sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Por Ricardo Noblat: Israel abre as portas do inferno para que engula os palestinos de Gaza

Anadolu Agency/Getty Images
E no sexto dia, Deus criou o homem e a mulher, reservando o sétimo dia para descansarmos e louvá-lo, diz a Bíblia. O sétimo dia é o que os judeus chamam de Sabbath, Dia do Senhor. Israel foi atacado por 3 mil militantes do grupo Hamas no último sábado, apoiados por outros 1.500. Neste, está pronto para invadir a Faixa de Gaza onde vivem 2,3 milhões de palestinos.
O ajuste de contas de Israel deveria ser feito com o Hamas. Como o Hamas se esconde em meio aos palestinos de Gaza, o acerto será feito com os palestinos. É uma punição coletiva. O homem desumanizou-se desde sua criação. Só em 2022 foram registrados 55 conflitos em 38 países, sendo que 8 deles são considerados guerras, em que há mais de mil mortes por ano. Por esse critério, o Estado de Israel já declarou guerra a um estado inexistente, o da Palestina. Dito de outra forma: declarou guerra a um povo sem estado, como foram os judeus até ganharem o seu.
A idade média dos habitantes de Gaza é 17 anos. Algo como 45% dos moradores de Gaza tem 14 anos ou menos. Metade das mortes em Gaza até agora são de crianças e mulheres palestinas.

O mundo chora os bebês assassinados pelo Hamas em Israel, mas não chora os bebês de Gaza que já morreram sob o efeito de bombas. Israel lançou 6 mil bombas sobre Gaza desde sábado.

A retaliação de Israel matou 1.500 palestinos, um terço deles crianças, e feriu cerca de 6.600, de acordo com levantamento feito ontem pelo Ministério da Saúde do território de Gaza.

Mais de 1.300 pessoas, incluindo 222 soldados, foram mortas em Israel. A maioria das mortes ocorreu em 7 de outubro. Os militantes do Hamas encontrados em Israel foram todos mortos.

Os bombardeios israelenses em Gaza destruíram 11 mesquitas, 90 escolas e 2.835 unidades habitacionais. Outras 1.800 unidades foram danificadas e tornaram-se inabitáveis, afirma a ONU.

A ONU revela ter sido informada por militares de Israel que cerca de 1,1 milhão de palestinos no norte de Gaza deveriam se mudar para o sul do enclave nas próximas 24 horas.

A ordem de evacuação provocou pânico entre civis e trabalhadores humanitários que já lutavam contra os ataques aéreos israelenses e o bloqueio. “É para sua própria segurança”, disseram os militares.

Um porta-voz de ONU respondeu à ordem de imediato:

“As Nações Unidas apelam para que qualquer ordem deste tipo, se confirmada, seja suspensa, evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia numa situação calamitosa”.

A ordem foi confirmada pelo governo de Israel. Na quinta-feira, o número de deslocados em Gaza aumentou em 84.444 pessoas, chegando a 423.378, informou a agência humanitária da ONU.

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, disse à agência de notícias Reuters:

“A resposta da ONU ao alerta precoce de Israel aos residentes de Gaza é vergonhosa. A ONU deveria se concentrar em condenar o Hamas e apoiar o direito de Israel à autodefesa.”

A única central elétrica de Gaza deixou de funcionar na quarta-feira por falta de combustível, desligando tudo, desde luzes a frigoríficos. Grande parte da região carece de água corrente.

O necrotério do maior hospital de Gaza entrou em colapso pois os corpos estão chegando ali mais rápido do que os parentes à sua procura, relata a Associated Press, agência de notícias.

“Não é possível continuar este trabalho” declarou Mohammad Abu Selim, diretor-geral do Hospital Shifa. “Os feridos estão nas ruas. Não conseguimos encontrar uma única cama para eles.”

Quando questionado, ontem, sobre os ataques a civis em Gaza, o presidente de Israel, Isaac Herzog, respondeu agitado:

“Com todo o respeito, se você tem um míssil na sua maldita cozinha e quer atirar em mim, eu devo recebê-lo para só depois me defender? Essa é a situação!”

Um jornalista perguntou a Herzog por que acreditar que o emprego esmagador da força militar de Israel produziria desta vez resultados diferentes das anteriores. Resposta irritada:

“O que você nos aconselharia a fazer?!”

Fonte: Blog do Noblat/ Metrópoles 13/10/2023

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