Foto:reprodução
O diplomata Paulo Fernando Pinheiro Machado, 33, foi acusado por uma milionária dinamarquesa de dar um calote de 100 mil coroas (R$ 43 mil). A dívida seria referente a aluguéis e avarias no imóvel de luxo que o brasileiro ocupou ao servir na Embaixada do Brasil em Copenhague.
*
O caso veio à tona em 30 de novembro numa reportagem do jornal "BT". O texto de página inteira é ilustrado com imagem do brasileiro jogando polo, retirada de sua página no Facebook, e foto da empresária Inger Correll, "especialista em etiqueta".
*
A senhora de 75 anos foi locatária do apartamento de luxo que o então segundo secretário da embaixada brasileira ocupou na capital dinamarquesa entre 2009 e 2012. Ela acusa o inquilino de transformar a "residência diplomática em um chiqueiro".
*
Em outro trecho, diz que "destruiu móveis e, o pior, deixou grandes buracos no piso de madeira". Reclamou até das roupas de cama sujas que ficaram no imóvel.
*
Por e-mail, Pinheiro Machado informou que só o Itamaraty trataria do assunto: "Infelizmente, não posso me manifestar acerca desta campanha difamatória, dado que à época do fato que me imputam sem provas exercia funções oficiais pelo governo brasileiro". E completa: "Sinto pesar em ser contatado a propósito de conteúdo veiculado em tabloide sensacionalista".
*
Seu advogado, Marco Aurélio Schetino, diz que a reportagem "é o ápice de uma extorsão". Segundo ele, Correll é "ex-milionária envolvida em escândalos", e a acusação, infundada e racista. "Na reportagem, ela os chama de porcos. Já chegou a tratar meu cliente de macaco latino-americano."
*
Em 31 de janeiro do ano passado, o brasileiro foi condenado a pagar a suposta dívida, deduzida uma caução de cerca de R$ 35 mil, referentes a três meses de aluguel. "Foi um julgamento à revelia, em um juizado especial. Não é o trâmite judicial adequado. Meu cliente tem imunidade diplomática", explica Schetino. A condenação saiu quando Pinheiro Machado já havia sido transferido para a Suécia.
*
A empresária relatou ao "BT" que bateu às portas das embaixadas do Brasil tanto em Copenhague quanto em Estocolmo sem sucesso. Lamenta o suposto uso da imunidade diplomática para não honrar dívida. "Diplomatas estrangeiros, aparentemente, podem fazer o que quiser." Ironiza o fato de Pinheiro Machado cultivar hábitos finos, como jogar polo. "No Facebook, há uma série de fotos dele praticando o esporte de cavalheiros ingleses."
*
O jornal faz referência ao fato de o brasileiro ser poliglota e se comunicar em nove línguas: dinamarquês, norueguês, sueco, português, espanhol, italiano, francês, alemão e russo. "Apesar do vasto conhecimento de línguas, não respondeu aos e-mails."
*
*
Sobre o caso da Dinamarca, o Itamaraty, em nota, esclarece que "os
contratos de aluguel de diplomatas brasileiros em missão no exterior
são assinados por eles mesmos, como pessoas físicas". Informa que o
funcionário recebeu da Embaixada em Copenhague os reembolsos pelo
aluguel e seria o responsável pela quitação do mesmo.
*
O Itamaraty ouviu o servidor e ainda apura os fatos. "Caso seja
verificada a existência de indícios plausíveis de irregularidade na
conduta do diplomata, o Ministério das Relações Exteriores tomará as
providências cabíveis, tanto por meio da Comissão de Ética como no
âmbito da Corregedoria do Serviço Exterior."
0 comentários:
Postar um comentário