Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o
coronel reformado Paulo Magalhães, 76, admitiu nesta terça-feira (25) que
torturou, matou e ocultou cadáveres de presos políticos na ditadura
militar. Ele assumiu ter atuado na chamada Casa da Morte, centro
clandestino mantido pelo Exército em Petrópolis, na região serrana do
Rio.
Magalhães defendeu a tortura como método de
interrogatório e descreveu a mutilação de corpos para evitar que fossem
identificados. “A tortura é um meio. Se o senhor quer saber a verdade,
o senhor tem que me apertar”, disse o coronel ao ex-ministro José
Carlos Dias, integrante da Comissão da Verdade. “Naquela época não
existia DNA. Quais são as partes que podem identificar um corpo? Arcada
dentária e digitais”, afirmou, referindo-se às mutilações de cadáveres.
Magalhães admitiu que ocultou corpos na ditadura
militar (Foto: Reprodução) |
Chamando
os presos de “terroristas”, Magalhães disse não ter nenhum
arrependimento das mortes. “Essas pessoas eram guerrilheiras. Não eram
pessoas normais. Não foram presas porque jogavam bola de gude”, disse.
Questionado sobre a operação para ocultar os restos mortais do
ex-deputado Rubens Paiva, em 1971, o coronel voltou atrás e desmentiu
entrevistas aos jornais “O Globo” e “O Dia” em que assumiu a ação.
Disse ter dado uma versão falsa para tranquilizar a família. Malhães se
recusou a apontar nomes de vítimas e não contou quantas pessoas matou.
Alegou ter o dever de proteger militares que foram seus colegas ou
superiores. A frieza do depoimento chocou os integrantes da comissão,
que vieram de Brasília ao Rio para apresentar um relatório sobre a Casa
da Morte.
“Com tantos anos de advocacia, eu me choquei com a
descrição da mutilação de dedos e arcadas dentárias para desaparecer
com os corpos”, afirmou José Carlos Dias. “Eu não diria que ele foi
corajoso. É um exibicionista, um sádico”, acrescentou o ex-ministro.
Fonte:CorreiodaBahia
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