segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Morre Delfim Netto: de superministro a aliado de Lula, economista fez história no Brasil

Delfim Netto
Reprodução/Youtube
Delfim Netto

 O Brasil perdeu nesta segunda-feira (12) um dos seus maiores economistas e políticos, Antonio Delfim Netto , que faleceu aos 96 anos em São Paulo. Conhecido por seu papel de destaque durante a ditadura militar e pela influência que exerceu em diversos governos ao longo de sua extensa carreira, Delfim Netto deixa um legado complexo e duradouro na economia nacional.

Carreira e Formação

Nascido em 1º de maio de 1928, no bairro do Cambuci, em São Paulo, Delfim Netto era neto de imigrantes italianos. Desde jovem, mostrou uma inclinação para a economia, escrevendo para jornais locais enquanto estudava na Escola Técnica de Comércio Carlos de Carvalho. Formou-se na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (FEA-USP), onde também obteve a livre docência e a cátedra de Teoria do Desenvolvimento Econômico. Sua carreira acadêmica foi marcada por trabalhos significativos, como o livro "O Problema do Café no Brasil", que discutia a importância do café na economia brasileira.

Ministro e “Superministro”


Delfim Netto iniciou sua trajetória política e econômica em cargos estaduais e federais. Em 1967, tornou-se Ministro da Fazenda do governo do general Artur da Costa e Silva, assumindo um papel central no chamado “milagre econômico” brasileiro. Durante seu tempo no ministério, adotou políticas que, apesar de terem impulsionado o crescimento econômico e a industrialização, também resultaram em disparidades sociais e aumento da dívida externa.

Seu período como superministro foi marcado por medidas que visavam controlar a inflação e estimular o crescimento, como o congelamento de preços e a criação de novos órgãos de fiscalização. A política econômica, no entanto, começou a mostrar sinais de estresse com o choque do petróleo em 1973, que afetou gravemente a economia brasileira.

“Exílio” e Retorno

Após sua saída do ministério em 1974, Delfim foi nomeado embaixador do Brasil em Paris, cargo que ocupou até 1978. Após retornar ao Brasil, teve uma segunda passagem como ministro, desta vez da Agricultura e depois do Planejamento, durante o governo de João Batista Figueiredo. Seu segundo período como “superministro” enfrentou o desafio da crise econômica global e a alta inflação, resultando em descontentamento e protestos.

Carreira Política e Profissional

Após a redemocratização, Delfim Netto tornou-se deputado federal por cinco mandatos consecutivos, inicialmente como constituinte. Embora tenha se aproximado de diferentes governos ao longo dos anos, desde o apoio a Fernando Collor até a colaboração com o governo de Michel Temer, sua postura crítica e seus posicionamentos ajudaram a moldar o debate econômico do país.

No campo acadêmico e de consultoria, Delfim continuou a influenciar a economia brasileira com seu trabalho e suas opiniões, sendo uma figura frequente em debates públicos e colaborando com diversos institutos de pesquisa.

Legado e Reconhecimento


Delfim Netto é lembrado como uma figura controversa, cujas políticas contribuíram para um crescimento econômico sem precedentes, mas também foram acompanhadas por desafios significativos e desigualdades. Seu impacto na economia brasileira e na política foi profundo, e suas análises e contribuições continuarão a ser estudadas e debatidas.

A perda de Delfim Netto marca o fim de uma era para a economia brasileira. Ele deixa um legado de inovação, controvérsia e profundo conhecimento econômico. Além de sua carreira, Delfim é lembrado pela sua vasta obra escrita, incluindo livros e artigos que continuam a influenciar o debate econômico no Brasil.

Delfim Netto deixa sua esposa, Gervásia Diório, uma filha, Fabiana Delfim, e um neto, Rafael. Seu falecimento é sentido por todos que acompanharam e foram impactados por sua longa e influente carreira.

Fonte: PORTAL IG - 12/08/2024

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