Foto:reprodução
Com mais de três décadas de história, a propriedade do Shopping Boulevard 161 em Salvador mudou em pouco mais de 30 minutos. penhorado para pagar dívidas trabalhistas de ex-funcionários do Hospital São Marcos, que funcionava no bairro da Graça, o imóvel, que continua funcionando normalmente no Itaigara, foi arrematado, ontem, no leilão do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (Bahia) por um grupo de sócios espanhóis pelo valor de R$ 11,2 milhões. O montante, que foi pago à vista, é R$ 4,8 milhões a menos do que o preço estimado do bem.
A empresa Geneva Patrimonial Imobiliária do Brasil, a nova proprietária do imóvel, não foi a única interessada em arrematar o centro de compras, que está instalado em uma área de 2.480 metros quadrados em uma região nobre do Itaigara. Ao todo, foram 39 lances, que começou no valor de R$ 8,3 milhões.
Segundo o pregoeiro da Nordeste Leilões, Artur Nunes, ontem, no TRT, o imóvel foi bastante disputado. Pouco antes do leilão começar, o número de visitas no site da empresa responsável pelo processo já registrava mais de 850.
Apesar de inquieto por conta de questões burocráticas (veja boxe), o representante da Geneva presente do pregão ontem, Jaime Cabot, garantiu que não mudará o segmento do empreendimento, que funciona hoje com aproximadamente 30 lojas, que vão desde lavanderia até casa de show.
“Vamos continuar com o shopping. Queremos melhorá-lo”, declarou sem revelar mais detalhes. Apesar de ter surgido com um conceito voltado para o ramo de decoração, o Boulevard 161 abriga hoje um mix variado de lojas, incluindo a Arqluz (decoração), a lavanderia Dryclean USA, o fast food Subway, a sede do bloco de Carnaval Harém e os restaurantes Caminho de Casa e Villa Cancun.
Apesar de curta, a declaração do empresário acalmou os comerciantes do shopping. “Apesar de não sofrer por antecedência, fiquei mais tranquila agora”, desabafou uma lojista, que preferiu não se identificar. Para ela, o estabelecimento precisa passar por uma reestruturação. “Frequento o Boulevard 161 desde a minha infância, mas antes o conceito dele era mais sofisticado. Talvez seja interessante voltar a ser como antes”, disse, informando que tem interesse em continuar no local.
Já a proprietária da WS Bordado, Esther Viana, admitiu estar receosa. “Fiquei feliz em saber que o novo proprietário não vai acabar com o shopping, mas a gente sempre tem medo de mudança”.
Ela, que está ali desde 2008, disse não ter muito do que reclamar, pois gostava da forma com que o estabelecimento era administrado. “O shopping é muito bonitinho, todo arborizado, tranquilo para trabalhar. Além disso, é bem localizado”, descreveu, fazendo um pedido: “Espero que as mudanças sejam para melhor ou, pelo menos, que fique igual a como é hoje. No mais, vou continuar trabalhando para tocar meu negócio”.
Motivo
Além de ter sido arrematado por quase R$ 5 milhões a menos, a quantia paga pelo Boulevard 161 não dará para liquidar a dívida total dos 334 processos de ex-funcionários do antigo Hospital São Marcos. De acordo com a coordenadora da central de execução do TRT, a juíza Ana Paola Machado Diniz, que esteve à frente do pregão, ontem, o valor do débito, sem atualização, do antigo empreendimento de saúde é de R$ 13,2 milhões. Ela explicou que o shopping foi penhorado pela Justiça já que o grupo econômico (sócios comuns) do hospital é o mesmo do centro comercial.
A magistrada adiantou, mas sem revelar os nomes, que outros dois empreendimentos do grupo já estão penhorados para garantir que os ex-funcionários do Hospital São Marcos recebam seus direitos. Sobre o grupo Geneva Patrimonial Imobiliária do Brasil, ela informou que ele só poderá ser intitulado novo proprietário do Boulevard 161 após liberada a carta de arrematação, que é como se fosse uma escritura pública. “Só após essa carta que a parte pode ir ao cartório e registrar o bem”.
No entanto, como o grupo reclamado já ingressou com um recurso para tentar reverter a situação, a juíza Ana Paola Machado Diniz disse que vai aguardar o julgamento do mesmo para só depois assinar a carta de arrematação.
Enquanto as questões burocráticas não são finalizadas, a magistrada tranquiliza os lojistas do shopping no que diz respeito aos contratos válidos. “O arrematante compra o bem na situação jurídica que o grupo tem. Nesse caso, é de administrador do shopping. Portanto, a princípio, os contratos de locação estão mantidos”. A reportagem do CORREIO não conseguiu contato com os sócios do Boulevard 161.
Forma de pagamento quase anula leilão de ontem
Por pouco a situação do Shopping Boulevard 161, que está localizado em uma zona nobre do Itaigara, não permaneceu inalterada. O empresário do grupo Geneva Patrimonial Imobiliária do Brasil, que arrematou o bem pelo valor de R$ 11,2 milhões, não deixou claro que queria pagar o valor de forma parcelada.
Apesar de existir essa possibilidade, a juíza que comandou o pregão, Ana Paola Machado Diniz, não autorizou que o pagamento fosse dividido. “Seria desleal com os outros que tentaram arrematar. Se quisesse parcelar, teria de ter dito na hora”, justificou.
Apesar do advogado do grupo tentar negociar durante mais de 30 minutos, não houve acordo e quase o leilão foi suspenso. Mas, depois de quase duas horas de longas conversas ao celular, o empresário Jaime Cabot finalizou a compra, com um sinal de 30% do valor do imóvel, como determina as normas. O restante deve ser pago até a tarde de hoje.
Fonte:Redação do Correio/reprodução
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