Inspirada no Ciência Sem Fronteiras, iniciativa também quer incentivar o ingresso em mestrado e doutorado no Brasil
O Ministério da Educação (MEC) vai lançar um programa de intercâmbio
internacional para negros, indígenas e pessoas com deficiência. O
programa também fomentará o ingresso em mestrado e doutorado no Brasil
de pessoas com esse perfil, com objetivo de aumentar o número de
professores.
Batizado de Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento,
ele será uma espécie de Ciência Sem Fronteiras (CsF) - que já levou 38
mil estudantes para o exterior. Entretanto, enquanto o CsF é focado em
áreas como Engenharia e Exatas, o novo programa dá prioridade às
Humanas, como o combate ao racismo, igualdade racial, história
afro-brasileira e indígena, acessibilidade, inclusão ações afirmativas.
O orçamento e o número de bolsas ainda não foram definidos. Segundo
o governo, as bolsas internacionais serão definidas com base na seleção
das instituições e na capacidade delas para receber os estudantes.
Também depende da demanda de estudantes brasileiros. Somente 11,3% dos
negros com 18 a 24 anos frequentavam ou já haviam concluído o ensino
superior em 2012 - entre os brancos esse porcentual era de 27,4%
Para incentivar o ingresso desses alunos na pós-graduação no Brasil,
o MEC vai criar cursos preparatórios. A ideia é que haja a
possibilidade de curso de leitura e produção de textos acadêmicos em
português e em língua estrangeira, metodologia e projeto de pesquisa.
Também há previsão de assistência estudantil.
Segundo Macaé dos Santos, secretária de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), do MEC, é a primeira
vez que uma política pública prioriza a inclusão na pós-graduação.
"Estamos trabalhando em busca da equidade. Nossa meta é que negros,
indígenas e também pessoas com deficiência tenham a mesma representação
dentro da universidade."
Flink. O novo modelo será lançado oficialmente pelo ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, no domingo durante a Flink Sampa
Afroétnica. O evento, que começa hoje em São Paulo, é organizado pela
Faculdade Zumbi dos Palmares.
O reitor da Zumbi, José Vicente, vê com entusiasmo a iniciativa. "É
uma ideia importante, que vai ao encontro às demanda de qualificação",
diz. "O Ciência Sem Fronteiras dificilmente permitiria o acesso do
negro, pela exclusão do jovem negro nas áreas prioritárias do programa.
E não podemos esperar dez anos", completa.
O programa homenageia um dos pioneiros do movimento negro no Brasil.
Abdias Nascimento foi ator, diretor, dramaturgo e político. Morreu em
2011, aos 97 anos.
Fonte: Estadão
0 comentários:
Postar um comentário