J.F. Diorio/Estadão /reprodução - 15/7/2013
O jornalista e escritor Fernando Morais
Jornalista e autor de biografias célebres como a de Olga Benário,
Assis Chateaubriand e Paulo Coelho, Fernando Morais disse que cansou
mesmo de sua segunda ocupação. A criação do grupo Procure Saber, que
tem em sua formação personalidades como Caetano Veloso, Chico Buarque e
Paula Lavigne e que é contra a liberação de biografias sem autorização
dos personagens, foi a gota d’água, disse ele em Fortaleza, onde fez,
no fim da tarde de ontem, a abertura do 1.º Festival Nacional de
Biografias.
"Paulo Coelho costuma dizer que não existe coincidência, e não é
coincidência que a gente esteja aqui, hoje, discutindo biografias num
momento em que figuras célebres pretendem se transformar em censores.
Não devemos ter medo de dar nome às coisas, e o que eles estão fazendo
é tentar impor a censura prévia", disse o escritor.
Um pouco antes de começar o debate mediado por Paulo Cesar de
Araújo, biógrafo de Roberto Carlos, ele contou que o livro que está
escrevendo sobre o ex-presidente Lula, que sairia para o Natal mas que
ficará para depois das eleições, será o último. "Depois, vou vender
caju na praça Buenos Aires. Vou pedir emprego em jornal, mas não
escrevo mais." Morais contou que tem caixas e mais caixas com pesquisas
para possíveis novas biografias, mas que vai dar de presente para os
biógrafos mais novos.
O escritor não tinha planos de ir a Brasília na próxima semana,
quando será realizada uma audiência pública no Supremo Tribunal
Federal. "Mas se precisar, eu vou. Agora, não mais por mim. Estou
defendendo o direito dos outros."
De Fortaleza, Fernando Morais pretende sair com uma carta endereçada
à ministra Carmen Lucia. "Vou propor que a gente faça um texto único,
curto, que será assinado pelos 11 biógrafos presentes e enviado à
ministra para que ela veja a gravidade do que está a julgar."
Ele se diz cético. "Em geral, sou muito pessimista quanto ao que vem
dos juízes. Tanto que disse a José Dirceu que ele seria condenado no
julgamento do mensalão e preso. E o que está acontecendo?"
Fonte:Estadão
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