Foto: Divulgação
Torres nasceu na cidade de Sátiro Dias
Depois de duas tentativas frustradas, o escritor baiano Antônio Torres foi eleito nesta quinta-feira (7), com 34 votos, para a Academia Brasileira de Letras.
O novo imortal ocupará a cadeira 23, fundada pelo primeiro presidente da ABL, Machado de Assis, e com tradição baiana: foi ocupada por Otávio Mangabeira, Jorge Amado e Zélia Gattai antes de pertencer ao jornalista carioca Luiz Paulo Horta, que morreu em agosto.
“É o começo de uma nova etapa na minha vida. Um momento muito especial entrar para uma casa para escritores, um lugar do pensamento, em que se trabalha bastante. E não deixa de ser o coroamento de uma carreira”, ele comemorou.
“Meu contato com a casa aumentou desde 2000, quando recebi o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra (o mais prestigioso da ABL). Foi a academia que me disse que eu tenho uma obra. Até então, não tinha me dado conta”, contou ainda o escritor, que tem muitos amigos entre os imortais, como Nélida Piñon, Arnaldo Niskier, Domício Proença, Antonio Carlos Secchin e os baianos João Ubaldo Ribeiro e Eduardo Portella, além da presidente, Ana Maria Machado. “Ele merecia há muito tempo”, disse Ana Maria após a decisão.
Trinta
e seis dos 39 integrantes votaram, presencialmente e por carta. Dois
votaram em branco. Com a eleição, a academia está agora com suas 40
cadeiras ocupadas. É o primeiro romancista “à vera” eleito em uma
década - de lá para cá, predominaram poetas, ensaístas, jornalistas e
escritores que fizeram não só romances.
Favorito na disputa,
Torres, que tem 73 anos, derrotou cinco candidatos que não tinham cabos
eleitorais: Blasco Peres Rêgo, Eloi Angelos Ghio, José William Vavruk,
Felisbelo da Silva e Wilson Roberto de Carvalho de Almeida. Ele já
havia tentado ingressar na casa em 2008, quando Horta foi eleito, e em
2011, ano em que o vencedor foi o jornalista Merval Pereira. “Tentei
pela primeira vez porque amigos meus da Bahia me convenceram de que a
cadeira tinha tradição baiana”, lembrou.
Torres nasceu num
pequeno povoado, hoje a cidade de Sátiro Dias, no interior da Bahia, em
13 de setembro de 1940. Em Salvador, tornou-se repórter do “Jornal da
Bahia”. Aos 20 anos, se mudou para São Paulo, cidade em que trabalhou
na “Última Hora”, antes de mudar para a área de publicidade. Depois
radicou-se no Rio. Passou então a se dedicar somente à literatura. Ele
publica seus livros há quatro décadas e foi traduzido na América
Latina, Europa e Estados Unidos.
Na França, foi condecorado,
em 1998, Chevalier des Arts et des Lettres, distinção dada a pessoas
que contribuem para o desenvolvimento das artes e das letras na França
e no mundo. O primeiro dos onze romances foi aos 32 anos: o romance “Um
cão uivando para a lua”, considerado pela crítica um dos melhores de
1972.
Em 1976, “Essa terra”, sobre o impacto da cidade grande
sobre o migrante nordestino, foi aclamado. Em 2007, saiu “Minu, o gato
azul”, para crianças. Em 2007, lançou “Sobre Pessoas”, reunião de
crônicas, perfis e memórias. Foram 16 títulos publicados; um novo
romance está no forno há anos, segundo ele.
Fonte:Correio da Bahia
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