quinta-feira, 18 de junho de 2015

Salvador: Família de caminhoneiro morto em operação da PF diz que celular sumiu após ação

Familiares de Márcio Neres dos Santos, 35 anos, cobraram, ontem (17), durante o enterro do caminhoneiro, respostas da Polícia Federal (PF) para o desaparecimento dos documentos pessoais e aparelhos celulares do motorista, morto na madrugada da última terça-feira (16) durante operação deflagrada pela PF para desarticular uma quadrilha responsável por desviar cargas do Porto de Aratu.

Daiana Neres, irmã de Márcio, toca o caixão: ‘Os policiais chegaram sem mandado e mataram o meu irmão’(Foto: Robson Mendes)
Eles também pediram uma investigação rigorosa do caso e afirmam que a PF errou. Sem envolvimento no esquema, Márcio foi morto pelos agentes da PF dentro da própria casa, no Condomínio Jardim das Bromélias, em Pau da Lima, por volta de 5h30. 

A PF reconheceu que não havia mandado de prisão contra Márcio, mas afirma que ele teria apontado uma arma quando os agentes entraram no prédio a fim de cumprir dois mandados de prisão. Segundo Alex Lemos, 29, cunhado de Márcio, após balearem a vítima, os policiais pegaram as chaves do carro e retiraram de dentro do veículo os documentos pessoais e celulares do motorista.
Me entregaram a chave do carro, mas os documentos dele já não estavam mais lá
Alex Lemos, cunhado de Márcio
“Eles ficaram sem falar nada até umas 7h. Fui o primeiro a chegar no apartamento, pois moro ao lado. Eles não permitiram que ninguém entrasse na casa nesse período. Depois, eles me entregaram a chave do carro, mas os documentos dele já não estavam mais lá”, explicou Lemos.

Márcio tinha duas filhas(Foto: Almiro Lopes)
“Os policiais chegaram lá sem mandado, sem nada, e mataram o meu irmão, que estava dormindo, de cueca. Depois, disseram que ele estava armado. Então, onde está essa arma?”, questionou a técnica em enfermagem Daiana Neres, 32, irmã do caminhoneiro.   

Por meio da assessoria, a PF informou que “tomou conhecimento” do desaparecimento do celular e dos documentos de Márcio, mas que ainda “não possuía um posicionamento a respeito”.
Arma 
 
Márcio morava no apartamento 004. A PF informou que os alvos da operação eram pai e filho do 104. Familiares de Márcio acreditam que os policiais se equivocaram no momento da operação. De acordo com a PF, os policiais do Comando de Operações Táticas  (COT) — grupo de elite da Polícia Federal — entraram no edifício e, no trajeto para o apartamento 104, encontraram um homem com um revólver na porta do 004. 

“Então, a equipe parou o que estava fazendo para neutralizá-lo, já que, armado, oferecia risco a todos, inclusive aos demais moradores, e deu voz de prisão”, contou o delegado Tiago Sena, do Departamento de Comunicação Social da PF. 

Segundo o delegado, o homem correu para dentro do apartamento e os policiais foram atrás. “Foi quando ele manteve a arma apontada em direção aos policiais e foi baleado”, disse o delegado. Segundo ele, Márcio segurava um revólver calibre 38, que foi recolhido para análise de peritos da própria PF.
Sena reconhece que nenhum disparo foi efetuado da arma. A família de Márcio nega que ele estivesse armado. Sena explicou que os policiais do COT são lotados em Brasília e vieram, exclusivamente, para a Operação Carga Pesada.

Agente do COT, grupo de elite da Polícia Federal, durante operação
(Foto: Divulgação/PF)
“Eles são selecionados a dedo e tem um suporte psicológico, corporal e técnico. São os melhores da melhor polícia do Brasil. Os caras são referências no mundo. Para eles darem um tiro sem necessidade, é muito difícil”, declarou. 

Segundo o delegado, o revólver apreendido estava com a numeração raspada. “Mas com a perícia, será possível descobrir de quem é o revólver. Márcio não tinha porte de arma e nem ficha na polícia”.

Os policiais são os melhores da melhor polícia do Brasil. Os caras são referências no mundo
Tiago Sena, delegado sobre policiais da operação
“A PF não montou uma operação do dia para a noite. Todos os locais foram devidamente mapeados, inclusive o local onde ocorreu o fato”, declarou. A Operação Carga Pesada prendeu 16 pessoas ligadas a uma quadrilha de caminhoneiros acusada de roubar R$ 100 milhões em cargas do Porto de Aratu.
A morte de Márcio é apurada internamente pela PF, ainda no âmbito da Operação Carga Pesada. A instauração de uma sindicância específica para apurar o fato ainda não foi confirmada.  Procurado para saber se interviria no caso, o Ministério Público Federal (MPF) não retornou o contato. 

Fonte:Correio da Bahia

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