foto:Leiliane Matos/arquivo pessoal/reprodução
Policiais militares investigados pelo sequestro do jornalista Romano do Anjos são alvos da operação Pulitzer, deflagrada na manhã desta quinta-feira (16), em Boa Vista (Veja abaixo quem são). O crime foi em outubro de 2020.
A ação é do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Romano dos Anjos
foi sequestrado de casa na noite do dia 26 de outubro e localizado vivo,
com braço quebrado e lesões nas pernas, na manhã do dia seguinte.
São cumpridos sete mandados de prisão - seis contra policiais militares,
entre eles, um coronel aposentado e um major, e 14 ordens de busca e apreensão expedidos pela Justiça. Entre os alvos, há, ainda,
um ex-servidor da Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR)
à época do crime.
Os mandados de prisão são contra:
- Paulo Cesar de Lima Gomes - coronel da PM (aposentado) - (preso)
- Vilson Carlos Pereira Araújo - major da PM - (preso)
- Nadson José Carvalho Nunes - subtenente da PM - (preso)
- Clóvis Romero Magalhães Souza - subtenente da PM - (preso)
- Gregory Thomaz Brashe Júnior - sargento da PM - (mandado
- ainda não cumprido)
- Thiago de Oliveira Cavalcante Teles - soldado da PM - (mandado
- ainda não cumprido)
- Luciano Benedito Valério - ex-servidor da Ale-RR - (mandado ainda
- não cumprido)
A maioria dos militares investigados trabalhavam para o deputado Jalser
Renier (Solidaridade) que, na época do sequestro, era presidente
da Ale-RR, conforme apurou a Rede Amazônica. Ainda não se sabe
se o parlamentar é investigado.
Procurado, Jalser Renier informou que "a escolha dos policiais militares
para compor a casa Militar da Assembleia Legislativa segue critérios
técnicos e todos os militares escolhidos são idôneos, com ficha
exemplar. Enfatiza que acredita na Justiça e espera que o caso
seja solucionado a contento."
Romano dos Anjos estava em casa com a esposa, que também é jornalista, quando quando três homens armados e encapuzados entraram no imóvel.
Em depoimento, ele disse que os sequestradores usaram técnicas policiais
para render ele e a esposa, estavam com radicomunicadores e usavam expressões policiais.
Em nota, a Polícia Militar informou que "não compactua com comportamentos que não sigam os preceitos da honra e pundonor militares e que se for comprovado envolvimento de militares no caso, serão tomadas as medidas pertinentes pela corporação militar."
O nome da operação faz referência ao prêmio internacional Pulitzer, que é concedido a pessoas que realizam trabalhos de excelência na área de jornalismo.
A operação é executada por 100 agentes públicos, dentre policiais militares, policiais civis, membros e servidores do MPRR.
Policiais na casa de um coronel da PM investigado pelo sequestro do jornalista Romano dos Anjos, em Boa Vista — Foto: Marcelo Marques/Rede Amazônica
Relembre o sequestro do jornalista
O sequestro do jornalista Romano dos Anjos, de 40 anos, ocorreu
na noite do dia 26 de outubro. Ele foi levado de casa no próprio carro
. O veículo foi encontrado pela polícia queimado cerca de uma hora
depois.
Ele teve as mãos e pés amarrados com fita e foi encapuzado pelos suspeitos. Romano passou a noite em uma área de pasto e dormiu
próximo a uma árvore na região do Bom Intento, zona Rural de
Boa Vista. Na manhã do dia 27, ele começou a andar e foi encontrado
por um funcionário da Roraima Energia.
O delegado Herbert Amorim, que conversou com o jornalista no trajeto do
local onde foi encontrado até o Hospital Geral de Roraima (HGR),
disse que depois de ter sido abandonado pelos bandidos, Romano
No HGR, ele relatou aos médicos ter sido bastante agredido com
pedaços de pau.
No dia, a Polícia Civil afirmou, em coletiva à imprensa, que ele poderia
ter sido vítima de integrantes de facção. No entanto, a polícia não
descartou outras linhas de investigação, como motivação política
ou por Romano trabalhar como jornalista de um programa policial.
Quatro dias após o sequestro, o governador de Roraima, Antonio
Denarium (PP), foi até a Polícia Federal pedir que a instituição investigasse
o crime, afirmando que o jornalista havia citado ele e um senador
no depoimento à Polícia Civil.
No dia 28 de janeiro a Polícia Federal em Roraima divulgou nota à imprensa o pedido para instauração de inquérito "foi indeferido, não se verificando elementos que subsidiassem eventual atribuição da Polícia Federal
no caso."
O sequestro era investigado pela Polícia Civil numa força-tarefa, que
prorrogou o trabalho por ao menos três vezes. O inquérito corria em
segredo de Justiça.
Jornalista Romano dos Anjos — Foto: Rede Social/Reprodução
O que dizem os citados:
- Deputado Jalser Renier
O Deputado Estadual Jalser Renier esclarece estar surpreso e informa
que desconhece o teor das investigações. Explica que a escolha dos
policiais militares para compor a casa Militar da Assembleia Legislativa
segue critérios técnicos e todos os militares escolhidos são idôneos,
com ficha exemplar. Enfatiza que acredita na Justiça e espera
que o caso seja solucionado a contento.
- Polícia Militar:
A Polícia Militar informa que a investigação sobre o Caso do jornalista
Romano dos Anjos corre em segredo de justiça por parte do Ministério
Público Estadual e da Polícia Civil, e somente após a conclusão do
Inquérito e o acesso às informações, é que deverão ser abertos os procedimentos administrativos referentes aos policiais militares
supostamente envolvidos no caso.
A PM esclarece ainda que não compactua com comportamentos que
não sigam os preceitos da honra e pundonor militares e que se for
comprovado envolvimento de militares no caso, serão tomadas as
medidas pertinentes pela corporação militar.
- Defesa do coronel Paulo Cesar:
O advogado que acompanhou a ação na casa do coronel Paulo
Cesar informou que ainda não teve acesso aos autos, por isso,
não tem como se manifestar sobre o assunto.
Promotor do MP e policiais na casa de PM investigado por sequestrar Romano dos Anjos — Foto: Marcelo Marques/Rede Amazônica
FONTE: G1.COM/REPRODUÇÃO 16/09/2021
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