sexta-feira, 16 de setembro de 2011

São Paulo: " Nos chamaram de ladrão" diz diretor do DEIC que apura o roubo no Itaú

Hermano Freitas/portal Terra




O diretor do Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic) da Polícia Civil de São Paulo, Nelson Silveira Guimarães, não escondeu nesta sexta-feira o mal estar criado pelo descrédito que a demora nas investigações sobre o roubo a cofres da agência do Itaú na avenida Paulista gerou sobre o órgão. Especialmente a abertura de uma investigação paralela no 69° Distrito Policial (Teutônio Vilela). "Nos chamaram de ladrões, aquilo magoou muito", disse o delegado, citando notícias veiculadas sobre a suposta participação ou conivência de agentes da Polícia Civil nesta ação.

Ontem, o delegado Ruy Ferraz Fontes, do 69º DP, foi afastado das funções porque seus procedimentos estão sob suspeição. A Corregedoria Geral da Polícia Civil deve instaurar procedimento administrativo para investigar a forma com que Fontes atuava em casos de roubo ao Itaú em áreas de outros distritos policiais.

A Corregedoria também deve apurar desencontros ocorridos entre o 78º DP e o Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic) no episódio. A explicação para a dupla apuração, que começou mais de uma semana atrasada por uma suposta falha da polícia, era a experiência de Fontes, que foi titular por muitos anos da delegacia de Roubo a Banco do Deic e que teria informações capazes de solucionar o crime de forma mais rápida.

A coletiva de imprensa para divulgar a prisão, na quinta-feira, de um suspeito de envolvimento no crime foi tensa. "Se esta entrevista descambar para os problemas entre o Deic e o 69° DP, eu levanto e vou embora. Na primeira pergunta, eu levanto desta cadeira e vou embora", advertiu.

Ele declarou que a decisão de evitar o assunto era motivada pela posição do Secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, que afastou Fontes. Comenta-se nos bastidores que o delegado seria desafeto declarado do secretário de Geraldo Alckmin (PSDB).

Entre uma resposta e outra aos repórteres, o policial alfinetava. "O Deic saiu atrás, o Deic chegou na frente", afirmou, sobre a prisão de um pedreiro de 29 anos na quinta. Os policiais chegaram até o suspeito após identificarem o seu irmão como um dos autores do roubo. Com ele, foram encontradas joias, pedras preciosas, e cerca de R$ 30 mil em libras esterlinas. Os itens, segundo a polícia, seriam para o pedreiro "calar a boca".

O delegado ainda provocou as vítimas do roubo, ocorrido no final do mês passado, que estariam procurando serviços de inteligência profissional estrangeiros na tentativa de reaver seus pertences. "Na hora em que chegarem estes serviços de inteligência a São Paulo e vierem aqui pedir informação, vamos dar um mapinha para eles não se perderem", debochou.

O assalto ocorreu entre a noite de 27 de agosto e a madrugada do dia seguinte, mas só cinco dias depois a delegacia de roubo a bancos do Deic foi acionada. Como os cofres eram particulares, não foi realizado um levantamento completo sobre os bens levados, mas a polícia acredita em um prejuízo de milhões de reais em joias. O alarme estava desligado e o botão de pânico foi desativado pelos criminosos, que foram até o subsolo do prédio e chegaram a pedir lanches durante a ação. Reportagem do portal Terra.

0 comentários:

Postar um comentário