domingo, 1 de julho de 2012

Mundo: Porta-voz do movimento que marca eleição no México vota pela primeira vez






                                                                   Rafael Miranda mostra a tinta preta no dedo, usada para evitar fraude                                                                                      Foto: Eliel Ortiz/ Divulgação
Quando chegou a uma seção eleitoral do sul da Cidade do México, Rafael Miranda, 18 anos, se queixava de dor nas pernas. No dia anterior, havia caminhado durante seis horas em uma marcha do movimento estudantil "Yo soy 132", que agitou a campanha eleitoral no país. Rafael, estudante do Tecnológico de Monterrey, é um dos porta-vozes do movimento. Ontem ele participou, com centenas de outros jovens, da ultima manifestação universitária antes do início da jornada eleitoral mexicana contra um suposto favorecimento midiático ao candidato do PRI.
Mais que cansado, Rafael admitiu que estava nervoso. Na fila de espera de votar, apontou para as urnas que continham os votos em papel. "Aqui estão definidos os próximos seis anos do país", disse ao Terra.
Para escolher seu candidato, ele diz que pesquisou e comparou as propostas. Até fez um curso de análise de expressão corporal para entender as nuances por trás das atitudes e discursos dos candidatos. Acabou decidido pelo esquerdista Andrés Manuel López Obrador, do PRD, para ele o mais transparente, "porque, entre outras coisas, apresentou os membros do gabinete desde o início, e informou com quem pretendia trabalhar".
Na sua vez de votar, Rafael apresentou aos funcionários da seção o documento recentemente tirado junto ao Instituto Federal Eleitoral. Votou primeiro para presidente, logo para deputados e senadores (além da eleição presidencial, haverá 15 eleições locais e renovação da Câmara de Deputados e Senado). "Dá muito nervoso, são vários fatores juntos, entre eles o fato de ser meu primeiro voto, e também a importância de votar em um momento de tantos problemas no país", afirmou. Seus pais, Iliana e Rafael, votaram pouco antes.
"Respeitamos a decisão dele e achamos ótimo ele participar desse movimento. Na minha época, essas ações eram mais reprimidas", contou o pai do jovem. Na saída, o estudante exibiu o dedo marcado com tinta preta temporariamente indelével. Com o voto em papel, a marcação é uma prática ainda em vigor no México para evitar que uma pessoa vote mais de uma vez, em diferentes seções eleitorais. "Espero que meu voto faça a diferença", contou.
As denúncias de fraudes e compras de votos são uma preocupação recorrente entre os eleitores. Rafael afirma que o povo mexicano já demonstrou com as marchas sua insatisfação, mas falta que os políticos respeitem sua vontade. Para o estudante, segurança, emprego e educação deveriam ser os pilares do governo do próximo presidente mexicano.
"O movimento cresceu mais que o esperado. Há muito tempo não se via uma união dessa magnitude entre estudantes de universidades públicas e privadas. Isso chama muito a atenção e é o que nos faz seguir adiante e incluir ao máximo os cidadãos. A ideia, explica, é que o movimento continue mesmo após as eleições. "Queremos que seja um movimento permanente, que siga buscando a verdade e que os jovens continuem sendo escutados", ambiciona.
E isso vale inclusive, diz Rafael, no caso de que as previsões das pesquisas de opinião se concretizem e os mexicanos consagrem Enrique Peña Nieto nas urnas. "Primeiro vamos querer comprovações de que não houve fraude nas eleições. E, caso ele seja um presidente legitimo, tentaremos dialogar. Ele terá que escutar nossas propostas. Os jovens já nao podem ficar sem voz", completa.

Fonte:ElisaMartins do portal Terra/reprodução

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