A bactéria KPC, apontada como uma das que provocou infecção no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) e que levou ao descarte de parte dos colchões da instituição, na verdade, vive naturalmente no tubo digestivo das pessoas.
Mas, quando se torna resistente a antibióticos, pode levar à morte: no ano passado, três pessoas morreram em Americana (SP). Em 2010, foram 18 mortes confirmadas no Distrito Federal (DF).
Oficialmente batizada de Klebsiella pneumoniae carbapenemase, a bactéria não é rara. Segundo o médico infectologista José Tavares Neto, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), existe uma estimativa de que, em 1g de fezes, existam 100 milhões de bactérias.
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Parte dos leitos do Hospital Geral Roberto Santos ficou sem colchão
(Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO/reprodução) |
“Muitas das bactérias próprias humanas são extremamente benéficas e mantém a homeostase do intestino interno, enquanto algumas facilitam a absorção de nutrientes. Mas é fundamental lavar as mãos ao entrar no hospital, quando visita um doente, porque sempre tem essas bactérias”, diz o professor. O problema vem quando a bactéria passa a ser resistente a antibióticos.
Se uma pessoa tiver contraído a infecção por KPC, que é generalizada, pode chegar à falência de múltiplos órgãos e, em seguida, à morte. E tudo pode acontecer num intervalo de poucas horas, a partir do momento em que a bactéria tem contato com o sangue do paciente. “Mas isso depende muito de em quanto tempo é feito o atendimento e a precocidade do diagnóstico”.
Segundo o infectologista, nos últimos anos, houve notícias de ”casos isolados” na Bahia, além de outros hospitais do Brasil. “No mundo inteiro, a frequência de bactérias multirresistentes têm crescido. Não só essa, como várias. Isso não é peculiar ou particular do (Hospital Geral) Roberto Santos, do (Hospital) Couto Maia. Isso é o que está acontecendo no mundo”.
Ele explica que os hospitais brasileiros que têm taxas baixas de infecção hospitalar seguem normas rigorosas e defende que cada instituição tenha um programa de controle. “Porque a tendência no mundo é ter essa ampliação (no número de bactérias multirresistentes)”.
Troca de colchões
A KPC é uma das bactérias que teria provocado uma infecção na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HGRS, em dezembro do ano passado, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde da Bahia (Sindisaúde) quanto o Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA). Isso obrigou a comissão de controle de infecções hospitalares da unidade a descartar colchões velhos, diretamente ligado à presença de bactérias, provocando a redução de leitos disponíveis nos diversos setores da unidade.
Além da KPC, também foi apontada a Cianobacter. De acordo com os sindicatos, o surto já foi controlado, mas funcionários da unidade confirmaram que a diminuição do número de leitos ocorreu devido à falta de colchões para repor os que foram descartados durante o processo de desinfecção. O hospital não soube informar quantos colchões foram descartados. Tiveram que ser jogados fora todos aqueles que estavam danificados, muito velhos ou rasgados, já que poderiam facilitar a proliferação de bactérias. Segundo a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), a troca de colchões será concluída em até 30 dias.
fonte:Correio da Bahia/reprodução

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