A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira um assessor do Ministério do Trabalho e Emprego e sete membros da organização não governamental (ONG) Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), que é ligada à Cúria Metropolitana de São Paulo e possui 12 unidades no Estado e no Rio de Janeiro. Na operação “Pronto Emprego”, Gleide Santos Costa foi preso com R$ 30 mil de propina num hotel de São Paulo. Ele é assessor da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego. Eles permanecerão detidos por cinco dias, segundo informou a Agência Brasil. Um dos presos seria padre.
Segundo a PF, foram comprovadas irregularidades no repasse de R$ 47,5 milhões para a ONG, que recebia os recursos do ministério por meio de um convênio, para criar centros públicos de emprego e qualificação de trabalhadores. No entanto, com o dinheiro recebido, a ONG contratava – por meio de cotações irregulares – empresas de propriedade do próprio responsável pela ONG. As empresas não
executavam os serviços contratados.
Foi presa também a presidente do Ceat, Jorgette Maria de Oliveira, em cuja residência a PF realizou buscas e apreendeu carros de luxo das marcas Audi e Land Rover. Ela estava comprando mercadorias da China, que seriam revendidas numa loja da rua 25 de Março, para, segundo investigadores, lavar o dinheiro.
“O assessor fazia liberação do convênio. Verificamos uma relação muito próxima desse assessor com o gestor da ONG. Uma relação beirando a promiscuidade. Uma relação que não cabe: do gestor do dinheiro público com o tomador do dinheiro”, destacou o delegado responsável pela investigação, Alberto Ferreira Neto. O assessor foi preso hoje em um hotel na capital paulista. Ontem, ele havia se reunido com os integrantes da ONG.
A Polícia Federal fez busca e apreensão em 37 locais; entre eles, dois gabinetes do Ministério do Trabalho, em Brasília. A operação, denominada Pronto-Emprego, que teve início em janeiro, além de constatar o desvio de dinheiro, identificou lavagem de dinheiro.
“As empresas selecionadas irregularmente contratavam, por exemplo, empresas de publicidade, que devolviam o dinheiro, no mesmo dia, ao gestor da ONG, a título de prestação de serviços de consultoria”, explicou o delegado. Dessa forma, o dinheiro chegava ao gestor da ONG de forma limpa. Em seguida, o dinheiro era usado na compra de produtos no exterior, para venda no Brasil
Os presos responderão por quatro crimes: corrupção, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato, cuja soma das penas pode chegar a 37 anos. A Polícia Federal informou que cerca de 150 policiais federais e auditores do Tribunal de Contas da União trabalharam nas investigações. O Ministério do Trabalho foi procurado e não se manifestou até o fechamento da matéria.
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