O homem responsável por atirar e matar um adolescente dentro da Faculdade Área 1 , na Paralela, na manhã de ontem, foi identificado como o policial militar Jorge Figueiredo Miranda, 30 anos, segundo informou nesta quarta-feira (22) a Polícia Civil. Miranda deve ser ouvido na Corregedoria da Polícia Militar em data ainda a ser definida. Ele também é estudante da universidade.
Segundo a polícia, seis das câmeras analisadas têm imagens que ajudaram na investigação. Uma delas mostra Railan da Silva Santana, 17 anos, na entrada do estacionamento caminhando, aparentemente observando na movimentação. Depois, o PM passa para pegar a moto e Railan então entra pela porta principal acompanhado de outro rapaz. Railan segue para o estacionamento, mas o outro rapaz fica esperando. As câmeras não permitem ver com exatidão o que aconteceu a seguir - uma placa atrapalha a visibilidade. Segundo depoimento de testemunhas, Railan teria anunciado o assalto e o PM chegou a entregar as chaves da moto, mas Railan fez menção de que ia atirar e então foi baleado - ele foi atingido cinco vezes. Para a polícia, as imagens das câmeras de segurança corroboram essa versão.
O que as câmeras mostram então é Railan correndo, com o PM indo atrás. O suspeito de assalto foi se esconder em um dos banheiros da unidade. Um rastro de sangue mostra o caminho que ele fez. Ele foi encontrado, com uma arma ao lado, dentro deste banheiro, de onde foi socorrido para o Hospital Roberto Santos. Ele chegou sem vida na unidade médica. O rapaz que acompanhava Railan não foi identificado até o momento.
PM suspeito de atirar em Railan entrando na faculdade (Foto: Arisson Marinho)
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A polícia ainda investiga, mas afirma que os indícios são de que a tentativa de roubo foi premeditada. A delegada Tamara Ladeia, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), não quis confirmar se o caso pode ser considerado legítima defesa e disse que ainda aguarda exames de balística para confirmar que os cinco tiros partiram da arma do PM. A Polícia Militar não informou em que unidade Jorge Miranda é lotado.
A família de Railan contesta a versão. O adolescente foi enterrado nesta tarde no Bosque da Paz, em meio a comoção. A mãe biológica e a tia que o criou desde os 2 anos estavam presentes. Os parentes e amigos dizem que Railan estudava, pensava em ter uma profissão para ajudar a mãe e mal saía do bairro de São Marcos, onde vivia. "Ele era um menino cem por cento do bem. Foi um choque terrível. O sonho dele foi ser alguém e ajudar a mãe foi apagado brutalmente", diz a tia Rita Souza da Silva, 44 anos.
A tia Anatildes Anunciação Santana disse que foi à faculdade depois de saber da morte de Railan e peritos disseram a ela que a cena no banheiro onde encontraram Railan estava "desarrumada". A delegada Tamara disse que a polícia está investigando a denúncia de que uma mancha de sangue teria sido apagada no local. A perícia do local deve ficar pronta em 30 dias.
Railan entrando na faculdade (Foto: Arisson Marinho)
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A delegada disse que não há nada que confirme que a namorada do adolescente estava na faculdade. Railan era estudante do 1º ano do Colégio Estadual Manoel Novaes, no Canela. No momento do crime ele não estava com farda da unidade e levava um cartão da Caixa Econômica, a identidade, três chaves e o celular.
Os familiares garantem que Railan não tinha nenhum envolvimento com a criminalidade. “A educação dele não foi essa. Ele tinha tudo que precisasse. Era estudioso”, contou o tio Nilton Anunciação. A Delegacia do Adolescente Infrator (DAI) informou que não há registro de passagem de Railan pela unidade. Para a família, o crime se trata de execução, até pela quantidade de tiros disparados.
Até o momento, sete testemunhas foram ouvidos pela polícia.
Enterro de Railan reuniu amigos e familiares (Foto: Almiro Lopes)
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Fonte: Redação do Correio - * Com informações dos repórteres Gil Santos e Edvan Lessa
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