quarta-feira, 9 de março de 2022

Jaguaripe: Dono de pousada estava incomodado com aproximação entre esposa e ex-detenta

                                           foto:reprodução

Presos no ano passado após condenação por roubo e extorsão a uma mulher em Salvador, o empresário Leandro Silva Troesch e a esposa, Shirley da Silva Figueredo, deixaram o presídio em momentos distintos. Ela saiu primeiro. Dois meses depois, foi a vez dele. No entanto, ao retornar à famosa Pousada Paraíso Perdido, em Jaguaripe, no Recôncavo baiano, Leandro não gostou de encontrar Shirley convivendo com uma ex-detenta, com quem passou os dias na prisão.



Shirley havia dado moradia e emprego a estelionatária Maqueila Santos Bastos, que saiu da prisão junto com ela. “Leandro não queria Maqueila na pousada, tanto que a mandou embora. Ela é perigosíssima. Era uma das lideranças do Presídio Feminino de Salvador. Maqueila tem mais de 30 inquéritos e 10 processos”, contou o delegado Rafael Magalhães, titular da delegacia de Jaguaripe. A polícia apura que tipo de relação as duas mantinham.

No período em que Maqueila permaneceu na pousada, Leandro e Shirley não se entendiam. “Brigavam bastante. Ele não gostava de encontrar com a estelionatária”, disse o delegado. A ex-detenta já estaria agindo na região. “Encontramos na pousada animais trazidos por ela sem documentação alguma, como cavalos, bois, típico de negociações ilícitas”, explicou Magalhães. 


De acordo com a polícia, dez dias após a expulsão de Maqueila da pousada, Leandro foiencontrado morto com um tiro na cabeça em um dos quartos da pousada. Nesse dia,Shirley disse, em um depoimento inicial à polícia, que o caso se tratava de um suicídio.Masquando a polícia precisou ouvi-la pela segunda vez, Shirley já havia deixado a cidadesem comunicar à Justiça. Ela estava em prisão domiciliar, e existia uma medida cautelar quea impedia de sair da pousada sem a permissão judicial, o que levou a Justiça a decretar a suaprisão. Maqueila também não foi mais localizada e poderá também ser presa. “Preciso tomar odepoimento dela. Ela conviveu aqui dias antes de tudo acontecer. Deve ter algo que possaacrescentar à nossa investigação. Não a encontramos em lugar algum e, por isso, faz-senecessário a prisão para que possamos interrogá-la”, declarou o delegado Magalhães.Morte de funcionárioNa segunda (7), foi divulgada a morte de um funcionário deLeandro, identificado incialmente como Marcel. Pelo menos dois homens têm envolvimento noassassinato de Marcel. Segundo a Polícia Civil, um traficante e um usuário de drogasparticiparam da execução da vítima.Marcel foi encontrado morto no domingo (6), no distritode Camassandi, no mesmo município. Ele era o ‘braço direito’ do empresário e chegou a serouvido pela polícia após a morte de Leandro, mas seria ouvido mais uma vez no domingo.Odelegado responsável pelo caso disse ainda que não descarta nenhuma possibilidadepara o crime, inclusive o fato de a vítima ter sido morta por representar uma ameaçapara alguém. “É muita coincidência. A polícia trabalha com todas as vertentes, inclusive adequeima de arquivo”, disse o delegado, que acredita que mais pessoas estejam envolvidas noassassinato de Marcel.  

DiscussãoAinda segundo a polícia, Leandro discutiu com Shirleymomentos antes de ser achado morto, há duas semanas. O desentendimento do casalocorreu ainda na pousada e foi testemunhado por funcionários. “Algumas pessoas quetrabalham no local disseram que ela [Shirley] e Leandro tiveram uma discussão instantes antesde ele ter morrido. Não consegui decifrar ainda o motivo, mas houve um desentendimentoentre o casal”, afirmou o titular.Os relatos não coincidem com a versãoapresentada por Shirley no dia do crime. “O inquérito está como ‘morte a esclarecer’.Quandoouvida no dia em que o corpo foi encontrado, Shirley disse ao delegado deSanto Antônio de Jesus, que fez o levantamento cadavérico, que foi suicídio. Testemunhasrelataram que, durante a semana, Leandro não apresentava sinais de depressão, pelocontrário, fazia planos”, declarou Magalhães. Horas depois da morte de Leandro, Shirley nãofoimais localizada para um novo interrogatório da polícia e teve o mandado de prisão expedidopela Justiça.  Um advogado de Shirley esteve ontem pela manhã na delegacia deJaguaripe para negociar a apresentação dela, que estaria em outro estado. Mas os detalhes nãoforam divulgados.

Relembre o crime do casal O CORREIO teve acesso às informações doprocesso que apura as acusações contra Leandro e Shirley. Outras três pessoas contam comoréus. São elas: Joel Costa Duarte, Carlos Alberto Gomes de Andrade e Júlio da Silva Santos.De acordo com a Justiça, Joel abordou a vítima no dia 10 de maio de 2001, quando elaestacionava o carro na porta de casa, no bairro de Itapuã, por volta das 18h30. Eles tomaram oveículo da vítima e a mantiveram no carro enquanto eram efetuados saques de dinheiro em caixaseletrônicos. Ao verificar o saldo bancário da vítima, Joel arquitetou a extorsão mediantesequestro, ficando a cargo de Júlio mantê-la em cárcere privado, primeiro no Motel LePoint, em Itapuã, depois numa casa situada na Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, RegiãoMetropolitana de Salvador (RMS), alugada ao próprio Joel e a dois comparsas, neste caso,Leandro e Shirley.Enquanto mantida em cárcere privado, a vítima foi alvo de reiteradasameaças de morte feitas por Júlio, somente sendo liberada após o pagamento do resgatede R$ 35 mil. No processo consta que Leandro que conduziu o veículo da vítima e fez ossaques. Já Shirley, foi a responsável por buscar o pagamento do resgate.As armas utilizadas naprática dos crimes pertenciam aos dois Joel e Júlio, que conseguiram fugir na ocasião. Noentanto, Leandro, Shirley e Carlos Alberto foram presos em flagrante. Posteriormente o casalpassou a responder pelos crimes em liberdade, até a justiça ter voltado atrás em 2018.

Fonte:Correio da Bahia - 09/03/2022 08h:55

 

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