A mãe do subtenente da Polícia Militar,
identificado como Alberto Alves dos Santos, de 51 anos, morto em uma ação da PM
em Itajuípe, no sul da Bahia, contou que a esposa do militar
precisou ser carregada quando descobriu da morte do marido. Dona Maria do
Carmo, 80, precisou conter a tristeza por conta do marido, que é doente e
não pode passar por grandes emoções, mas ela admite que ficou
"estraçalhada por dentro" quando soube do ocorrido, na terça-feira
(27).
Maria do Carmo tem três filhos policiais e já perdeu dois deles por conta do trabalho: "Também mataram meu outro filho policial em 1999 e agora esse, é uma tristeza. Eu tinha cinco filhos, agora só tenho três. Tenho que pedir ajuda a Deus e pedir por justiça, espero que as pessoas responsáveis precisam pagar pelo que fizeram".
Segundo ela, o filho era uma excelente pessoa, um homem calmo e atencioso. "Na hora que eu soube da morte dele eu entrei em pânico, mas tive que me conter para ajudar meu marido, que é doente e não pode sofrer grandes emoções. Por dentro eu estou estraçalhada", desabafou dona Maria, emocionada.
O
subtenente deixa esposa e três filhos adultos. “Os filhos dele estão arrasados,
choraram, gritaram. As meninas não comeram, não conseguiram fazer nada. Ele era
um pai muito querido, amoroso, elas eram apaixonadas por ele. O filho dele, que
é o mais novo, também ficou destruído, tentando acalmar as irmãs. A esposa dele
precisou ser carregada, foi pegar o corpo no aeroporto e voltou
carregada", relatou a mãe do policial.
"Meu
irmão era muito trabalhador, vivia trabalhando, era uma pessoa muito gente boa,
era casado, tinha duas filhas e um filho. Estamos todos arrasados, ele era
muito feliz, amava o trabalho", disse o irmão do subtenente, sargento
Paulo Sérgio Alves, de 50 anos.
O
enterro de Alberto dos Santos acontece nesta quinta-feira (28), às 11h30, no
Cemitério Bosque da Paz, em Salvador.
Entenda o caso
A SSP
informou que a situação se originou com a busca por um assaltante de banco.
Identificado como André Marcio Jesus, conhecido como Buiu, ele tem ligação com uma
facção criminosa paulista e deixou o Complexo Penitenciário de Lauro de Freitas
na terça às 13h30, com benefício de saída temporária, usando tornozeleira
eletrônica.
Por
volta das 14h30, Buiu rompeu a tornozeleira, quando estava na BR-324, perto de
Candeias. A PM deu início nas buscas e quando as equipes estavam em Uruçuca,
também no sul do estado, um assaltante de banco identificado como Bismark e um
comparsa foram abordados e trocaram tiros com os militares. Os dois foram
mortos. Buiú segue como foragido.
Nas
buscas, os policiais foram informados sobre a presença de homens armados em um
hotel em Itajuípe e foram até lá. No local, dois homens foram abordados e não
reagiram. A SSP informou, no entanto, que
outros dois homens, armados, reagiram quando os PMs se aproximaram. Segundo
a pasta, dois soldados que estavam em serviço foram baleados na ação. No
tiroteio, os dois homens que estavam no hotel, posteriormente identificados
como policiais, também foram feridos e um deles morreu.
Os
homens, identificados como o subtenente Alberto Alves dos Santos e o sargento
Adeilton Rodrigues D'Almeida, foram socorridos. O subtenente não resistiu aos
ferimentos e o sargento segue internado, mas sem riscos de morte.
Ambos
estavam na cidade para compor a equipe de segurança do candidato ao governo da
Bahia ACM Neto (União Brasil), em evento no município de Coaraci, cidade
vizinha de Itajuípe. Nas redes sociais, Neto lamentou a morte e suspendeu a
agenda.
O
comandante geral da PM diz que todo o caso será esclarecido. "Lamentamos o
confronto. Estamos solidários às famílias e a determinação é que toda a
ocorrência seja esclarecida. As armas foram recolhidas e o local do confronto
preservado para a realização de perícia", disse o coronel Paulo Coutinho.
Sargento diz que policiais ‘entraram atirando’
A
vítima também informou que os PMs atiradores não prestaram socorro imediato e
que ele precisou rastejar até a porta do hotel onde o grupo estava para buscar
ajuda. “Eu implorei: ‘me dê socorro, por favor, me coloque na ambulância’. Ele
me ajudou depois, mas de forma hostil”, disse a vítima.
O
sargento disse que os policiais pegaram a arma dele e atiraram diversas vezes
no quarto para insinuar um confronto.
O
delegado José Carlos Mastique de Castro Filho foi baleado no peito em 2019 ao
tentar entregar a arma dele para os PMs, durante a abordagem. A vítima estava
com uma namorada, em um posto de combustíveis da cidade, quando ocorreu a ação.
O delegado estava com o carro estacionado no Posto Jequitibá, onde
funciona também uma loja de conveniências. Um morador que passou no local,
por volta das 4h, estranhou o carro parado, e viu que havia um homem armado no
veículo.
A
testemunha então entrou em contato com a PM informando que suspeitava de que um
assalto iria ocorrer no posto. Uma equipe foi enviada ao local e tentou
abordar o delegado que, segundo o 15º BPM, estava "alterado" e sacou
a arma. Os militares atiraram, sem saber que se tratava de um delegado.
Mastique foi baleado no peito. A própria equipe da PM o socorreu para o
Hospital Base de Itabuna, mas o delegado não resistiu ao ferimento e morreu.
Em
nota, o Sindicato dos Policiais Civis (Sindpoc) chamou a ação de "desastrosa" e
afirmou que Mastique foi morto ao tentar intervir e impedir que um cabo da PM
agredisse a própria namorada. Diz ainda que ele se identificou,
assim como um colega que estava com ele, e foi baleado ao tentar entregar sua
arma.
Fonte: Redação/Correio da Bahia - 29/09/2022
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