O fechamento das fábricas da Ford no Brasil gerou imensa repercussão, com diversos setores da sociedade se posicionando acerca da decisão estratégica e comercial da empresa.
O meio político não ficou de fora, e vários membros do Legislativo e Executivo deram sua opinião. Um deles foi o Presidente da República, Jair Bolsonaro, que criticou a companhia alegando “falta de verdade” nas justificativas para a saída.
O mal-estar, entretanto, não parece se estender às compras da Presidência, já que praticamente toda a frota que transporta Bolsonaro vem da empresa de Detroit. Em 2019 e 2020, inclusive, mais modelos da marca foram comprados pelo Planalto.
Namoro antigo
O carro-chefe (com o perdão do trocadilho) da frota presidencial é Ford desde os tempos de PT. Foi durante o segundo mandato do ex-presidente Lula que o antigo Chevrolet Omega deu espaço a um Fusion, cedido gratuitamente pela filial brasileira.
Quando o empréstimo acabou, Lula retornou ao Omega brevemente. No Salão do Automóvel de 2010, entretanto, o comodato foi renovado, com novas unidades, agora de versões híbridas, sendo entregues anualmente.
Os Fusion da Era Lula foram aos poucos incorporados ao resto da comitiva presidencial. Um deles chegou a se envolver num acidente em julho de 2020, colidindo com a calçada entre o Palácio do Planalto e da Alvorada.
Durante seu curto mandato, Michel Temer voltou a usar o Omega (ano 2011), modelo que havia sido o carro presidencial desde FHC até Lula. A preocupação com a segurança de Bolsonaro, entretanto, fez com que seu Gabinete de Segurança Institucional, pouco depois das eleições de 2018, abrisse edital para adquirir 30 novos carros para as comitivas do Presidente e seu vice, Hamilton Mourão.
Em janeiro de 2019, o Ford Fusion venceu o Hyundai Azera, Honda Accord e Toyota Camry e levou a licitação. Foram adquiridas 30 unidades do sedã mexicano, sendo 12 altamente blindadas. Um dos motivos para tantos carros é que a comitiva presidencial deve ser formada por, no mínimo, cinco veículos idênticos, a fim de dificultar a identificação de qual deles carrega o chefe do Executivo.
Reeleição
Jair Bolsonaro parece ter gostado tanto do motor 2.0 EcoBoost que, em maio de 2019, abriu uma nova licitação para adquirir mais 29 sedãs, dedicados ao transporte próprio, do seu vice e respectivas famílias.
Ao todo, foram comprados mais 17 Fusion blindados e 12 convencionais. O domínio do sedã foi tão grande que nem sequer houve concorrentes de outra marca na licitação, que custou mais de R$ 6 milhões aos cofres públicos.
O primeiro revés da Ford na Era Bolsonaro só ocorreu em julho, quando a Frontier levou a melhor sobre a Ranger em licitação que buscava adquirir quatro caminhonetes para os seguranças presidenciais. As duas picapes são fabricadas na Argentina.
Mesmo assim, caso Jair Bolsonaro perca o gosto pelos Ford terá problemas a curto prazo, já que recentemente mais de cinco Ford Edge ST, importado do Canadá com motor 2.7 biturbo e 335 cv de potência, foram adquiridos.
Em suas aparições públicas, é cada vez mais comum o uso do SUV, em detrimento do sedã, que deixou de ser importado em 2019 e saiu de linha no mundo inteiro em 2020. Foi inclusive num desses utilitários, tabelado em 351.950 em sua versão não-blindada, que o Presidente chegou ao seu ‘cercadinho’ na última quarta-feira, quando criticou a Ford.
Toda relação tem seus momentos turbulentos e nem mesmo o prestígio da marca junto aos últimos governantes – que só usaram carros importados – demoveu a Ford do plano de fechar as fábricas no Brasil.
fonte:MSN/Revista 4 Rodas - 15/01/2021
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