Mensagens de e-mail e compartilhadas através de celulares e redes sociais têm mantido em alerta os membros da 31ª Companhia Independente da Polícia Militar, em Valéria.
De acordo com PMs ouvidos pelo CORREIO, as primeiras mensagens foram disparadas por colegas da Central de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar (Centel), na quarta-feira, depois de serem informados de que o traficante Adailson Souza Lima - o Roceirinho -, preso em Serrinha, estava oferecendo dinheiro para quem executasse PMs.
O alerta foi dado depois que, na segunda-feira, cinco suspeitos de envolvimento com o comércio de drogas em Valéria morreram em confronto com policiais. Entre os mortos estão Jeanderson Brandão Mocovo, o Tiribí, apontado como líder do tráfico na localidade da Bolachinha, e seu comparsa Henrique Soares Santos, o Arigó. Os outros não tiveram os nomes divulgados.
“Recebemos informações de que vão matar policiais, que vão invadir a companhia, mas acho que não tem fundamento. Já comandei locais problemáticos, como Sussuarana, onde também tivemos boatos, mas nunca houve ataques”, declarou o tenente-coronel Roberto Pinto, comandante da 31ªCIPM.
Apesar de minimizar a situação, o comandante adotou precauções para a tropa. “Orientamos os policiais para que fiquem atentos. A gente tem que fazer o serviço e ir embora. Inclusive, pedi a um soldado que sempre vai ver a sogra nos finais de semana para deixar de vir em Valéria por enquanto”, contou Pinto.
“O líder do bando é Roceirinho e tem mais de 15 integrantes que comandam um tráfico violento, mas a polícia está aqui para dar tranquilidade”, completou.
Ontem pela manhã, apenas policiais da 31ªCIPM faziam a ronda no bairro. Enquanto alguns disseram não temer o que chamaram de boatos, outros se mostraram mais cautelosos. “Diante de tantos comentários, devemos ficar atentos”, disse um sargento, pedindo anonimato.
Ao seu lado, outro PM disse que as viúvas dos traficantes mortos estariam envolvidas nas ameaças. “Dizem que elas estão com o dinheiro para pagar a quem matar um policial. O dinheiro é de Roceirinho”.
Um terceiro policial reclamou da estrutura de trabalho: “A polícia está defasada. Enquanto circulamos com pistolas, eles (bandidos) estão de fuzis e submetralhadoras”.
Esta imagem se espalhou por emails e celulares de PMs desde a quarta-feira
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Mensagens
Segundo o relato dos policiais, na tarde de quarta-feira, a Centel recebeu ligações de moradores de Valéria informando sobre o plano de traficantes para atacar PMs. Daí, foi criada uma mensagem de alerta, que logo se espalhou entre os colegas.
Segundo o relato dos policiais, na tarde de quarta-feira, a Centel recebeu ligações de moradores de Valéria informando sobre o plano de traficantes para atacar PMs. Daí, foi criada uma mensagem de alerta, que logo se espalhou entre os colegas.
Ainda na noite de quarta-feira, a 31ª CIPM ganhou o reforço de equipes das Rondas Especiais (Rondesp), Apolo e Gêmeos para realizar o patrulhamento em Valéria. Policiais da 31ªCIPM que estavam de folga voltaram ao serviço. Apesar disso, ninguém foi preso.
“Eram muitas viaturas. Carros identificados e outros chapas-frias. Revistavam várias pessoas. O clima ficou realmente tenso”, disse o vendedor ambulante Floriano da Paixão, 53 anos.
Em nota, a assessoria de comunicação da PM informou que “a confecção do referido ‘alerta’ não partiu dos órgãos de comunicação’ da corporação. “Toda informação relacionada à segurança da sociedade e do policial militar é analisada pelo Serviço de Inteligência da PM com o propósito de apurar a sua veracidade e subsidiar a tomada de decisão. No caso de Valéria, as ações da PM naquela área estão relacionadas ao clima de instabilidade que se implantou na comunidade”, diz a mesma nota, se referindo aos confrontos de segunda-feira.
Fogo Naquele dia, de acordo com a polícia, cerca de 15 suspeitos circulavam na Bolachinha e trocaram tiros com os policiais. Depois da morte dos três traficantes, outros bandidos ordenaram o fechamento do comércio de Valéria.
Além disso, dois ônibus foram incendiados na BR-324, na entrada do bairro. Na terça-feira, apesar do policiamento reforçado nas ruas do bairro, cinco escolas não tiveram aula.
Depois de mortes, ônibus foram queimados no bairro de Valéria
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Suspeito de ordenar ataques está preso
O traficante Adailson Souza Lima, o Roceirinho, que supostamente ofereceu recompensa pela execução de PMs, foi preso em setembro do ano passado num hotel em Ondina e está no Presídio de Serrinha. De acordo com o Departamento de Narcóticos, além de controlar a venda de drogas em Valéria, ele atuava no Baixo Sul da Bahia. Roceirinho também é acusado de ordenar a chacina de cinco pessoas em Itaparica, em 2010.
O traficante Adailson Souza Lima, o Roceirinho, que supostamente ofereceu recompensa pela execução de PMs, foi preso em setembro do ano passado num hotel em Ondina e está no Presídio de Serrinha. De acordo com o Departamento de Narcóticos, além de controlar a venda de drogas em Valéria, ele atuava no Baixo Sul da Bahia. Roceirinho também é acusado de ordenar a chacina de cinco pessoas em Itaparica, em 2010.
Antes de ser preso, ele vivia numa mansão com a mulher e uma filha, no Condomínio Parque do Jacuipe, no Litoral Norte. Roceirinho foi flagrado pela polícia com R$ 168 mil em espécie, junto com o comparsa Vilmar Florência, o Dona Vilma. Segundo o delegado Jorge Figueiredo, então diretor do Denarc, o dinheiro era fruto da arrecadação de uma semana de um dos pontos de tráfico controlados por Roceirinho. Mesmo preso, segundo a polícia, ele comanda o tráfico de Valéria.
Fonte:Bruno Wendel / CorreiodaBahia
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