sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Banco Rural foi peça-chave no processo do Mensalão, diz Roberto Gurgel

Procurador Geral Roberto Gurgel- Foto:folhaonline/reprodução

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta sexta-feira (2) que o Banco Rural foi peça-chave do processo do mensalão.
Segundo ele, a instituição financeira injetou R$ 32 milhões no esquema.
Gurgel sustentou que os saques "jamais foram comunicados aos órgãos de controle financeiro".

Para o Ministério Público Federal, o banco viabilizou a mistura dos recursos obtidos via empréstimos com dinheiro público desviado por meio de contratos de publicidade com órgãos públicos.
De acordo com Gurgel, o banco tinha na época interesse na compra do Banco Mercantil de Pernambuco, que tinha uma liquidação extrajudicial superior a R$ 1 bilhão.
Entre os réus do processo do mensalão estão integrantes da cúpula do Rural: José Salgado, Ayanna Tenório e Kátia Rabello.
COMPRA DE VOTOS
Ao longo de sua argumentação que já dura mais de três horas, Gurgel tenta rejeitar a tese da defesa de que o mensalão foi uma invenção.
O procurador faz um detalhado relato da movimentação financeira e dos saques. Segundo ele, não há dúvidas de que foi montado um esquema de pagamento de parlamentares aliados ao governo Lula (2003-2010).
"Sempre antes de uma votação importante [no Congresso], havia nos dias anteriores, movimentação e saques de grandes quantias em espécie", disse.
Lembrando as movimentações, ele destacou que o apoio do PTB ao governo Lula custaria R$ 20 milhões.
SEGUNDO DIA
O procurador iniciou hoje a leitura da acusação contra os 38 réus no mensalão, o que deve levar, segundo o cronograma do julgamento, cerca de cinco horas.
O Ministério Público Federal denunciou 24 envolvidos no esquema por formação de quadrilha, 10 por corrupção ativa, 13 por crime de corrupção passiva, 35 são acusados de lavagem de dinheiro e quatro respondem por gestão fraudulenta.
A expectativa é que ele centre esforços no chamado núcleo político da ação penal, que envolve o ex-ministro José Dirceu, chamado de chefe de quadrilha pelo Ministério Público Federal, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-presidente do PT, José Genoino, o publicitário Marcos Valério de Souza, operador do mensalão.


MAL-ESTAR
O primeiro dia de julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal) expôs ontem um racha entre o relator do caso, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, ao definir que todos os réus serão julgados na Corte e favoreceu a estratégia da defesa de adiar a análise da denúncia.
Barbosa e Lewandowski divergiram sobre o pedido da defesa para o desmembramento do processo levando os réus sem foro para primeira instância, o que foi rejeitado. O embate foi interpretado pelos ministros como sinal de que outros enfrentamentos devem surgir ao longo da análise da denúncia.
O julgamento foi encerrado com o relatório de Barbosa. Em quase uma hora, ele fez uma leitura técnica de seu relatório, com os principais pontos da denúncia e as alegações dos acusados. Ele citou nominalmente todos os 38 réus, lembrando os crimes imputados a cada um deles.

Fonte:FELIPE SELIGMAN, FLÁVIO FERREIRA, MÁRCIO FALCÂO e RUBENS VALENTE, DE BRASÍLIA / FOLHAONLINE/REPRODUÇÃO

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