SANTOS - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 28, que o Brasil não aguenta mais um lockdown em razão da pandemia da covid-19. Perguntado se haverá auxílio emergencial no ano que vem, disse que o País está no limite do endividamento. Ele ainda elogiou as pessoas que decidiram desrespeitar os decretos de isolamento em algumas cidades, disse que não adianta "se esconder do vírus" nem
ter "pavor" da doença e exaltou sua atuação durante a pandemia. "Não errei uma. Zero",
disse Bolsonaro.
O presidente fez a declaração depois de
participar de um jogo de futebol em Santos,
uma das 19 cidades paulistas que
descumpriram o decreto do governador
João Doria (PSDB) que determina medidas
restritivas.
Depois da partida, Bolsonaro parou para
falar com jornalistas, disse que todos
estavam de máscara, menos ele, e falou que
as pessoas não podem se esconder no
vírus. "Não adianta a gente se esconder do
vírus. Temos que ter cuidado com os
idosos e quem tem comorbidades. Este
vírus vai ficar entre nós a vida toda. Não
aguentamos mais um
lockdown, mais medidas restritivas. Quebra
a economia. Não temos mais capacidade de nos endividar", disse o presidente. "Sei que a vida não tem preço e lamento as mortes. Mas não precisamos ficar com este pavor todo", concluiu.
Sobre a vacina, disse que assinou "um cheque
de R$ 20 bilhões". "Tem um monte de
urubu de olho nele. Ou você acha que todo
mundo está de boa intenção?" Ele
aproveitou a deixa para criticar,
mais uma vez, Doria: "Aqui tem um presidente que não tem medo da verdade, não está fazendo
demagogia, não está com máscara no estúdio
e quando está em Miami está sem
máscara. É um presidente diferente, que
não está preocupado com 2022. 2022 é
problema do eleitor."
Indagado por repórteres sobre a manutenção
do auxílio emergencial no ano que vem,
Bolsonaro repetiu: "Estamos no limite da
capacidade de endividamento", afirmou.
"O maior auxílio '
que posso dar para o povo é trabalho. Mas
aí quando falo em CLT me criticam. Vai ser
patrão no Brasil. Não é fácil ser patrão no Brasil."
O presidente citou, em tom elogioso, as
pessoas que foram às ruas e se negaram
a cumprir medidas restritivas em Fortaleza (CE), Manaus (AM) e Búzios (RJ).
Bolsonaro participou do jogo beneficente
"Natal Sem Fome", promovido há 15 anos pelo ex-jogador Narciso, do Santos, no estádio da Vila Belmiro. Ele jogou pouco mais de cinco minutos e
marcou um gol. Jogando como centroavante, recebeu passe de Wiliam Batoré, pela direita, e
tocou de esquerda para o fundo das redes.
A defesa adversária ficou parada
esperando um impedimento que não
houve – o presidente estava atrás da linha
da bola. O técnico do time foi o ex-jogador
Clodoaldo, do Santos e da seleção brasileira.
Um jornalista fez uma comparação entre a
jogada e a importância do Centrão, grupo
de partidos que sustenta Bolsonaro na Câmara, e o
presidente respondeu. "Se eu não tiver apoio
de algum deles não tenho como sonhar
aprovar uma proposta de emenda à
Constituição e quem bota parlamentar em
Brasilia são vocês. Eu fui do Centrão no
passado. Fui do PP, do PTB, PSC. Então essa
história de querer genericamente
desqualificar parlamentares não é por aí", disse. O presidente defendeu o bloco alvo de
denúncias de corrupção. "É a mesma coisa
do time do Santos. Se um ou outro joga mal
, não posso falar mal do time todo", afirmou.
Indagado sobre a disputa pela presidência
da Câmara, em que Arthur Lira (PP-AL),
apoiado pelo Centrão e pelo Planalto, vai
disputar com um nome do grupo de
Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro disse que vai "cumprimentar quem vencer".
O presidente também aproveitou o
ambiente futebolístico para reclamar das
críticas pelo uso de palavras racistas. Ele
disse que no vestiário, antes do jogo,
Clodoaldo contou que Pelé era chamado
de "Negão" pelos colegas e isso era normal.
"A gente não pode mais fazer brincadeira
no Brasil. Tudo é preconceito, racismo.
Ninguém está querendo desqualificar
ninguém mas nós fomos acostumados
a nos tratar dessa maneira", afirmou o
presidente.
Ao final da entrevista, ele foi questionado
sobre qual sua mensagem de fim de ano ao povo brasileiro: "Mensagem? É do coração.
Paz, amor, tranquilidade. Vamos lá, pô!
Essa vida é uma só."
fonte:Estadão -29/12/2020 08h:35min.
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