Foto: Ailma Teixeira/reprodução
Para o filósofo francês Luc Ferry, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva é responsável direto pelos resultados propectados
pela sucessora, Dilma Rousseff. “A popularidade de Lula, que se
beneficiou de um crescimento econômico e distribuiu muito dinheiro,
tornou as coisas difíceis para sua sucessora”, opinou, que mostrou
conhecer o quadro econômico e político do Brasil. Com mais de 80 livros
publicados em suas pesquisas sobre amor e religião, dentre outros
assuntos, o filósofo defende uma filosofia acessível para todos. “Eu
escrevi 80 livros, metade deles para o grande público. Passei anos a
traduzir e comentar grandes filósofos. Não sinto a necessidade de ser
obscuro”, explica. Ferry concedeu uma entrevista coletiva à imprensa na
tarde desta terça-feira (15), no Hotel Sheraton. Ao lado do filósofo,
também estavam presentes o diretor de Relações Instituições da Braskem,
Carlos Parente, e o gerente de Relações Instituições da Braskem na
Bahia, Hélio Tourinho. Ferry é a atração da segunda edição do projeto
Fronteiras Braskem do Pensamento, que acontece nesta quarta (16), no
Teatro Castro Alves, às 20h30.
Sua obra é alvo de
críticas de filósofos pela linguagem simples. Para Ferry, o filósofo tem
um papel triplo atualmente. O primeiro deles seria compreender o que
ele considera o maior fenômeno da sociedade atual, a globalização. Em
seguida, a tarefa de “estabelecer as regras do jogo”, que ele define
como criar uma sociedade pacífica entre os seres. Por último, a árdua
tarefa de descobrir o que é uma vida boa para os mortais. A conferência
de Ferry terá como tema “A Revolução do Amor”, título do seu livro mais
recente. O filósofo já se apresenta falando sobre o sagrado. “Por que e
por quem vocês estariam prontos para morrer?”, questiona aos ouvintes. A
resposta vem dele mesmo: “Na história do mundo, o sagrado é aquilo pelo
qual nós morremos. (...) Hoje existem crentes e patriotas, mas não como
antigamente. Para nós, os ocidentais, os únicos seres pelos quais
aceitaríamos morrer são pessoas”, defende.
Na foto, Hélio Tourinho, Carlos Parente e Luc Ferry | Foto: Ailma Teixeira/reprodução
Em janeiro de 2015, o jornal francês Charlie Hebdo perdeu 12
funcionários entre cartunistas e jornalistas, vítimas de um ataque
jihadista. Ferry, que defende que a França é um dos países mais
tolerantes da Europa – sendo o único o laico –, não diz se essa
tolerância foi abalada após o ataque, mas fala orgulhoso da proibição do
uso do véu na escola pública. “Na Europa foi a laicidade que acabou com
as guerras”, explica. Em defesa do amor, Ferry destaca o que ele chama
de secularização do casamento por amor, quando a religião perde
influência no âmbito social. Segundo ele, 60% dos casamentos acabam em
divórcio na Europa. “Sem as crianças seriam 90%”, comenta.
Julgado como
um filósofo de direita, Ferry se defende: “Não sou de direita, nem de
esquerda, eu não quero nem saber”, brinca. Ele explicou que esteve em um
governo centrista quando foi ministro da Juventude, Educação Nacional e
Pesquisa da França, de 2002 a 2004, e fez questão de dizer que não
votou em Nicolas Sarcozy, candidato de direita, ao contrário de outros
filósofos franceses contemporâneos. “Se apenas os imbecis não trocam de
ideia, eu sou um imbecil porque nunca mudei”, afirma em tom brincalhão.
Fonte:Coluna Cultura do BN/reprodução
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