Ramos Horta -foto:reprodução
Enviado ao freezer por Dilma Rousseff, o diplomata Eduardo Saboia, que organizou e executou a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada basileira em La Paz, ganhou um simpatizante de peso. Recebeu uma carta de solidariedade de ninguém menos que o jurista timorense José Ramos-Horta, Prêmio Nobel da Paz de 1996.
Eduardo Sabóia revela ser um continuador corajoso do legado de coragem do
Mártir Brasileiro, Mártir da ONU, Sérgio Vieira De Mello, cuja morte ha 10 anos
num atentado terrorista em Bagdade, nos celebramos no Rio no dia 19 de
Agosto.“
Jose Ramos-Horta
Prémio Nobel de Paz
Presidente da República, Timor-Leste (2007-2012)
Primeiro Ministro e Ministro de Defesa (2006-2007)
Ministro de Relações Externas (2001-2006)
Fonte: Blog Josias Souza - 06.09.13
Enviado ao freezer por Dilma Rousseff, o diplomata Eduardo Saboia, que organizou e executou a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada basileira em La Paz, ganhou um simpatizante de peso. Recebeu uma carta de solidariedade de ninguém menos que o jurista timorense José Ramos-Horta, Prêmio Nobel da Paz de 1996.
Afastado do posto de encarregado de Negócios do Brasil na capital boliviana e
alvejado por um processo disciplinar no Itamaraty, Saboia foi comparado por
Ramos-Horta a dois personagens notáveis da diplomacia mundial:
O Nobel da Paz anotou: “A coragem do diplomata Eduardo Sabóia fez-me lembrar
o cônsul português Sousa Mendes, em Bordéus, França, o qual com extraordinária
coragem salvou a vida de 30 mil Judeus durante o período da II Grande Guerra,
emitindo-lhes passaportes contra as instruções do ditador provinciano Oliveira
Salazar.”
Ele acrescentou: “Eduardo Sabóia revela ser um continuador corajoso do legado
de coragem do mártir brasileiro, mártir da ONU, Sérgio Vieira De Mello, cuja
morte há dez anos num atentado terrorista em Bagdad, nós celebramos no Rio no
dia 19 de Agosto.”
Ex-presidente do Timor Leste, Ramos-Horta foi um dos convidados de honra do
debate promovido pela ONU no mês passado, no Rio, para cultuar a memória de
Vieira de Mello, ex-alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos
morto num atentado terrorista em Bagda em 2003.
Na carta que endereçou a Saboia, Ramos-Horta escreveu que não conhece os
antecedentes do senador boliviano Roger Molina. Mas afirmou que confia na
avaliação do Itamaraty, que não o recepcionaria numa de suas instalações se não
soubesse o que estava fazendo. “Sei que o Brasil não recebe ninguém na embaixada
sem justa causa, sendo os brasileiros tão prudentes, muito meticulosos como
sempre são na gestão de dossiês complexos e delicados.”
O jurista timorense recordou no texto que conheceu em Genebra o embaixador
aposentado Gilberto Saboia, pai de Eduardo Saboia. “Me lembro como ele esteve
sempre do lado da nossa luta pelos direitos humanos, pela vida, pela dignidade.”
Anotou que, ao tomar conhecimento do gesto do filho, associou-o pelo sobrenome à
imagem do pai.
Ramos-Horta descreveu a operação planejada por Eduardo Saboia assim: “[…] Em
plena noite e de muita chuva, assumindo riscos, resgatou um político boliviano,
refugiado na embaixada do Brasil em La Paz durante 450 dias, transportado-o para
a Terra de Ipiranga, esse grande Brasil…”
Depois que Saboia desembarcou o senador Molina no Brasil, Dilma atacou-o em
público e achegou-se a Evo Morales em privado. A entrada de Ramos-Horta na
polêmica pode não aliviar a tempestade funcional que se abateu sobre Saboia. Mas
deixou o diplomata em melhor companhia. Vai abaixo a íntegra da carta do Nobel
da Paz:
No Itamaraty, um diplomata merecedor do honroso legado de coragem
do mártir Sérgio Vieira De Mello.
O nome dele: Eduardo SABÓIA, diplomata brasileiro, daquele famoso Itamaraty,
o Ministério de Relações Externas do Brasil, que produz os melhores diplomatas
do Mundo.
Conheci o pai dele o Embaixador Gilberto Sabóia, diplomata agora jubilado,
que foi o Representante do Brasil em Genebra durante muitos anos. Um senhor
alto, magro, muito reservado, discreto. Assim me lembro dele e me lembro como
ele esteve sempre do lado da nossa luta pelos direitos humanos, pela vida, pela
dignidade.
Assim quando ouvi falar sobre o incidente envolvendo um diplomata Brasileiro
de nome Saboia, que em plena noite e de muita chuva, assumindo riscos, resgatou
um político Boliviano, refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz durante 450
dias, transportado-o para A Terra de Ipiranga, esse grande Brasil, pensei que
seria alguém relacionado com aquele Embaixador alto, magro, elegante, discreto,
simples que conheci. Vim a saber que era filho.
Não conheço os detalhes do antecedente, isto e, o dossier do senador
Boliviano. Mas sei que o Brasil não recebe ninguém na Embaixada sem justa causa,
sendo os Brasileiros tão prudentes, muito meticulosos como sempre são na gestão
de dossiers complexos e delicados.
A coragem do diplomata Eduardo Sabóia fez-me lembrar o Cônsul Português Sousa
Mendes, em Bordéus, França, o qual com extraordinária coragem salvou a vida de
30 mil Judeus durante o período da II Grande Guerra, emitindo-lhes passaportes
contra as instruções do ditador provinciano Oliveira Salazar.
Jose Ramos-Horta
Prémio Nobel de Paz
Presidente da República, Timor-Leste (2007-2012)
Primeiro Ministro e Ministro de Defesa (2006-2007)
Ministro de Relações Externas (2001-2006)
Fonte: Blog Josias Souza - 06.09.13
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