Ao menos um a cada cinco estudantes no 3º ano do ensino
fundamental da escola pública não atinge níveis mínimos de alfabetização
em leitura, escrita e matemática. Esse número foi obtido com base nos
dados da ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização), divulgados nesta
quinta (17) pelo MEC (Ministério da Educação). A ANA é uma avaliação
diagnóstica para o Pnaic (Programa Nacional de Alfabetização na Idade
Certa).
O MEC apresentou os resultados da ANA em percentuais por
nível de proficiência (o quanto os alunos sabem): em leitura, 22,21%
estão no nível 1 -- o que significa que 1 a cada 5 alunos não está no
padrão mínimo. Na área de leitura, 34,46% deles estão nos níveis 1, 2 e 3
de escrita -- ou seja, 1 a cada 3 estudantes não atende o padrão
mínimo. Já em matemática, o resultado é mais dramático: 57,07% estão nos
níveis 1 e 2.
Para se ter uma ideia, uma criança que esteja no nível 3 de escrita já
consegue escrever uma frase, mas não alcança a produção de um texto. Em
leitura, um aluno no nível 1 consegue ler as palavras, mas não
compreende o texto. No caso de matemática, o aluno abaixo do nível 4 não
fazer contas com números de três algarismos, como 345 + 220.
Parâmetro dos professores
No programa de formação dos professores do Pnaic, os parâmetros são
mais modestos -- apesar de a meta ser a excelência, com o nível 4.
Dentro do Pnaic, o aluno que estiver no nível 2 de leitura e de
matemática e no nível 3 de escrita são considerados alfabetizados. Esse é
o parâmetro utilizado no trabalho de formação dos professores das
escolas públicas, segundo a coordenadora da formação de professores
do Pnaic em Pernambuco, a professora Telma Ferraz Leal
da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e o coordenador no Paraná,
Emerson Rolkouski, da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
"Quando se fala em alfabetização, há várias formas de conceber [esse
conceito]", diz Telma. Ela explica que, por exemplo, no senso comum, um
aluno está alfabetizado quando reconhece as letras e forma palavras -- o
que estaria no nível 1 de leitura. No entanto, dentro do Pnaic, há uma
concepção de que deve haver leitura e produção de textos num nível mais
avançado.
O mesmo vale para matemática: o nível 2 é considerado
suficiente. Mas os professores são formados para atingir o nível 4,
conta Emerson. "O percentual no nível 4 representa uma parcela que
acertou as questões mais difíceis. Um aluno que chegue ao nível 4 é
excepcional", diz o professor da UFPR.
A ANA foi aplicada a
todos os alunos do 3º ano do ensino fundamental -- ano que finaliza o
ciclo de alfabetização nos padrões do governo. O aluno dessa etapa teria
oito anos, se não teve reprovação ou não deixou os estudos. Os
resultados divulgados nesta quinta são de avaliações aplicadas em 2014 e
o MEC cancelou a avaliação de 2015. Segundo a pasta, o cancelamento se deu por motivos pedagógicos. E especialistas chamaram a atenção para certo abandono do Pnaic.
Fonte:Uol/educação
imagem:reprodução/google
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