domingo, 30 de abril de 2023

Cultura: O Brasil simples e feliz de Jair Rodrigues

 

O filme conta com depoimentos de amigos, músicos e familiares (Foto: Divulgação)

Será que o cantor Jair Rodrigues era tão feliz quanto demonstrava em shows e aparições públicas? Para Rubens Rewald, diretor do documentário Jair Rodrigues: Deixa que Digam, era sim. No filme que estreou este fim de semana nos cinemas, o cineasta faz esta pergunta a familiares, músicos e contemporâneos do artista paulista, e todos dizem que nunca o viram triste ou sem esperança.

A personalidade efusiva e o talento musical são as duas características que se destacam no filme, confirmando os depoimentos, que vão do rapper Rappin' Hood ao veterano produtor e pesquisador Zuza Homem de Mello (falecido em 2020, pouco depois da gravação), passando por artistas como Hermeto Pascoal e Roberta Miranda, que em momentos diferentes tiveram presentes na vida de Jair Rodrigues. 

O filme consegue fazer um bom retrato da vida de Jair Rodrigues, embora se perca no excesso de depoimentos, alguns muito longos, como os dos últimos músicos que tocaram com ele. Jair teve uma vida difícil antes do estrelato. Ele nasceu em 1939 em um canavial de Igarapava (SP) e trabalhou na roça até os 10 anos. Foi engraxate e alfaiate e chegou a fazer dupla sertaneja com seu irmão, tornando-se Jair e Jairo.

Foi descoberto na noite paulistana, atuando como crooner de boates - e logo identificado com o samba e a MPB. O filme mostra momentos marcantes como sua fase como apresentador no programa Fino da Bossa, ao lado de Elis Regina, depois do show Dois na Bossa, de 1965. E conta a história de hits como Deixa Isso Pra lá, de Alberto Paz e Edson Menezes – que foi recusada por Wilson Simonal; Disparada, de Geraldo Vandré e Theo de Barros e Sabiá, de Roberta Miranda.

A atuação política (ou a falta dela) e a militância negra de Jair Rodrigues são dois temas que aparecem do filme. “Jairzão não era um artista que se mostrou militante, mas nas entrelinhas, militava”, defende Rappin’ Hood.  Já o o músico e pesquisador Salloma Salomão diz que nos anos 70 não era possível ter um "ativismo contundente".  ”Os negros aprenderam a dosar o seu sentimento em relação ao racismo e alguns criaram arquétipos ou personagens”, afirma .

O doc também aborda o lado pessoal do cantor, em imagens íntimas ao lado do filho, Jairzinho, enquanto compunham juntos, e em shows com a participação de Luciana Mello. A sobre a longa relação do casal. Em cartaz no Cine Metha Glauber Rocha, 17h20.

Fonte: Correio da Bahia  - 30/04/2023

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