quarta-feira, 30 de outubro de 2013

São Paulo: Haddad diz que quadrilha atuou por anos na Prefeitura

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), classificou a prisão dos quatro funcionários da prefeitura na operação conhecida como "Necator" como sendo "um dos maiores escândalos da cidade de São Paulo". Os detidos são apontados como sendo os responsáveis pelo desvio de ao menos R$ 500 milhões da prefeitura durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD-SP).
Os funcionários são acusados de integrar uma quadrilha que recebia propina de grandes construtoras para fornecer a elas certidões de quitação de ISS (Imposto Sobre Serviço) sem que pagassem tudo o que era devido.

O documento precisa ser emitido para que as construções obtenham o habite-se da prefeitura. Segundo a prefeitura, a quadrilha recolhia de 30 a 50% do ISS que deveria ser pago ao município em cada construção.

Há casos em que os depósitos realizados por construtoras na conta de um dos acusados chegaram a alcançar R$ 1,8 milhão em apenas um mês.

Em uma ocasião, uma construtora fez depósito de R$ 480 mil e conseguiu a certidão de ISS depois de pagar apenas R$ 12 mil.

De acordo com Haddad, juntos os presos acumularam um patrimônio de cerca de R$ 80 milhões. Com o grupo, a polícia apreendeu um Porsche e duas motos Ducati.

"Com um salário de servidor público dificilmente você consegue chegar a uma fração disso", disse Haddad.

Questionando se o ex-prefeito sabia do esquema, Haddad disse: "As informações preliminares não indicam que o esquema tinha ligação com o poder público".

ESCÂNDALO

A operação, realizada hoje atinge em cheio a cúpula das finanças da gestão de seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD-SP). Ele é aliado de Dilma Rousseff no governo federal. A operação faz parte da ação 'Acerto de Contas', que será implementada por Haddad.

Um dos acusados das supostas falcatruas é o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues. Outro é Eduardo Barcelos, diretor de arrecadação do mesmo órgão. Eles eram da equipe do secretário Mauro Ricardo, de Finanças. Os outros presos são Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral, ex-diretor da divisão de cadastro de imóveis e o agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso de Magalhães.

O Ministério Público deve enquadrá-los nos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva ou concussão, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa.
Divulgação/Ministério Público de SP
Pousada em Visconde de Mauá (RJ) de propriedade de um dos agentes fiscais presos durante megaoperação
Pousada em Visconde de Mauá (RJ) de propriedade de um dos agentes fiscais presos durante megaoperação


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