Ronnie e Élcio foram presos em 12 de março de 2019, cerca de um ano após a execução da vereadora e do seu motorista - Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Rio - Élcio de Queiroz declarou que tentou impedir a execução de Marielle Franco, temendo que os disparos atingissem também a assessora da vereadora, Fernanda Chaves. Durante o depoimento, o ex-PM disse ter pensado em formas de dissuadir Ronnie Lessa de realizar o crime. O depoimento acontece durante o júri popular desta quarta-feira (30), no 4º Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Rio.
Queiroz relatou que Lessa o tranquilizou, dizendo: "Fica tranquilo, não vai pegar nela (Fernanda) não". Segundo o réu, ele também estava preocupado com a possibilidade de o assassinato ser captado por câmeras de segurança.
"Eu estava preocupado também com a senhora que ia entrar no veículo [Fernanda]. Meu objetivo era que atrasasse de alguma forma, persuadir ele [Lessa] de uma forma que não cometesse isso", disse o assassino confesso.
De acordo com a investigação, o planejamento do crime era matar todos que estavam no carro em busca de dificultar a apuração do caso. Fernanda só não teria morrido porque o corpo de Marielle a protegeu dos tiros.
Élcio afirmou ainda que, entre o final de 2017 e o início de 2018, Lessa o procurou para informar que a “missão” seria o assassinato de uma vereadora que vinha sendo monitorada há meses. Lessa teria dito que possuía contato direto com o mandante do crime, sugerindo motivações pessoais além de qualquer pagamento.
Durante o trajeto, Élcio descreveu um trânsito tranquilo, onde chegaram a cruzar com viaturas da Polícia Militar. Em certo momento, um carro parou ao lado deles, e ambos chegaram a desconfiar de uma possível abordagem policial.
Ronnie e Élcio foram presos em 12 de março de 2019, cerca de um ano após a execução da vereadora e do seu motorista. Na prisão, Ronnie já teria confessado ser o autor dos disparos que atingiram o carro da parlamentar. Enquanto Élcio era o responsável por dirigir Chevrolet Cobalt prata, usado na emboscada.
Desde que o caso aconteceu, as investigações sobre a morte de Marielle passaram por várias instâncias da segurança pública no Rio, com trocas de delegados responsáveis pela Delegacias de Homicídios (DH). Os últimos episódios desses mais de seis anos sem resposta foi a prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, apontados por Lessa como mandantes do assassinato da vereadora, em 24 de marços deste ano.
O crime teria sido encomendado pelos irmãos, réus desde junho em processo que também apura a morte da vereadora e do motorista. Segundo investigação da Procuradoria Geral da República (PGR), a morte de Marielle seria uma maneira de frear os embates da parlamentar contra os loteamentos clandestinos de terras na Zona Oeste. A vereadora teria sido contra uma série de projetos de leio que favoreciam ao clã Brazão.
Os dois possuíam interesse econômico direto na aprovação das normas legais que facilitassem a regularização, uso e ocupação do solo na Zona Oeste, que inclui áreas dominadas pela milícia.
A vereadora Marielle Franco foi assassinada na noite de 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, Região Central do Rio. A parlamentar, que estava acompanhada do motorista Anderson Gomes, de 39 anos, e da assessora Fernanda Chaves, de 43, voltavam de um evento de mulheres negras na Rua dos Inválidos, na Lapa.
O carro onde a vereadora estava passava pela Rua Joaquim Palhares, próximo a Praça da Bandeira, quando um carro, modelo Chevrolet Cobalt, na cor prata, emparelhou com o veículo. Em seguida, foram feitos nove disparos. Quatro deles atingiram Marielle, sendo três na cabeça e um no pescoço. Anderson foi atingido por três disparos nas costas, ambos morreram dentro do carro. A assessora ficou ferida por estilhaços.
Fonte: O DIA -31/10/2024
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