sexta-feira, 12 de julho de 2024

Pai de Cid dizia a colegas da Apex que Lula não tomava posse

 

                                    Em 03/12/2022, o general esteve no acampamento golpista em Brasília com dois funcionários da Apex  usando a estrutura e recursos do contribuinte brasileiro. - foto:reprodução                                 


A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) informou, nesta sexta-feira (12/7), que o general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, dizia a funcionários do escritório em Miami, nos Estados Unidos (EUA), que, mesmo depois de eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tomaria posse.

É o que mostra a investigação interna sobre as condutas de Lourena, quando foi diretor-geral do escritório da Apex em Miami, entre junho de 2019 a janeiro de 2023 — durante o mandato do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

                                        foto:reprodução
“Diversas das oitivas realizadas convergiram num ponto: então general manager [diretor-geral] do escritório de Miami, o general Lourena Cid manifestava repetidamente aos funcionários sua convicção de que, mesmo depois de eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tomaria posse e de que ele, [Lourena] Cid, continuaria em seu cargo à frente do EA [escritório]”, destaca a nota da Apex.

 Ao todo, foram colhidos 16 depoimentos. O relatório será enviado à Polícia Federal (PF), ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU), de acordo com a empresa.

Resistência “explícita” ao resultado das Eleições de 2022 por parte de Lourena Cid

De acordo com a empresa, tal conduta do então diretor-geral caracterizou “resistência explícita” ao resultado das eleições presidenciais de 2022, na qual Jair Bolsonaro não conseguiu se reeleger para comandar o país em mais quatro anos.

Vale lembrar que o militar é acusado de usar a estrutura da agência para visitar o acampamento golpista no quartel-general do Exército, em Brasília, no Distrito Federal, em 3 de dezembro de 2022.

Em imagens (confira abaixo) divulgadas pelo portal Uol, Lourena aparece ao lado de Michael Rinelli, diretor de Investimentos da Apex, até o acampamento golpista no QG. Em um dos vídeos, é possível ver o general e Rinelli circulando no local.

“A reforçar essa constatação, está a visita de Cid ao acampamento golpista situado em frente ao QG do Exército, em Brasília, em 3 de dezembro de 2022, acompanhado de dois funcionários do escritório de Miami”, diz a Apex.

Conforme as oitivas, os dois funcionários eram considerados os servidores mais próximos do general no escritório de Miami, de acordo com a investigação interna. Em diversas ocasiões, eles chegaram a prestar serviços pessoais para Lourena, inclusive na residência dele na cidade, representando, ainda de acordo com a Apex, um “claro desvio de função”.

Além disso, um deles foi demitido e não atua mais na Apex Brasil.

“Segundo a Comissão, com o desvio de função e a presença em local onde se articulava um movimento golpista, esses funcionários também feriram normativos da Apex, como o Código de Ética, que consagra os princípios de impessoalidade, moralidade e legalidade como pilares”, concluiu o comunicado da empresa.

Lourena Cid usou a estrutura da Apex em Miami para negociar joias


                                               Reflexo do rosto do general apareceu em escultura saudita -foto:PF/reprodução



Investigação interna da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos concluiu que o pai de Mauro usou a estrutura do escritório em Miami para negociar as joias sauditas que o ex-presidente Bolsonaro ganhou enquanto exercia o cargo.

A Apex ainda identificou que Lourena teria fotografado os presentes entregues ao então presidente Bolsonaro durante visitas oficiais “antes e depois” de ser demitido do cargo, em 3 de janeiro de 2023, usando o celular funcional da agência.

Além disso, as fotos dos demais presentes, como as esculturas de um barco e de uma palmeira, foram produzidas pelo “mesmo celular corporativo” e compartilhadas de dentro do escritório da agência.

Lourena é alvo de investigações do inquérito sobre o “caso das joias”, que apura a venda irregular de presentes sauditas entregues ao então presidente Bolsonaro durante visitas oficiais e comercializadas nos Estados Unidos (EUA).

Fonte: Metrópoles 12/07/2024

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