O ex- ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles participou, nesta sexta-feira (3/9), da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC Brasil), evento trumpista liderado no país pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Ao discursar, chamou pesquisadores de "bando de comunista" que "faz pesquisa sobre nada". Ele apontou que a verba internacional investida no país deveria ser melhor investida em bioeconomia.
"Bioeconomia a gente tem que trazer o setor privado. Tem que investir em livre iniciativa, em capital. Tem que ter investimento, não pegar essa grana toda internacional e dar para ONG e dar para acadêmico, um bando de comunista que fica fazendo pesquisa sobre nada e o dinheiro público indo embora", alegou.
Segundo o ex-ministro, o país tem pontos positivos em relação à mudança climática e à Amazônia.
"Temos muita coisa positiva para mostrar, mas acima de tudo temos que apresentar fatura para esses caras. O Brasil não tem que se curvar a esse pessoal que vem aqui apontar o dedo para o Brasil. Pessoal que usa energia suja, que queimou floresta, destruiu o meio ambiente e vem aqui dar lição moral. Nem pensar".
Ele destacou que é vergonhoso que brasileiros falem mal do país internacionalmente. "Mais vergonha dos brasileiros de vários lugares, de diversos setores da economia. Ao invés de defender o seu país, vão lá fora falar mal do Brasil. Dão entrevista exacerbando problemas. Não tô dizendo que não exista, mas inventam, distorcem e a gente tentando arrumar", justificou.
Salles ainda chamou de "ridícula" a carta enviada por ex-ministros do Meio Ambiente em junho, em que afirmaram que a "sustentabilidade socioambiental está sendo comprometida de forma irreversível por aqueles que têm o dever constitucional de garanti-la".
"O que ficou sendo o Ministério do Meio Ambiente? Resultado de várias gestões. Aqueles que assinam aquela cartinha ridícula dos ex-ministros da pasta. Todos que passaram por lá não fizeram nada pelo saneamento do Brasil, nada pela gestão do lixo, nada pelas pessoas que vivem na Amazônia. A Amazônia continuou sendo a região mais rica do Brasil com a população mais pobre. Essa turma está preocupada em viajar pela Europa, ganhar premiozinho lá na COP, ganhar troféu não sei aonde, bolsa de estudos, palestra, viagem, tudo mais. Foi aquilo que nós recebemos do Ministério do Meio Ambiente", disse.
Ele ainda criticou a ex-ministra da pasta do governo Lula, Marina Silva, afirmando que ela está "preocupada com a turma lá da Natura, do Itaú", mas não com a Amazônia. Destacou que o meio ambiente "não pertence à esquerda" e que a pobreza gerada pelos governos anteriores "é que faz o dano ao meio ambiente". "O Paulo Guedes em Davos falou que a pobreza e a miséria são os maiores inimigos do meio ambiente. Essa é a absoluta verdade".
Salles defendeu o governo de Jair Bolsonaro, disse que "deu match" porque o presidente é "um cara correto, fala a verdade, transparente e que sente o quê o Brasil precisa", e disse que trabalhou pelos produtores rurais "injustiçados".
"Ele ouviu na campanha que fez, rodando o Brasil inteiro, o quão injustiçado estavam sendo os produtores rurais, as pessoas que produzem. Aquela via crucis de você tirar uma licença, uma autorização. O presidente falou: 'Olha, você cuida do meio ambiente, mas cuida também das pessoas'", relatou.
O ex-ministro alegou também que encontrou um ministério "aparelhado pela esquerda", que nunca se preocupou com o saneamento no país, o que teria mudado com o marco legal do saneamento aprovado no governo.
Referindo-se aos defensores do meio ambiente, disse que só falam de dois assuntos: "Amazônia" e "mudança do clima", e que querem "discutir o mundo em 2050, mas que o dia a dia é mais importante".
"Por quê? Porque é a Amazônia e a mudança do clima que paga viagem internacional, seminário, patrocínio para as pesquisas deles que não acabam nunca. Agora, cuidar de lixo e saneamento, botar o pé na lama lá, entrar numa comunidade de uma favela e ver que tem uma criança pisando em esgoto enquanto o cara quer discutir como é que vai tá o mundo em 2050? Negativo, o dia a dia aqui é mais importante".
Doação carimbada
Salles disse que a maior parte dos recursos internacionais que vem para o Brasil são "carimbados". "A turma de esquerda internacional, com vários apoiadores aqui no Brasil, gente de banco, de academia, de vida pública, combina lá fora a doação, entre aspas, para o Brasil e a doação já vem carimbada: 'Ó, tá aqui o dinheiro'. E o cara faz um escarcéu: 'Tô dando dinheiro para o Brasil, não sei quantos bilhões'. Fundo Amazônia, Fundo isso... E eles dizem para quem você tem que dar", acrescentou, contando que não citaria nomes.
Defendeu a mineração, a regularização fundiária na Amazônia, a exploração de terras indígenas, o "desenvolvimento sustentável de verdade" e negou que a atividade destrua a Amazônia. "Essa história de dizer que tratar do assunto 'mineração na Amazônia' é destruir a Amazônia: negativo. Quando Bolsonaro assumiu, já haviam quase 900 pontos ilegais de mineração conhecidos na Amazônia, imagina os desconhecidos. Então não foi ele quem abriu a porta para a destruição da floresta amazônica. Isso é mentira. A verdade é que a mineração e o garimpo já estavam lá. O indígena, alguns não querem, isso tem que ser reconhecido, mas uma boa parte quer. O indígena não quer ser tratado como uma animal da pedra lascada", continuou.
"Precisa colocar o desenvolvimento sustentável de verdade, não esse blá blá blá de que vai criar rede de venda de semente. Tem que ter dinamismo econômico de verdade, tem que ter mineração bem feita, indústria madeireira bem feita, tem que ter transporte hidroviário, ferroviário bem feito. Transmissão de energia elétrica. Até hoje não deixam fazer linha de Tucuruí", reclamou.
Por fim, disse que os EUA chamam "deserto" de "área protegida"; e que "dois anos e meio de um governo Bolsonaro não muda essa herança maldita que a esquerda deixou. Precisa de mais tempo", concluiu.
fonte: O ESTADO DE MINAS C/ADAPTAÇÕES 04/09/2021
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