sábado, 3 de dezembro de 2022

Nova onda da covid-19 é a que mais ameaça as crianças


                                                    imagem:reprodução

Com novas variantes, subvariantes e diversas variáveis negativas no momento em que parecia que a pandemia estava arrefecendo, a Bahia volta ao estado de alerta contra a Covid-19, com foco mais voltado aos mais vulneráveis, sejam os de idade mais avançada, mas especialmente os de idade mais curta, menos protegidos nesse momento. 

As comemorações de fim de ano e reuniões familiares deverão ter cuidados redobrados com crianças e pessoas mais velhas sem o esquema vacinal completo. Isso porque a nova onda da pandemia está gerando mais atendimentos ambulatoriais pediátricos e internações de crianças com coinfecções, que são outras doenças que se manifestam ao mesmo tempo que a covid. 

Ainda de acordo com ela, “morbidade é a capacidade de algo produzir uma doença”. “Então, quando temos uma coinfecção covid e o vírus influenza, por exemplo, essa associação gera morbidade para o indivíduo acometido. O que tem sido uma verdade neste fim do ano de 2022 na população pediátrica, especialmente nos indivíduos não vacinados ou com doença de base”, explica a médica. Por conta disso, Aline recomenda a manutenção do calendário vacinal das crianças e também dos adultos. “As pessoas morrem de covid, não de vacina”, pontua.

Para a infectologista pediátrica Anne Galastri, também membro da Sobape, temos que nos preocupar com as festas e comemorações de final de ano, as férias, idas ao shopping…

“O grande modo de prevenir a covid grave é a vacinação, feita em milhares de crianças no mundo todo, com ótimos resultados, salvando vidas, não tem por que temer”, afirma a infectologista. 

Ela relata que a faixa pediátrica não tem chegado tanto a óbito quanto outras, e que os casos não estão evoluindo para o aumento de óbitos de crianças por causa da covid, “mas vimos um aumento de covid grave nesse público, que já têm doenças cardíacas, ou faz tratamento de câncer, tem alguma deficiência imunológica, prematuros”, afirma. 

Anne Galastri explica que as crianças que têm doenças de base, ou seja, que já nascem com elas, quando não vacinadas correm mais risco de desenvolverem casos graves da covid.

Recomendações

Diante do alerta, as principais recomendações para proteger as crianças da covid, mesmo com as novas variantes, continuam sendo completar o esquema vacinal, além dos pais devem ensinarem a usar máscara (para crianças acima de 2 anos), deixar os pequenos que estiveram doentes em casa e manter higienização das mãos. 

Também é preciso evitar aglomerações, festas e controlar o contato com as pessoas, o que é muito importante, pois elas podem estar sem sintomas. 

O aumento de casos de covid obrigou o governo baiano a obrigar, novamente, o uso de máscaras, o que passou a valer desde o dia 29 de novembro em toda a Bahia, de acordo com o decreto Nº 21.744 de 28 de novembro de 2022. A proteção individual torna-se compulsiva em transportes públicos, tais como trens, metrô, ônibus, lanchas e ferry boat, e seus respectivos locais de acesso como estações de embarque; também em salões de beleza e centros de estética; bares, restaurantes, lanchonetes e demais estabelecimentos similares; em templos para atos religiosos litúrgicos; em escolas e universidades; em ambientes fechados, tais como teatros, cinemas, museus, parques de exposições e espaços congêneres.

As recomendações da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) para enfrentamento da pandemia são: completar esquema vacinal, testagem de sintomáticos, isolamento de positivos, uso de máscara em unidades de saúde e nos locais indicados no decreto.

Na segunda (28), o Ministro da Saúde iniciou a distribuição da vacina para as regionais e municípios: em 24 de novembro para a faixa etária de 6 meses a 2 anos, 11 meses e 29 dias, um público de 488.970 crianças, de acordo com a Sesab. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) já está cadastrando para a vacinação contra a covid-19 de crianças com idade entre seis meses e dois anos com comorbidade também desde a última segunda-feira.

Escolas e mais vírus
A advogada Thalyne Moreira, 28, mora em Salvador, tem um filho de 10 e uma filha de 16 anos, ele matriculado na rede privada e a garota na pública, e diz que se preocupa quando os dois vão para a escola. 

“Estamos numa época com muitos vírus. Recentemente os meus dois filhos pegaram a adenovírus, mas até descobrir, fiquei imensamente preocupada em ser covid e com medo de uma nova variante. Confesso que, com um tempo, não recomendava mais o uso de máscara ao meu filho na escola, mas sempre oriento a manter uma certa distância e tomar banho ou lavar as mãos quando chega da escola”, conta a advogada.

Mariana tem 6 anos, estuda em uma escola pequena, com cerca de 70 alunos no período da manhã. A turma da menina hoje tem 20 alunos, mas antes, no auge da pandemia, tinha somente 10.

O pai Alisson Oliveira, 39, estudante e comunicólogo, conta como foi a estratégia para lidar com a situação: “As orientações de segurança foram bem passadas pela escola, que manteve o uso obrigatório (de máscara). A gente nunca deixou de comprar máscara para Mariana, ela sempre usa e leva outras reserva na mochila. Ela é uma criança que absorveu muito bem essa rotina, sempre usava a máscara, claro que tinha momentos de distração, mas na maior parte ela usava e também mantinha outras orientações, como manter as mãos sempre limpas”.

Já Amanda Rodrigues, irmã de Emanuela Rodrigues, 12, e prima de Davi Alves, 5, que estudam na mesma escola, em Feira de Santana, a situação é um pouco mais complicada. 

“No início, antes dos colégios fecharem, em 2020, eles usavam máscara tudo certinho. Quando voltaram às aulas, depois da covid, quando eles voltaram para as escolas, eles só entravam se tivessem usando máscara, assim como os pais, que também tinham que usar a máscara para entrar. Eles também usavam o termômetro na entrada. Do meio do ano pra cá eles pararam com essas medidas, mas nesse mês (novembro) eles voltaram a usar tudo. Mas eles nunca exigiram comprovante de vacinação", comenta.

Pediatra destaca problemas mais comuns às crianças


 As formas como o vírus que provoca a covid-19 se manifesta é uma questão importante que a ecocardiografista pediátrica Aline Varanda, do Multicentro de Saúde Adriano Pondé, em Salvador, sinaliza e  se preocupa em explicar, em atendimentos às famílias de crianças que acabaram se infectando. 

“Pode ser uma doença leve ou grave causada pelo vírus da covid-19. Na população pediátrica os sintomas mais comuns são os da síndrome inflamatória multissistêmica (SINP), uma doença rara, mas grave, em que crianças com covid podem desenvolver uma inflamação que afeta diferentes órgãos do corpo. Covid leve, clássica, multissistêmica, longa, grave, são diferentes manifestações possíveis e perigosas”, cita ela. 

De acordo com o infectologista Miguel Nicolelis, em entrevista ao CORREIO, na semana passada, “esse realmente é um vírus para não se pegar”, por conta dos efeitos e das sequelas possíveis que ele pode trazer.

“O vírus sincicial respiratório é mais antigo e aparecia costumeiramente de fevereiro a julho nas crianças, agora ele já está se manifestando antes”, relata a pediatra Aline Varanda. 

“É uma dobradinha perigosa!”, alerta ela, que se refere a essa parceria entre vírus numa mutação conjunta e simultânea que ninguém sabe o que pode produzir. “É preciso ter cuidado redobrado”, reitera.

Mais da metade dos pequenos está sem segunda dose


Somente sete em cada 100 crianças de 3 a 4 anos de idade tomaram as duas doses da Coronavac, a vacina liberada para ser usada pelos pequenos no Brasil, a príncípio. Esse número consta no levantamento do canal fechado GloboNews, do Grupo Globo, com dados do Ministério da Saúde analisados pelo projeto Observa Infância, uma parceria da Fiocruz com entidades de pesquisa e financiamento.

O número é publicado quase cinco meses depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso emergencial da vacina para crianças entre 3 e 4 anos no país. 

Além disso, o levantamento mostra que mais da metade das crianças de 3 e 4 anos, que tomaram a primeira dose do imunizante, ainda não voltaram para completar o esquema de vacinação contra a covid-19.

A vacinação de crianças a partir de 6 meses, por enquanto, é só para quem tem comorbidades (doenças que oferecem risco maior a quem necessita da imunização).

No caso da Coronavac para crianças de 3 a 4 anos de idade, a vacinação infantil também chegou a ser suspensa em alguns municípios do país por causa da falta de doses. 

Vários deles já reclamaram de falta da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, e alguns chegaram a suspender a imunização por não terem a vacina, a exemplo de cidades como Porto Seguro, Guanambi, Iaçu, Itaberaba, Mairi, Candeias, Santo Antônio de Jesus, Maiquinique e Valença, na Bahia.

TAXA DE OCUPAÇÃO DA ALA INFANTIL


Em Salvador, a taxa de ocupação de enfermaria pediátrica voltada para casos de covid-19 está em 74%. Já a de UTI pediátrica está em 62% no Instituto Couto Maia e no Hospital Espanhol (dados esses consultados até 02 de dezembro no site da Sesab).

 Fonte:Correio da Bahia - 03/12/2022

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