sábado, 4 de agosto de 2018

PT oficializa Lula em convenção, mas não define vice; Lula envia carta


Petistas formalizam Lula como candidato à presidência em São Paulo.
foto:reprodução Reuters
O PT cogitava o nome de Manuela D’Ávila (PCdoB), também candidata à presidência, como companheira de chapa e esperava-se que a decisão fosse anunciada em breve, mas na sexta a cúpula partidária, que visitou Lula em Curitiba, anunciou que pretendia deixar a decisão para daqui a alguns dias. Além de Manuela, Gleisi Hoffmann voltou a dizer que o Ciro Gomes, candidato do PDT, como vice - horas antes, o cearense havia lançado uma carta que parecia rechaçar a ideia, mas elogiava Lula.
Seja como for, o partido pode não conseguir empurrar a decisão tanto quanto gostaria.  Uma sinalização controversa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pode obrigar o partido a fechar a chapa até domingo. Lideranças do partido deram a entender que esta questão será discutida internamente após a convenção - após o rito de aclamação de Lula, o encontro foi fechado para a imprensa. O PROS e o PCO anunciaram apoio à chapa petista, sem, no entanto, pleitear a vice presidência.
O mantra da legenda foi repetido à exaustão pelos presentes: “Não existe plano B, não existe plano C, nosso plano é Lula”. Detido há mais de cem dias, o petista já demonstrou que o cárcere não é um obstáculo para suas articulações políticas. Resta ver até onde o partido pretende levar sua candidatura, que pode fazer água em breve quando o Tribunal Superior Eleitoral ou o Supremo Tribunal Federal julgarem a legalidade de sua candidatura.
O senador Lindbergh Faria (PT-RJ) defendeu que Lula seja mantido como candidato do PT independente de qualquer decisão da Justiça. “Se ele impugnarem a candidatura do Lula, por mim, a gente vai até o fim. Mesmo que ele seja eleito sub judice. Quero ver o povo eleger o Lula e o Judiciário não aceitar a vontade do povo. Esse povo se levantará!”, gritou. A tese defendida pelo parlamentar divide a legenda: parte da executiva nacional prefere que o partido troque o nome do ex-presidente pelo de outro candidato às vésperas do pleito.
O nome de Fernando Haddad, possível candidato do partido no lugar de Lula, foi um dos mais ovacionados pela militância. Na plateia uma dezena de cartazes com os dizeres “Marília [Arraes] governadora do Pernambuco” lembravam a todos que o acordo do PT com o PSB, que rifou a jovem candidata pernambucana, ainda era uma ferida não cicatrizada. O nome dela chegou a ser anunciado como a primeira a falar no evento, mas posteriormente a ordem foi trocada. Quando a lista com o nome de todos os candidatos a governador do partido foi lida, um coro de apoio a ela tomou conta do auditório por alguns minutos: “Marília! Marilia!”. O grito se repetiria por ao menos mais três vezes ao longo da convenção.
Carta
Companheiras e companheiros
Esta é a primeira vez em 38 anos que não participo pessoalmente de um encontro nacional do nosso partido. Mas sei que estou presente por meio de cada um de vocês, cada dirigente, delegado e militante do PT.
Ao longo desses 38 anos nós construímos a mais importante força política que este país já conheceu. Porque nascemos das bases, da classe trabalhadora da cidade e do campo, lutando pela democracia e pela justiça. E nunca, nunca mesmo, nos afastamos do povo.
Chegamos ao governo pelo voto, depois de um longo aprendizado, para transformar o Brasil. E transformamos. Vencemos a miséria e a fome. Levamos água para quem sofria com a seca e luz elétrica para quem vivia nas trevas. Levamos as crianças para a escola e os jovens – negros, pobres e indígenas – para a universidade.
São coisas que parecem simples em qualquer país civilizado, mas que representaram uma enorme diferença para nossa gente sofrida. E isso só foi possível porque sempre colocamos os trabalhadores e os mais pobres no centro das atenções do governo.
Criamos um dos maiores e melhores programas de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família. Aumentamos o valor real do salario mínimo. Levamos crédito para os trabalhadores, os aposentados e para aagricultura familiar. Criamos 20 milhões de empregos.
Nos muitos governos anteriores ao nosso, a imensa maioria da população era tratada como se fosse um
problema. Nós tratamos a nossa gente como solução, e por isso o Brasil mudou. Provamos que é possível fazer diferente e melhor do que sempre fizeram antes.
Hoje o nosso povo está sofrendo. A fome voltou a rondar os lares e muitos nem têm mais um lar: estão vivendo nas ruas, tornaram-se mendigos junto com os filhos. Milhões de trabalhadores desistiram de procurar emprego, porque não há. Milhões foram excluídos do Bolsa Família. As universidades e os hospitais vivem sua maior crise.
Hoje o nosso país está sendo vendido. Nossa Petrobrás, nosso pré-sal, a Eletrobrás, os bancos públicos; todos na fila para serem entregues a preço de banana aos grandes grupos estrangeiros, como já fizeram com a Embraer. Nossa politica externa voltou a ser ditada pelo Departamento de Estado norte-americano.
Hoje a nossa democracia está ameaçada. Há dois anos deram um golpe parlamentar para destituir a presidentaDilma Rousseff, rasgando a Constituição. Agora querem fazer uma eleição presidencial de cartas marcadas, excluindo o nome que está à frente na preferência popular em todas as pesquisas.
Já derrubaram uma presidenta eleita; agora querem vetar o direito do povo escolher livremente o próximo presidente. Querem inventar uma democracia sem povo.
Este encontro nacional do PT talvez seja um dos mais importantes em toda a história do nosso partido. É enorme a responsabilidade que temos pela frente. A decisão de hoje vai nos conduzir a uma luta sem tréguas pela democracia, pelo povo brasileiro e pelo Brasil. E a vitória dependerá do empenho de cada um de nós.
Gostaria de estar aí para abraçar cada companheira e
companheiro. Para agradecer por toda a solidariedade e principalmente por manterem aceso o espírito do PT, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. De onde me encontro, estou sempre renovando minha fé de que o dia do nosso reencontro virá, pela vontade do povo brasileiro.
Viva o Brasil!
Viva o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras!
Um abraço do Lula
Por Luiz Inácio Lula da Silva

Fonte:Site do PT nacional e Estadão

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