sexta-feira, 16 de maio de 2025

INSS: Entidades liberadas sob Bolsonaro receberam R$ 2,1 bi; sob Lula, R$ 235 mi

                                        foto:reprodução/Metrópoles


O cruzamento de dados da Operação Sem Desconto com nomeações de diretores de Benefícios no Instituto Nacional do Seguro Social (setor responsável pelas assinaturas de convênios) e valores descontados pelas entidades mostra como os governos de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) tiveram papéis complementares na “farra do INSS” revelada pelo Metrópoles.

A análise dos dados detalha como se deu esse movimento das entidades em busca dos convênios do INSS e como entidades criadas durante o governo de Jair Bolsonaro fizeram o número dos descontos aumentar exponencialmente já sob o governo Lula.

A coluna analisou apenas entidades que firmaram convênios nas administrações de Jair Bolsonaro e Lula. Grandes entidades, como a Contag, o Sindnapi e o Conafer, embora na mira das autoridades e com descontos bilionários, não foram levadas em conta porque tiveram seus convênios firmados antes de 2019.

Sob ambos os presidentes, houve forte aumento no número de associações agraciadas com acordos que lhes permitiram efetuar descontos de aposentados.

Nos anos do governo Bolsonaro, ao menos quatro diretores de Benefícios passaram pelo INSS. Juntos, eles assinaram convênios com 12 entidades que efetuaram descontos no valor total de R$ 2,1 bilhões.

Já sob Lula, três diretores de Benefícios, sendo um deles ainda nomeado por Bolsonaro, assinaram 18 convênios, mas que descontaram bem menos: R$ 235 milhões.

O motivo do número bem inferior de descontos efetuados pelas entidades cujos convênios foram assinados sob Lula é que elas não iniciaram as cobranças porque, na mesma época, o Metrópoles revelou a “farra do INSS”.

O aumento de entidades com convênios começa na gestão de José Carlos Oliveira na diretoria de Benefícios, ele foi nomeado por Jair Bolsonaro.

Além do cargo, no qual permaneceu entre maio e novembro de 2021, Oliveira foi presidente do INSS e ministro da Previdência durante o governo Bolsonaro (PL).

Ele foi responsável por pelo menos três convênios, todos em 2021, com entidades que arrecadaram R$ 695 milhões.


  • ABRAPPS – R$ 2 milhões – liberada por José Carlos Oliveira
  • AMBEC – R$ 500 milhões – liberada por José Carlos Oliveira
  • AAPB – R$ 191 milhões – liberada por José Carlos Oliveira

Tanto a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec) como a Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB) são suspeitas de terem transacionado com supostos operadores do esquema.

Dessas, a que arrecadou mais dinheiro por meio dos descontos foi a Ambec, que totalizou R$ 500,9 milhões entre dezembro de 2021 e março de 2025. Segundo a PF, ela teria enviado R$ 11,9 milhões a Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.

Segundo a CGU, a arrecadação da entidade em 2021 foi de R$ 135 mil. Já no ano seguinte, o valor aumentou 110 mil vezes, somando R$ 14,9 milhões. Em 2023, mais um salto: R$ 91,3 milhões.

Fonte: FÁBIO SERAPIÃO/METROPOLES - 16/05/2025

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