sexta-feira, 18 de novembro de 2022

'Já ganhou, cala a boca, vai trabalhar', diz Guedes sobre o próximo governo Lula

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou nesta sexta-feira (18) a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição e a forma como vêm sendo conduzidos os trabalhos por parte da equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Já ganhou, cala a boca, vai trabalhar, construir um negócio legal. O desafio é grande, mas a oportunidade é maior", afirmou ele durante um evento sobre os 30 anos da Secretaria de Política Econômica, que faz parte do Ministério da Economia.

"Se fizer menos barulho e trabalhar um pouquinho mais com a cabeça, e menos com a mentira, talvez possa ser um bom governo. Só depende de não mentir. E de outras coisas também", disse. Recentemente, figuras importantes do mercado reclamaram de declarações de Lula contestando exigências fiscais em nome do combate às desigualdades sociais.

Durante a COP27, a conferência do clima das Nações Unidas, o presidente eleito reforçou o tom e defendeu furar o teto de gastos para conseguir financiar programas sociais. "Se eu falar isso vai cair a Bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência", disse Lula, completando que a flutuação dos índices não acontece "por causa das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores".

Em resposta, os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan assinaram uma carta criticando a postura de Lula.

No evento desta sexta, Guedes estava com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sacshida, ex-secretário de Política Econômica, e servidores.

O ministro da Economia disse que a PEC da Transição causou confusão. "Você vê a confusão que é um estouro, fazer uma PEC fora do teto, sem fonte de financiamento". Segundo ele, a proposta vai acabar servindo para financiar obras.

Ele defendeu o aumento de mais R$ 200, totalizando um auxílio de R$ 600, mas desde que com discriminação da fonte dos recursos.

"Disparamos o maior programa social que já houve, com responsabilidade fiscal. Que historinha é essa de conflito social com fiscal? Isso é ignorância, isso demonstra incapacidade técnica de resolver [o problema]", completou.

Apesar das declarações, Guedes também já participou da elaboração de diferentes medidas que acabaram furando o teto de gastos. Segundo levantamento do economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), feito a pedido da BBC News Brasil, os gastos do governo Bolsonaro acima do teto somam R$ 794,9 bilhões de 2019 a 2022.

Esse valor representa a soma de autorizações que a atual gestão obteve no Congresso para gastar acima do limite constitucional e outras manobras que driblaram o teto, como o adiamento do pagamento de precatórios (dívidas do governo reconhecidas judicialmente) e a mudança do cálculo para definir o teto em 2022.

Fonte:Folha S. Paulo - 18/11/2022

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