Para cada 10 verificações publicadas nos meses de outubro, novembro e dezembro pelo Projeto Comprova - uma coalizão de combate à desinformação da qual o CORREIO faz parte -, 3,7 eram textos, vídeos e outras postagens tentando desacreditar as vacinas em teste contra o coronavírus. Quanto mais próximos de chegar a um imunizante, mais desinformação circula sobre ele - e não foi só nos últimos três meses que os anti-vacina distribuíram mentiras sobre a grande aposta do mundo contra a pandemia. Das 239 verificações publicadas de março a 25 de dezembro, 38 - ou seja, 15,8% - eram conteúdos falsos ou enganosos sobre vacinas desenvolvidas no mundo inteiro.
As alegações foram variadas: desde críticas direcionadas à CoronaVac - umas das 13 vacinas desenvolvidas na China, esta em parceria com o Instituto Butantan - até afirmações mentirosas de que as vacinas são produzidas com DNA de fetos abortados, de que elas são capazes de promover danos genéticos, alterações neurológicas, provocar câncer, infectar pessoas com o HIV, promover mudanças de gênero e sexualidade, provocar a Paralisia de Bell, matar pessoas indiscriminadamente para reduzir a população mundial.
A primeira checagem feita pelo Comprova sobre o assunto foi ainda em abril - lá no início das medidas restritivas para o Brasil. O conteúdo circulava tentando fazer as pessoas acreditarem que as vacinas teriam microchips de controle social da população. Mais recentemente, as vacinas também foram acusadas de ser ineficazes, inseguras e até desnecessárias para as pessoas que já tiveram a covid-19, o que não é verdade. Veja abaixo algumas das ‘teorias’ mais disseminadas ao longo deste ano sobre a vacina e conheça o que especialistas dizem sobre o assunto. E confira aqui todas as verificações feitas este ano pelo Projeto Comprova.
4. Sem relação comprovada com Paralisia de Bell
5. Vacina não é plano para reduzir a população
Mais de uma postagem na rede foi alvo de verificações do Comprova por afirmarem que o objetivo das vacinas era matar as pessoas e reduzir a população mundial. O professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração, Jorge Kalil, afirmou que isso se trata de teoria da conspiração. “Nunca houve nenhum tipo de vacina responsável pela morte de muitas pessoas. Isso nunca existiu”, afirma. Kalil acrescenta que a vacina é a alternativa mais adequada para frear o contágio do novo coronavírus, porque as pessoas vão ficar imunizadas, deixarão de adoecer e de transmitir o vírus.
6. Vacina não infectou voluntários com o HIV
8. As testadas no brasil tiveram fase pré-clínica
9. Já ter tido covid-19 não dispensa a vacina
Especialistas ouvidos pelo Comprova afirmaram que ainda não há conhecimento suficiente sobre a imunidade para deixar de vacinar as pessoas que já tiveram covid-19, diferente do que afirma uma sequência de posts no Twitter. O imunologista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina André Báfica afirma que ainda não há conhecimento sobre o índice de imunidade natural fornecido pelo coronavírus e, por isso, quando a vacina estiver disponível, mesmo quem já teve a doença deve tomá-la. “Se a gente tivesse uma resposta clara de que a pessoa que se infectou está protegida, igual na catapora, ótimo. Não é o caso”. Especialista em desenvolvimento de vacinas de DNA vírus pela Fiocruz, Rafael Dhalia afirma que “se a imunidade celular por si só conferisse total proteção, não existiriam casos de reinfecção pelo SARS-Cov-2”.
10. É falso que a China não usará a própria vacina
Não é verdade que a China não vai usar a própria vacina em sua população, como afirmam posts desmentidos pelo menos duas vezes pelo Comprova. O país tem pelo menos 13 imunizantes em desenvolvimento - não apenas a CoronaVac, que no Brasil conta com o apoio do Instituto Butantan. Além disso, a China já utiliza suas próprias vacinas, em caráter emergencial, em grupos de profissionais em alto risco - como médicos e profissionais de saúde. Além do Brasil, a Indonésia, o Chile, a Turquia e a própria China pretendem usar a CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac.
fonte: Correio da Bahia - 27/12/2020 18h:08min.
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