sábado, 16 de março de 2019

Brasil: Após reclamação de ruralistas, Bolsonaro faz aceno à China

foto: SEM O DINHEIRO CHINÊS, A SOJA BRASILEIRA AFUNDA (FOTO: MARCELO CAMARGO/ABR/reprodução

Não foi à toa a mudança de tom de Jair Bolsonaro em relação à China. Na noite da quinta-feira 14, às vésperas de sua viagem aos Estados Unidos, por quem nutre um fetiche, o presidente mudou o tom em relação ao país asiático, até há pouco demonizado por ele e por integrantes de seu governo.
Bolsonaro anunciou a intenção de visitar a China e elogiou a nação “comunista”. 
“Como sempre disse na pré-campanha e na campanha, queremos nos aproximar do mundo todo. Os Estados Unidos podem ser com toda certeza um grande parceiro. O nosso grande parceiro econômico é China, em segundo lugar os Estados Unidos”.
A mudança de percepção tem a ver com as reclamações dos ruralistas, grandes apoiadores de Bolsonaro. Representantes de diversos setores do agronegócio estão alarmados com a beligerância contra os chineses, que compram todo ano 35 bilhões de dólares em produtos agrícolas do Brasil. 
Esta montanha de dinheiro é uma das principais responsáveis pelo lucro do setor, pelo superávit na balança comercial brasileira e pela entrada de divisas no País.
“Estamos comprando briga com nosso maior parceiro comercial e nem sabemos porque, só para imitar o Trump”, afirmou Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira e ex-secretário de comercialização e produção do Ministério da agricultura.

Os ataques à China vieram em péssima hora. Para resolver a guerra comercial com Washington, Pequim cogita fechar um acordo no qual se comprometeria a comprar anualmente 30 bilhões de dólares de produtos agropecuários dos Estados Unidos.


Especialistas têm a certeza de que os chineses deixariam em grande medida de adquirir commodities brasileiras para cumprir o acerto com os norte-americanos, o que comprometeria de vez qualquer possibilidade de recuperação no curto e médio prazo da economia do País. De chofre, levaria à bancarrota uma porção relevante de grandes produtores rurais.
As críticas do bolsonarismo à China “comunista” se avolumam desde a campanha eleitoral. Em outubro, ainda como candidato, Bolsonaro queixou-se de que o país “não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil”.

fonte:Carta Capital online 16/03/19 -12:06min.

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