Jogando como centroavante, o presidente Bolsonaro recebeu passe de Wiliam Batoré, pela direita, e tocou de esquerda para o fundo das redes. 
© Alex Silva/Estadão Jogando como centroavante, o presidente Bolsonaro recebeu passe de Wiliam Batoré, pela direita, e tocou de esquerda para
 o fundo das redes. 

O presidente fez a declaração depois de 

participar de um jogo de futebol em Santos,

 uma das 19 cidades paulistas que 

descumpriram o decreto do governador

 João Doria (PSDB) que determina medidas 

restritivas.

Depois da partida, Bolsonaro parou para

 falar com jornalistas, disse que todos 

estavam de máscara, menos ele, e falou que

 as pessoas não podem se esconder no

 vírus. "Não adianta a gente se esconder do

 vírus. Temos que ter cuidado com os 

idosos e quem tem comorbidades. Este

 vírus vai ficar entre nós a vida toda. Não

 aguentamos mais um

 lockdown, mais medidas restritivas. Quebra

a economia. Não temos mais capacidade de nos endividar", disse o presidente. "Sei que a vida não tem preço e lamento as mortes. Mas não precisamos ficar com este pavor todo", concluiu.

Presidente participou de tradicional jogo beneficente organizado pelo ex-jogador Narciso na Vila Belmiro, em Santos. 
© Alex Silva/Estadão Presidente participou de tradicional jogo beneficente organizado pelo ex-jogador Narciso na Vila Belmiro, em Santos. 

Sobre a vacina, disse que assinou "um cheque

 de R$ 20 bilhões". "Tem um monte de

 urubu de olho nele. Ou você acha que todo

 mundo está de boa intenção?" Ele

 aproveitou a deixa para criticar, 

mais uma vez, Doria: "Aqui tem um presidente que não tem medo da verdade, não está fazendo 

demagogia, não está com máscara no estúdio

 e quando está em Miami está sem 

máscara. É um presidente diferente, que

 não está preocupado com 2022. 2022 é

 problema do eleitor."

Indagado por repórteres sobre a manutenção 

do auxílio emergencial no ano que vem,

 Bolsonaro repetiu: "Estamos no limite da

capacidade de endividamento", afirmou.

 "O maior auxílio '

que posso dar para o povo é trabalho. Mas

 aí quando falo em CLT me criticam. Vai ser

 patrão no Brasil. Não é fácil ser patrão no Brasil."

O presidente citou, em tom elogioso, as

 pessoas que foram às ruas e se negaram

 a cumprir medidas restritivas em Fortaleza (CE), Manaus (AM) e Búzios (RJ).

Bolsonaro participou do jogo beneficente 

"Natal Sem Fome", promovido há 15 anos pelo ex-jogador Narciso, do Santos, no estádio da Vila Belmiro. Ele jogou pouco mais de cinco minutos e 

marcou um gol. Jogando como centroavante, recebeu passe de Wiliam Batoré, pela direita, e 

tocou de esquerda para o fundo das redes.

 A defesa adversária ficou parada 

esperando um impedimento que não 

houve – o presidente estava atrás da linha 

da bola. O técnico do time foi o ex-jogador

 Clodoaldo, do Santos e da seleção brasileira.

O presidente Bolsonaro jogou pouco mais de cinco minutos e marcou um gol. 
© Alex Silva/Estadão O presidente Bolsonaro jogou pouco mais de cinco minutos e marcou um gol. 

Um jornalista fez uma comparação entre a 

jogada e a importância do Centrão, grupo 

de partidos que sustenta Bolsonaro na Câmara, e o

 presidente respondeu. "Se eu não tiver apoio 

de algum deles não tenho como sonhar

 aprovar uma proposta de emenda à 

Constituição e quem bota parlamentar em 

Brasilia são vocês. Eu fui do Centrão no 

passado. Fui do PP, do PTB, PSC. Então essa

história de querer genericamente 

desqualificar parlamentares não é por aí", disse. O presidente defendeu o bloco alvo de

 denúncias de corrupção. "É a mesma coisa

 do time do Santos. Se um ou outro joga mal

, não posso falar mal do time todo", afirmou.

Indagado sobre a disputa pela presidência 

da Câmara, em que Arthur Lira (PP-AL), 

apoiado pelo Centrão e pelo Planalto, vai

 disputar com um nome do grupo de 

Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro disse que vai "cumprimentar quem vencer".

O presidente também aproveitou o

 ambiente futebolístico para reclamar das

 críticas pelo uso de palavras racistas. Ele

 disse que no vestiário, antes do jogo, 

Clodoaldo contou que Pelé era chamado 

de "Negão" pelos colegas e isso era normal.

 "A gente não pode mais fazer brincadeira

 no Brasil. Tudo é preconceito, racismo. 

Ninguém está querendo desqualificar 

ninguém mas nós fomos acostumados 

a nos tratar dessa maneira", afirmou o 

presidente.

Ao final da entrevista, ele foi questionado

sobre qual sua mensagem de fim de ano ao povo brasileiro: "Mensagem? É do coração. 

Paz, amor, tranquilidade. Vamos lá, pô! 

Essa vida é uma só."

fonte:Estadão -29/12/2020 08h:35min.