíduos e à condenação de 159 deles. Os veículos jornalísticos cobriram avidamente cada etapa da investigação, pressionando e elogiando a derrubada de uma cultura de corrupção na política brasileira. A investigação deveria, em teoria, ser uma fonte de orgulho para nossa jovem democracia - só que essa não é a história toda.
Desde o início, a Operação Lava Jato recorreu a procedimentos questionáveis, como usar prisões preventivas para forçar confissões e confiar demais em generosos acordos de delação premiada. Mas isso não parece suficiente para descartar seus esforços contra a corrupção em grande escala, pelo menos aos olhos do público.
Então, no dia 9 de junho, o site de notícias The Intercept Brasil publicou a primeira de uma série de reportagens lançando dúvidas sobre a integridade dos principais personagens da investigação. Os jornalistas obtiveram, de uma fonte anônima, um arquivo massivo de mensagens privadas, trocadas por meio do serviço de mensagens Telegram, entre procuradores e o juiz principal da Operação Lava Jato, Sergio Moro. (Nós vamos voltar para ele mais tarde.)
As mensagens vazadas mostram que Moro frequentemente ultrapassou seu papel de juiz - alguém que deveria ser imparcial e sem qualquer viés - para atuar como conselheiro da acusação. Ele ofereceu conselhos estratégicos aos procuradores: eles deveriam, por exemplo, inverter a ordem das várias fases da investigação; pensar melhor sobre uma moção específica que eles estavam planejando arquivar; acelerar certos processos; desacelerar muitos outros. Moro passou informações sobre uma possível nova fonte para a procuradoria; repreendeu procuradores quando demoraram demais para realizar novas etapas da operação; endossou ou desaprovou suas táticas; e forneceu-lhes conhecimento antecipado de suas decisões.
As revelações lançaram nova luz sobre a condenação, por Moro, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2017. (No Brasil, os julgamentos por júri são restritos a crimes contra a vida, como homicídio e infanticídio. Em outros casos criminais, o mesmo juiz que supervisiona a investigação é também aquele que julga e sentencia o acusado.) O político de esquerda, que governou o país de 2003 a 2010, está atualmente preso, tendo sido condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele foi considerado inelegível para concorrer à presidência precisamente no momento em que as pesquisas mostraram que ele era o favorito no plento de 2018. A conveniente detenção de Lula preparou o caminho para a eleição do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro, que na época - espere por isso - gentilmente nomeou Moro como ministro da Justiça do Brasil.
De acordo com o material publicado pelo site de notícias The Intercept Brasil, no decorrer da investigação, Moro se envolveu em assuntos de cobertura da imprensa e se preocupou em obter apoio do público para a acusação. “O que você acha dessas declarações malucas do comitê nacional do PT? Deveríamos refutar oficialmente?”, ele perguntou uma vez ao procurador Deltan Dallagnol, referindo-se a uma declaração do Partido dos Trabalhadores, de Lula, na qual a acusação era considerada uma perseguição política. Observe o uso da palavra “nós” - como se o Sr. Moro e o Sr. Dallagnol estivessem no mesmo time.
Isso tudo é, claro, altamente imoral - se não totalmente ilegal. Viola nada menos que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz: “Todos têm direito, em plena igualdade, a uma audiência justa em um tribunal independente e imparcial, na determinação de seus direitos e obrigações e de qualquer acusação criminal contra ele”. De acordo com o Código de Processo Penal do Brasil, os juízes devem ser árbitros neutros e não podem dar conselhos a nenhuma das partes em um caso. Moro também violou muitas disposições do Código Brasileiro de Ética Judicial, particularmente uma que diz que o juiz deve manter “uma distância equivalente das partes”, evitando qualquer tipo de comportamento que possa refletir “favoritismo, predisposição ou preconceito”.
(...) Tudo somado, os vazamentos revelam um juiz imoral, que se uniu a procuradores motivados eleitoralmente, a fim de prender e condenar indivíduos que já consideravam culpados. Sua única dúvida era a melhor maneira de fazer isso.
O conteúdo chocante dessas trocas poderia dar aos advogados de defesa novos fundamentos para recorrer de condenações. No ano passado, os advogados de Lula foram à Suprema Corte e exigiram um novo julgamento, argumentando que Moro não foi imparcial; as mensagens vazadas foram adicionadas à petição, fortalecendo o caso.
A Ordem dos Advogados do Brasil pediu a suspensão dos envolvidos no escândalo, dizendo, em um comunicado escrito, que “a gravidade dos fatos não pode ser desconsiderada, exigindo uma investigação completa e imparcial".
Mas quase um mês se passou desde as primeiras reportagens do Intercept. Efetivamente, nada foi feito.
E por incrível que pareça, Sergio Moro ainda é o nosso ministro da Justiça.
fonte:Conversa Afiada/reprodução 05/07/19 -23h:37min.

Feira: OAB-BA e Conselho Federal do órgão condenam violência de gênero contra advogada



[OAB-BA e Conselho Federal do órgão condenam violência de gênero contra advogada de Feira de Santana]
foto:Sede da OAB -BA em Salvador- divulgação

Comissão Estadual da Mulher Advogada, da Ordem dos Advogados do Brasil Secional Bahia, e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil divulgaram, nesta sexta-feira (5), uma nota conjunta contra a “violência de gênero” sofrida pela advogada e defensora pública Fernanda Nunes Morais da Silva. As instituições declaram apoio público à profissional.
No documento, as entidades citam que Fernanda, no exercício da sua profissão, “sofreu grave violência de gênero perpetrada pelo promotor de Justiça Ariomar José Figueiredo da Silva”. “O promotor, na abertura dos debates orais, em sessão Plenária do Tribunal do Júri, na comarca de Feira de Santana (BA), dirigiu-se a advogada afirmando que a mesma deveria ficar calma, porque ‘a primeira vez com um negão não dói’. A fala do promotor reflete o machismo institucional arraigado no meio jurídico, que tenta colocar a mulher e profissional em situação de inferioridade e constrangimento”, destacaram a Seccional e a Nacional.
A nota, assinada pela vice-presidente da Comissão Estadual da Mulher Advogada, Camila Trabuco, e pela presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Daniela Andrade, argumenta que não é possível admitir a violência de gênero de qualquer natureza, “sendo ainda mais grave quando esta é utilizada como estratégia processual e praticada por profissionais que têm o dever de urbanidade, respeito entre os seus pares e proteção aos direitos humanos, entre os quais os das mulheres”.
A Ordem dos Advogados do Brasil citou o seu compromisso de defesa dos direitos das advogadas exercerem a profissão sem sofrerem discriminação, preconceito ou violência de gênero. “Condutas machistas não serão toleradas, ainda mais quando advindas daqueles que têm o dever de proteção dos direitos humanos e promoção da igualdade de gênero. À advogada e defensora pública Fernanda Nunes Morais da Silva, nosso apoio. À conduta do promotor Ariomar José Figueiredo da Silva, nosso repúdio”, finalizaram.

fonte:Bnews/ 05/07/19 -22h:41min.

Ensino Superior: UnB deixará de usar o Sisu a partir de 2020



Resultado de imagem para SE DE DA UNB

foto:reprodução


A UnB (Universidade de Brasília) deixará de adotar o Sisu (Sistema de Seleção Unificada) a partir de 2020. O Enem (Exame Nacional do Ensino Medio), no entanto, não deixará de ser usado pela instituição.

A diferença é que agora, os estudantes que quiserem concorrer a uma vaga na universidade deverão se inscrever em edital próprio da UnB e indicar o Enem como critério classificatório. As informações são da Agência Brasil.

De acordo com a UnB, a nova seleção manterá o mesmo quantitativo de vagas que eram destinadas ao Sisu e será usada já no primeiro semestre do ano que vem. A inscrição para esse processo será gratuita, uma vez que o estudante já pagou para fazer a prova do Enem.

A publicação do edital ainda não tem data prevista. A mudança foi aprovada pelo Cepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) em reunião no dia 27 de junho.

A UnB passou a adotar o Sisu em 2014 ofertando pelo sistema metade das vagas do processo seletivo do primeiro semestre, o que equivale a 25% do total de vagas ofertadas no ano pela universidade.

O Sisu é um programa do MEC (Ministério da Educação), que centraliza, duas vezes por ano, a oferta de vagas em instituições públicas de ensino superior. Para participar, o estudante precisa ter feito o Enem e não ter zerado a redação. Cada candidato pode escolher até duas opções de curso, que podem ser alteradas até o final do período de inscrição. Uma vez por dia, o sistema calcula a nota de corte com base nas inscrições feitas até então.

De acordo com nota divulgada pela UnB, há incompatibilidade entre o calendário acadêmico da universidade e o que é estabelecido pelo MEC. Segundo a instituição, o registro precisava ser feito em um prazo curtíssimo, o que sobrecarregava as áreas técnicas e entrava em conflito com outros processos seletivos da universidade.

Outro problema é o não preenchimento de todas as vagas oferecidas pelo Sisu, sendo necessárias várias chamadas, o que prejudica o início do semestre letivo. Além disso, de acordo com a UnB, a evasão entre os estudantes que ingressam via Sisu é maior. Após o primeiro ano na universidade, a permanência de calouros que ingressaram por outros processos seletivos é de mais de 90%. No caso do Sisu, esse índice é até 20% mais baixo.

Além do ingresso pelo Enem, os estudantes podem concorrer a vagas na Unb pelo PAS (Programa de Avaliação Seriada), que é realizado ao longo dos três anos do ensino médio regular pelo vestibular.

Os estudantes podem ingressar pelo PAS tanto no primeiro quanto no segundo semestre letivo. Metade das vagas ofertadas no ano são preenchidas por candidatos do PAS.

Já o vestibular é realizado apenas para ingresso no segundo semestre letivo e é responsável pelo preenchimento de 25% das vagas ofertadas no ano pela UnB.

Com a nota em mãos, os estudantes que participavam da terceira etapa do PAS e do vestibular podiam ainda ingressar pelo chamado SISUnB, que funcionava de forma semelhante ao Sisu. Ou seja, o estudante tinha um período para verificar se poderia ser aprovado para o curso de preferência ou não e podia mudar a opção de curso, turno ou campus para aumentar as chances de ser aprovado.

O Cepe aprovou o fim da possibilidade dessas mudanças nesses dois processos seletivos. Os candidatos deverão indicar, na inscrição, o curso que pretendem cursar e o SiSUnB não será mais utilizado.

fonte:Folhapress

Em Feira: 'A primeira vez com um negão não dói': promotor insulta defensora em júri

'A primeira vez com um negão não dói': promotor insulta defensora em júri de Feira
Foto: Aldo Matos / Acorda Cidade/reprodução
O promotor de Justiça Ariomar José Figueiredo da Silva insultou uma defensora pública durante sessão plenária no Tribunal do Júri em Feira de Santana. De acordo com a defensora Fernanda Nunes Morais da Silva, ao iniciar sua fala, o promotor disse a ela para ficar calma, porque, segundo ele, "a primeira vez com um negão não dói". O caso aconteceu nesta quinta-feira (4). 

Segundo a vítima, a ofensa foi registrada na ata da audiência e já foi enviada à corregedoria aos órgãos responsáveis da Defensoria Pública para que as providências fossem tomadas.

Fernanda alega que Ariomar é um promotor respeitado na Bahia inteira, mas fez um comentário "infeliz e desrespeitoso". Ela ressaltou ainda como essa cena é bastante comum dentro do sistema de justiça. "Ele se retratou em audiência, mas continuou tendo uma postura machista durante toda a sessão. A minha postura diante disso é de levantar a minha voz, e de tornar pública essa situação, porque ela costuma ser recorrente", afirmou.

O grupo Coletiva de Mulheres Defensoras Públicas do Brasil saiu em defesa de Fernanda e das mulheres: 

Foto: Reprodução | Facebook

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) divulgou nesta sexta-feira (5) uma nota de esclarecimento sobre o caso. Segundo o órgão, "não houve qualquer intenção de ofensa na frase proferida pelo promotor de Justiça Ariomar José Figueiredo da Silva durante sessão do Tribunal do Júri realizada em Feira de Santana". A instituição lamentou o ocorrido e se desculpou por "qualquer ofensa eventualmente gerada pela frase dita em um contexto de sessão do Júri". 

fonte:Acorda Cidade/reprodução

Em Irecê: “Quando a gente viu a viatura, já estavam atirando”, diz cantora de banda Sala de Reboco


[“Quando a gente viu a viatura, já estavam atirando”, declara cantora de banda de forró baleada em ação da PM em Irecê]
A vocalista Joelma conta uma versão diferente da PM -foto:Instragam/reprodução

Joelma Reis, vocalista, e Eliedelson Possidônio, sanfoneiro da banda Sala de Reboco, desmentiram a versão da Polícia Militar, nesta sexta-feira (5), sobre a ação que terminou com a morte da dançarina Gabriela Moura, em Irecê, nesta madrugada.
O grupo estava no veículo Toyota SW4, de cor preta, saindo da cidade de Lapão, no sentido Irecê, quando foi surpreendido com tiros por guarnições da PM. Além de Joelma, Elidelson e Gabriela, Suelen Sodré, a outra dançarina, também foi baleada na ação. O motorista do carro, Cláudio Pereira, não foi atingido.
A polícia informou que por volta de 0h30, o condutor de um veículo Toyota SW4, de cor preta, ocupado pelos músicos, não atendeu a ordem de parada da PM e tentou fugir. Em seguida, equipes militares da Rondesp e Ceto tentaram interceptar o carro. "A guarnição efetuou disparos de arma de fogo para fazer parar o veículo e atingiram os passageiros".  
No entanto, a vocalista e o sanfoneiro relataram que não houve ordem de parada. “Um carro começou a nos seguir, apagado, só com os faróis [acesos]. A gente pensou que eram bandidos correndo atrás da gente e ficamos com receio, de fazer mal com as meninas, assaltar, levar nossos pertences. Quando chegamos na avenida principal, próximo a pousada Irecê, na frente do ‘Esquinão’ eles já chegaram atirando. Eles fecharam um cerco. Eles não deram ordem de parada, como estão dizendo aí. Não somos bandidos. Somos trabalhadores”, narrou Eliedelson.
“Não tinha nada ligado, não ligaram sirene. A luz, inclusive, estava baixa, nem alta estava. Porque quando alguém comete uma infração, acho que automaticamente tem que acionar, chamar atenção de alguma forma. Nesse momento não. A gente se assustou justamente pelo fato de que a gente não sabia que era polícia. Se a gente soubesse a gente não ia se assustar. A gente não deve nada. A gente é artista, não é vagabundo. Na maneira daquela abordagem ali, quando a gente encostou, não teve tempo nem de abrir os vidros, quando a gente viu a viatura, já estavam atirando na gente. A gente passou um sufoco. E eu disse: meu Deus, eu não acredito que estou passando por isso”, desabafou Joelma Reis.
A vocalista da Sala de Reboco foi atingida no glúteo esquerdo e no braço, de raspão. O sanfoneiro teve uma fratura exposta na perna. Eles foram socorridos para o Hospital Regional de Irecê. Gabriela também foi socorrida, mas morreu na sala de cirurgia.  
Joelma contou que chegou a sair do carro, na tentativa de coibir os tiros dos policiais. “Eu gritei, levantando as mãos para eles pararem, que a gente era artista, não era vagabundo. ‘Parem com isso pelo amor de Deus!’, mas já tinham feito a m** toda”.
Ela descreveu ainda que, durante a ação, Gabriela havia descido do carro, informando que estava baleada, com a mão na barriga e sentindo dor. “O sanfoneiro conseguiu descer, disse que não estava sentindo a perna e caiu. Ele pediu para segurar a mão dele, enquanto eles ligavam pra chamar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência].
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que o Comando de Policiamento Regional da Chapada (CPR) instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) que vai apurar as circunstâncias da ocorrência. Disse ainda, conforme informações da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/ Rondesp Chapada, que o carro da banda seguia na contramão.
Disse que o carro furou dois bloqueios feitos pela polícia e que foram encontradas garrafas de bebidas alcoólicas no interior do automóvel. A Polícia Civil também informou que vai apurar o caso.
A cantora da banda lamentou a perda de Gabriela: Infelizmente a gente perdeu a nossa amiga Gabi, uma menina de 25 anos. A gente vai voltar sem ela, a família esperando... veio trabalhar pra ganhar esse dinheiro. É triste, até porque não tinha condições de demonstrar nenhum perigo.
“A gente foi comer uma galinha caipira, conhecer um pessoal lá em Lapão para se despedir, era uma confraternização para a gente viajar em paz para Fortaleza, mas foi uma fatalidade, foi uma noite de pesadelo, eu não sei como vai ser daqui para frente. Não sei como conduzir a situação. Peço a Deus que conforte o coração da família de Gabi, de toda a família ‘Sala de Reboco’ e dos nossos patrões. A dor é grande”, finalizou Joelma.

fonte:BNews/ 05/07/19/reprodução

Lava Jato: Novos diálogos revelam que Moro orientava ilegalmente ações


PARCERIA - Dallagnol e Moro: o ex-juiz pediu inclusão de provas nos processos e fez pressão contrária a certas delações (Aílton de Freitas/Agência O Globo/reprodução)
As manifestações do último dia 30 tiveram como principal objetivo a defesa de Sergio Moro. Em Brasília, um enorme boneco de Super-Homem com o seu rosto foi inflado na frente do Congresso. Símbolo da Lava-Jato, que representa um marco na história da luta anticorrupção no país, o ex-juiz vem sofrendo sérios arranhões na imagem desde que os diálogos entre ele e membros da força-tarefa vieram a público revelando bastidores da operação. As conversas ocorridas no ambiente de um sistema de comunicação privada (o Telegram) e divulgadas pelo site The Intercept Brasil mostraram que, no papel de magistrado, Moro deixou de lado a imparcialidade e atuou ao lado da acusação. As revelações enfraqueceram a imagem de correção absoluta do atual ministro de Jair Bolsonaro e podem até anular sentenças.
Só uma pequena parte do material havia sido divulgada até agora — e ela foi suficiente para causar uma enorme polêmica. Em parceria com o site, VEJA realizou o mais completo mergulho já feito nesse conteúdo. Foram analisadas pela reportagem 649 551 mensagens. Palavra por palavra, as comunicações examinadas pela equipe são verdadeiras e a apuração mostra que o caso é ainda mais grave. Moro cometeu, sim, irregularidades. Fora dos autos (e dentro do Telegram), o atual ministro pediu à acusação que incluísse provas nos processos que chegariam depois às suas mãos, mandou acelerar ou retardar operações e fez pressão para que determinadas delações não andassem. Além disso, revelam os diálogos, comportou-se como chefe do Ministério Público Federal, posição incompatível com a neutralidade exigida de um magistrado. Na privacidade dos chats, Moro revisou peças dos procuradores e até dava bronca neles. “O juiz deve aplicar a lei porque na terra quem manda é a lei. A justiça só existe no céu”, diz Eros Grau, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, falando em tese sobre o papel de um magistrado. “Quando o juiz perde a imparcialidade, deixa de ser juiz.”
 GALHOFA - Fachin: “conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso.”
GALHOFA - Fachin: “conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso.” (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Não seria um escândalo se um magistrado atuasse nas sombras alertando um advogado de que uma prova importante para a defesa de seu cliente havia ficado de fora dos autos? Pois isso aconteceu na Lava-Jato, só que em favor da acusação. Uma conversa de 28 de abril de 2016 mostra que Moro orientou os procuradores a tornar mais robusta uma peça. No diálogo, Deltan Dalla­gnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, avisa à procuradora Laura Tessler que Moro o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu — Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras para a construção de plataformas de petróleo, e um dos principais operadores de propina no esquema de corrupção da Petrobras. Skornicki tornou-se delator na Lava-­Jato e confessou que pagou propinas a vários funcionários da estatal, entre eles Eduardo Musa, mencionado por Dalla­gnol na conversa. “Laura no caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa e se for por lapso que não foi incluído ele disse que vai receber amanhã e da tempo. Só é bom avisar ele”, diz. (VEJA manteve os diálogos originais com eventuais erros de digitação e ortografia.) “Ih, vou ver”, responde a procuradora. No dia seguinte, o MPF incluiu um comprovante de depósito de 80 000 dólares feito por Skornicki a Musa. Moro aceita a denúncia minutos depois do aditamento e, na sua decisão, menciona o documento que havia pedido. Ou seja: ele claramente ajudou um dos lados do processo a fortalecer sua posição.
 CONTRA - Cunha: Moro não queria a delação do ex-presidente da Câmara
CONTRA - Cunha: Moro não queria a delação do ex-presidente da Câmara (Guilherme Artigas/Fotoarena/Estadão Conteúdo)
Em sua defesa após o estouro do escândalo das mensagens, o ministro vem repetindo que atendia tanto os encarregados da acusação quanto os da defesa no dia a dia e tinha conversas com eles, nenhuma delas imprópria, na sua visão. De fato, está na rotina de um juiz receber as partes envolvidas no processo, mas de maneira oficial, sempre com registro, e não por meio de um sistema privado de comunicação. A posição do ex-juiz fica ainda mais difícil de defender diante dos dados analisados pela parceria VEJA/The Intercept. Não eram conversas protocolares entre juiz e Ministério Público. Do conjunto, o que se depreende, além de uma intimidade excessiva entre a magistratura e a acusação, é uma evidente parceria na defesa de uma causa. Os exemplos mais robustos vêm das conversas entre Moro e Dalla­gnol. Em 2 de fevereiro de 2016, por exemplo, o juiz escreve a ele: “A odebrecht peticionou com aquela questao. Vou abrir prazo de tres dias para vcs se manifestarem”. Dalla­gnol agradece o aviso. Moro se refere ao questionamento da Odebrecht à Justiça da Suíça a respeito do compartilhamento de dados, incluindo extratos bancários, da empresa naquele país. Grosso modo, a empreiteira tentou impedir que o Ministério Público suíço enviasse dados à força-tarefa. Preocupado com a história, Moro pede notícias a Dalla­gnol no dia 3. “Quando sera a manifestação do mpf?”, pergunta. “Estou redigindo, mas quero fazer bem feita, para já subsidiar os HCs que virão. Imagino que amanhã, no fim da tarde”, responde o procurador. No dia seguinte, Dalla­gnol informa a Moro que a peça estava quase pronta, mas dependia ainda da revisão de colegas. “Protocolamos amanha, salvo se for importante que seja hoje. Posso mandar, se preferir, versão atual por aqui, para facilitar preparo de decisão”, escreve. Moro tranquiliza Dalla­gnol: “Pode ser amanha”. No dia 5, prazo final, por volta das 15 horas, Dalla­gnol manda pelo Telegram ao juiz a peça “quase pronta”. A situação é completamente irregular. Em vez de se comunicarem de forma transparente pelos autos, juiz e procurador usam o Telegram. Como se não bastasse, o chefe da força-­tarefa ainda envia a Moro uma versão inacabada do trabalho para que o juiz possa adiantar a sentença.
 NÃO VI - Barra, da Andrade: Moro pediu à PF para retardar o envio de planilha
NÃO VI - Barra, da Andrade: Moro pediu à PF para retardar o envio de planilha (Junior Pinheiro/Photopress/Estadão Conteúdo)
Dentro da relação estabelecida pela dupla, chama atenção também o momento em que Dalla­gnol dá dicas ao “chefe” sobre argumentos para garantir uma prisão. Isso aconteceu em 17 de dezembro de 2015, quando Moro informa que precisa de manifestação do MPF no pedido de revogação da prisão preventiva de José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo de Lula. “Ate amanhã meio dia”, escreve. Dalla­gnol garante que a ação será feita e acrescenta: “Seguem algumas decisões boas para mencionar quando precisar prender alguém…”. À luz do direito, é tão constrangedor quanto se Cristiano Zanin Martins fosse flagrado passando a Moro argumentos para embasar um habeas­-corpus a favor de Lula.
Mesmo entre parceiros com bastante afinidade há momentos de tensão (e que precisam ser resolvidos com uma conversa ao vivo). Em um deles, ocorrido em um chat de 17 de novembro de 2015, Moro dá um puxão de orelha em Dalla­gnol. O juiz reclama de que está difícil entender os motivos pelos quais o MPF recorreu da sentença aplicada aos delatores Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, Pedro José Barusco Filho, Mário Frederico Mendonça Góes e Júlio Gerin de Almeida Camargo. Dalla­gnol tenta se justificar, sem sucesso. “O mp está recorrendo da fundamentação, sem qualquer efeeito pratico”, critica o juiz. “Na minha opinião estao provocando confusão.” Para Moro, o efeito prático do recurso apresentado pelo MPF será “jogar para as calendas a existência execução das penas dos colaboradores”, ou seja, postergará o início do cumprimento da pena aplicada aos delatores citados. Mais uma vez, tudo fora dos autos. Dalla­gnol, resignado, pede um encontro com Moro para a manhã do dia seguinte: “25m seriam suficiente (sic)”.
Peças fundamentais na Lava-­Jato, as delações exigem também que o juiz se comporte de forma imparcial e somente após as negociações, conduzidas pelo MPF, pois ao fim do processo caberá a ele decidir se aceita ou não a oferta. Nesse capítulo, Moro cruzou igualmente a linha, a exemplo do caso do ex-deputado Eduardo Cunha. Na noite de 12 de junho de 2017, Ronaldo Queiroz, procurador da força-tarefa da Lava-Jato na PGR, cria um grupo no Telegram com Dalla­gnol para avisar que foi procurado pelo advogado de Cunha para iniciar uma negociação de delação premiada. Queiroz afirma que as revelações poderiam ser de interesse dos procuradores de Curitiba, Rio de Janeiro e Natal, onde corriam ações relacionadas ao político. Após membros do Rio de Janeiro serem incluídos no grupo, Queiroz posta uma mensagem que dá uma ideia de sua visão de mundo sobre a quantidade de honestos na Justiça e na política (uma visão de mundo compartilhada por muitos de seus colegas da Lava-Jato). Queiroz afirma esperar que Cunha entregue no Rio de Janeiro, pelo menos, um terço do Ministério Público estadual, 95% dos juízes do Tribunal da Justiça, 99% do Tribunal de Contas e 100% da Assem­bleia Legislativa.
No dia 5 de julho, durante o período da tarde, os procuradores concordam em marcar uma reunião com o advogado Délio Lins e Silva Júnior para a terça-­feira seguinte (11 de julho). Naquele mesmo dia, às 23h11, em uma conversa privada, Moro questiona Dalla­gnol sobre rumores de uma delação de Cunha. “Espero que não procedam”, diz. Dalla­gnol afirma que tudo não passa de rumores. Ele confirma ao juiz que está programado apenas um encontro com o advogado para que os procuradores tomem conhecimento dos anexos. “Acontecerá na próxima terça. estaremos presentes e acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par”, afirma. Moro, então, reitera seu posicionamento. “Agradeço se me manter (sic) informado. Sou contra, como sabe.” Detalhe: isso sem saber o conteúdo.
Como a proposta de delação atingia políticos com foro privilegiado, a palavra final para assinar um acordo de delação com Cunha passou para a PGR. A homologação competia ao ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava­-Jato no STF. O ex-deputado corria na época para fechar um acordo antes de o doleiro Lúcio Bolonha Funaro assinar os termos de sua delação. Os procuradores envolvidos nas negociações diziam que a dupla falava sobre os mesmos temas, o que tornaria desnecessária a aprovação das duas colaborações. No dia 28 de julho, já com os anexos de Cunha em mãos, Ronaldo Queiroz diz que a ideia é analisá-­los em conjunto com os colegas para tomar uma decisão sobre aceitar ou rejeitar a delação. Em 30 de julho, Queiroz diz que o material é fraco. No dia seguinte, uma mensagem do procurador Orlando SP, provavelmente Orlando Martello Júnior, traz o posicionamento de Curitiba — o mesmo de Moro: “Achamos que o acordo deve ser negado de imediato”.
O papel de líder da Lava-Jato em Curitiba é exercido em diversas oportunidades pelo ex-juiz. Em mais de uma ocasião, Moro aparece nos chats do Telegram interferindo na agenda dos procuradores da força-tarefa, outra atitude que gera a suspeição de qualquer magistrado. Em 7 de julho de 2015, por exemplo, um membro da força-tarefa, que a reportagem de VEJA identificou ser o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, escreve o seguinte: “Igor. O Russo (Moro) sugeriu a operação do professor para a semana do dia 20”. Igor (o delegado da Polícia Federal Igor Romário) responde: “Opa… beleza… Vou começar a me organizar”. De acordo com a apuração da revista, o “professor” era o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, da Eletronuclear. Ele acabou sendo preso no dia 28. Em outro episódio, Moro não apenas sugere uma data para a operação como também já fala em receber a denúncia. O caso em questão aparece em um diálogo ocorrido em 13 de outubro de 2015. Nele, o procurador Paulo Galvão, o PG, alerta Roberson Pozzobon, seu colega da força-­tarefa, sobre uma orientação do juiz. “Estava lembrando aqui que uma operação tem que sair no máximo até por volta de 13/11, em razão do recesso e do pedido do russo (Moro) para que a denúncia não saia na última semana”, escreve PG. “Após isso, vai ficar muito apertado para denunciar.” Pozzobon concorda com PG e acrescenta: “uma grande operação por volta desta data seria o ideal. Ainda é próximo da proclamação da república. rsrs”.
A partir de um levantamento das operações ocorridas em novembro e das denúncias oferecidas em dezembro de 2015, chega-se à conclusão de que o diálogo trata da Operação Passe Livre, que prendeu José Carlos Bumlai. Ele atuou como laranja do PT, intermediando um empréstimo de 12 milhões de reais do Banco Schahin ao partido em 2004. O pedido de Moro comentado na conversa entre PG e Pozzobon acabou cumprido à risca. Bumlai foi preso em 24 de novembro e denunciado em 14 de dezembro — na última semana antes do recesso da Justiça Federal do Paraná. No dia seguinte, Moro recebeu a denúncia, a tempo de impedir que os crimes prescrevessem no fim de 2015.
Dentro de uma visão simplista, a estratégia parece um golpe de mestre do juiz para não deixar um bandido escapar da Justiça. Mas o argumento de que os fins justificam os meios não pode prosperar numa sociedade desenvolvida. Tal postura de Moro viola o devido processo legal, pondo em risco o estado de direito. “Nesse caso, a sociedade pode aplaudir o juiz, por acreditar que ele está tentando ser justo. Mas ele está infringindo as leis do processo, que o impedem de imiscuir-se em uma das partes e colaborar com ela, e é uma das garantias para que todos sejam julgados da mesma forma”, afirma um juiz, que pediu para não ser identificado. “Imagine que todos os magistrados atuem da mesma forma, infringindo uma regra aqui e outra ali para alcançar seus objetivos. Um pode se aliar à defesa para soltar um criminoso; outro pode se aliar à acusação para perseguir um inimigo e, aí, o céu é o limite”, conclui.
 POR POUCO - Bumlai: pressão no MPF para que denúncia fosse antes do recesso
POR POUCO - Bumlai: pressão no MPF para que denúncia fosse antes do recesso (Vagner Rosario/VEJA)
Uma das obsessões de Moro envolvia manter os casos da Lava-Jato em seu poder em Curitiba, a exemplo dos processos de Lula do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Nesse esforço, o magistrado mentiu a um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ou, na hipótese mais benigna, ocultou dele uma prova importante, conforme mostra um dos diálogos. A conversa em questão se refere ao caso de Flávio David Barra, preso em 28 de julho de 2015, quando presidia a AG Energia, do grupo Andrade Gutierrez. Sua detenção ocorreu na Operação Radioatividade, relacionada a pagamentos de propina feitos por empreiteiras, entre elas a Andrade Gutierrez, a Othon Luiz Pinheiro da Silva, da Eletronuclear, responsável pela construção da usina nuclear Angra 3. Em 25 de agosto, a defesa de Barra pede ao ministro do STF Teori Zavascki a suspensão do processo tocado pela 13ª Vara de Curitiba, alegando que Moro não tinha competência para julgar o caso por haver indício de envolvimento de parlamentares, entre eles o então senador Edison Lobão (MDB-MA).
Diante da reclamação, Zavascki cobra explicações de Moro, que diz não saber nada sobre o envolvimento de parlamentares. Mesmo assim, com base nas informações da defesa, o ministro do STF suspende em 2 de outubro as investigações, o que força o então juiz a remeter o caso de Curitiba para Brasília três dias depois. Seu comportamento perante Zavascki foi impróprio, como evidencia um diálogo registrado no Telegram dezoito dias depois entre o procurador Athayde Ribeiro Costa e a delegada Erika Marena, da Polícia Federal. Costa diz precisar com urgência de uma “planilha/agenda” apreendida com Barra que descreve pagamentos a diversos políticos. Marena responde que, por orientação de “russo” (Moro), não tinha tido pressa em “eprocar” a planilha (tradução: protocolar o documento no sistema eletrônico da Justiça). “Acabei esquecendo de eprocar”, disse. “Vou fazer isso logo”, completa.
Na pior das hipóteses, Moro já sabia da existência da planilha quando foi inquirido por Zavascki e mentiu ao ministro. Em um segundo possível cenário, igualmente comprometedor, Moro teria tomado conhecimento da planilha depois da inquirição de Zavascki e pediu à delegada para “não ter pressa” em protocolar o documento. Tudo indica que a manobra tinha como objetivo manter o caso em Curitiba. “Um juiz não pode ocultar provas, e, se o diálogo tiver a autenticidade comprovada, estamos diante de uma conduta bastante problemática”, afirma o advogado Gustavo Badaró, professor de processo penal da USP, que analisou a pedido de VEJA o episódio. Na primeira leva de mensagens divulgadas pelo Intercept no mês passado, Moro já aparecia reclamando de um delegado da PF que havia incluído rápido demais todos os elementos da investigação no sistema eletrônico, o que obrigaria o juiz a enviar parte do processo ao STF.
A relação entre Moro e Dalla­gnol era tão próxima que abre espaço para que eles comemorem nas conversas o sucesso de algumas etapas da Lava­-Jato, como se fossem companheiros de trabalho festejando metas alcançadas. Em 14 de dezembro de 2016, Dallagnol escreve ao parceiro para contar que a denúncia de Lula seria protocolada em breve, enquanto a de Sérgio Cabral já seria registrada no dia seguinte (o que de fato ocorreu). Moro responde com um emoticon de felicidade, ao lado da frase: “ um bom dia afinal”. A proximidade rendeu ainda lances curiosos. Em 9 de julho de 2015, Dallagnol saúda o colega: “bem vindo ao telegram!!”. Cinco meses depois, dá dicas ao juiz de como usar o programa no desktop, enviando no chat um link para o download. “Se puder me mandar no e-mail, agradeço. O tico e o teco da informática aqui não são muito espertos”, responde Moro. Em março de 2017, Dallagnol escreve ao juiz para tirar uma dúvida: ele assina o primeiro nome com ou sem acento? O motivo é que o procurador estava revisando um livro sobre Moro. “Não uso normalmente o acento”, responde o juiz. Em julho de 2018, Dallagnol atua como assessor de imprensa, perguntando a Eduardo El Hage, um colega do Ministério Público Federal no Rio, detalhes de um pedido de participação de Moro em um programa do canal fechado HBO: “Eles contataram o Moro aqui e ele queria ter o contexto e informações que possam ser úteis pra ele decidir se atende”. Em um dos períodos mais tensos da operação, o que se seguiu à ação do juiz que torna público o famoso trecho do grampo telefônico em que Dilma Rousseff envia o “Bessias” para entregar a Lula o termo de posse em seu ministério, Dallagnol combina em um dos chats com procuradores uma nota de apoio a Moro e repassa ao grupo uma sugestão do próprio juiz para o texto. Na mesma época, Moro também recebe um afago e conselho de um interlocutor no Telegram (tudo indica, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima). “O movimento seria nas sombras, como você mesmo disse”, escreve, referindo-se ao convite de Dilma para Lula. “O seu capital junto à população vai proteger durante um tempo. As coisas se transformam muito rápido.”
 PROFESSOR - O almirante Othon: data de prisão foi sugerida por Moro
PROFESSOR - O almirante Othon: data de prisão foi sugerida por Moro (Fernando Frazão/Agência Brasil)
As conversas entre membros do Ministério Público Federal assumem várias vezes o tom de arquibancada, com os membros da força-tarefa vibrando e torcendo a cada lance da batalha contra os inimigos. Em 13 de julho de 2015, Dallagnol sai exultante de um encontro com o ministro Edson Fachin e comenta com os colegas de MPF: “Caros, conversei 45 m com o Fachin. Aha uhu o Fachin é nosso”. A preocupação da força-tarefa com a comunicação para a opinião pública era constante. Em 7 de maio de 2016, Moro comenta com Dalla­gnol que havia sido procurado pelo apresentador Fausto Silva. Segundo o relato do juiz, o apresentador o cumprimentou pelo trabalho na Lava-Jato, mas deu um conselho: “Ele disse que vcs nas entrevistas ou nas coletivas precisam usar uma linguagem mais simples. Para todo mundo entender. Para o povão. Disse que transmitiria o recado. Conselho de quem está a (sic) 28/anos na TV. Pensem nisso”. Procurado por VEJA, Fausto Silva confirmou o encontro e o teor da conversa entre ele e Moro.
Curiosidades dos bastidores à parte, o que vai definir mesmo o destino de Moro à luz das revelações dos chats são os trechos nos quais fica evidente seu papel duplo de juiz e assistente de acusação. A Lava-Jato foi assumidamente inspirada na Mani Pulite, a Mãos Limpas da Itália, que desbaratou um gigantesco esquema de corrupção na década de 90, resultando em 2 993 mandados de prisão nos dois primeiros anos de operação. No caso do sistema de Justiça do país europeu há a figura do magistrado que trabalha no Ministério Público — mas ele não atua nos julgamentos. A melhor explicação para o comportamento irregular do atual ministro é que ele tenha se inspirado nessa figura para pautar suas ações na Lava-Jato. “O Moro confundiu totalmente os papéis”, afirma o jurista Wálter Fanganiello Maiero­vitch. “O magistrado que investiga nunca é o que julga, nem na Itália nem em nenhuma outra democracia do planeta.”
No Brasil, o papel duplo do juiz viola o artigo 254 do Código de Processo Penal, que proíbe que o magistrado aconselhe uma das partes ou tenha interesse em favor da acusação ou da defesa. Essa atuação pode, de fato, provocar a revisão de atos de Moro. No caso da condenação de Lula, por exemplo, o STF adiou a discussão para agosto. Será uma decisão complexa e delicada para a Suprema Corte. Ali, mesmo que alguns ministros já tenham criticado excessos da Lava-Jato, é difícil qualquer prognóstico. Um dado, porém, é certo. Fiscalizar o que Moro fez enquanto juiz não significa pôr em risco os avanços contra a corrupção no Brasil, como sugerem as manifestações recentes nas ruas das cidades do país. A sociedade brasileira não vai abrir mão do processo que resultou, pela primeira vez na história, na prisão de políticos e empresários poderosos.
 MANIFESTAÇÃO - Passeata em Brasília: Moro virou Super-Homem
MANIFESTAÇÃO - Passeata em Brasília: Moro virou Super-Homem (Luciano Freire/Futura Press)
Embora as conversas mostrem que Moro cometeu infrações, os crimes punidos ao longo da Lava-Jato gozam de vasta coleção de provas materiais e orais. A maioria esmagadora das sentenças, aliás, acabou confirmada em outras instâncias da Justiça. Graças ao esforço dos procuradores de Curitiba, descobriu-se também o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, desenvolvido exclusivamente para administrar o pagamento de propinas efetuado pela empresa no Brasil e no exterior. O resultado prático e sua importância são incontestes. Diversos políticos que se locupletaram nos últimos anos ainda estão presos. Entre eles, Lula, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha… O próprio Lula, mesmo que a suspeição de Moro seja confirmada, pode permanecer preso. Ele já foi condenado em primeira instância pelo sítio em Atibaia, sentença proferida pela juíza Gabriela Hardt, e o caso aguarda apenas a decisão do TRF4 (provavelmente favorável à sua condenação). Portanto, não se trata aqui de uma defesa do Lula Livre nem de estar contra a Lava-Jato. Mas, sim, do direito inexorável que todos os cidadãos têm de um julgamento justo.
Na terça 2, Moro (que, por sinal, não faz mais parte da Lava-Jato) ficou sete horas no Congresso respondendo a parlamentares sobre o caso. Repetiu o que tem dito nas últimas semanas: os diálogos divulgados foram fruto de um roubo, podem ter sido editados e, mesmo verdadeiros, não apontam nenhum tipo de desvio. A cada nova revelação, fica mais difícil sustentar esse discurso. Na sentença em que condenou Lula, o ex­-juiz anotou que “não importa quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você”. A frase cabe agora perfeitamente em sua situação atual. Levado ao Ministério da Justiça para funcionar como uma espécie de esteio moral da gestão Bolsonaro, ele ainda goza de grande popularidade, mas hoje depende do apoio do presidente para se manter no cargo. Independentemente do seu destino, o caso dos diálogos vazados representa uma oportunidade para que o país discuta os excessos da Justiça e o fortalecimento dos direitos do cidadão. Um país onde as instituições funcionam não precisa de nenhum Super-Homem.

Nota da redação: procurados por VEJA, Deltan Dalla­gnol e Sergio Moro não quiseram receber a reportagem. Ambos gostariam que os arquivos fossem enviados a eles de forma virtual, mas, alegando compromissos de agenda, recusaram-se a recebê-­los pessoalmente, uma condição estabelecida por VEJA. Mesmo sem saber o conteúdo das mensagens, a assessoria do Ministério da Justiça enviou a seguinte nota: “A revista Veja se recusou a enviar previamente as informações publicadas na reportagem, não sendo possível manifestação a respeito do assunto tratado. Mesmo assim, cabe ressaltar que o ministro da Justiça e Segurança Pública não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente e que configuram violação da privacidade de agentes da lei com o objetivo de anular condenações criminais e impedir novas investigações. Reitera-­se que o ministro sempre pautou sua atuação pela legalidade”.
FONTE: VEJA.com/ Colaboraram Leandro Demori, Victor Pougy, Nonato Viegas e Bruna de Lara
Publicado em VEJA de 10 de julho de 2019, edição nº 2642