Foto: Reprodução / Twitter María Corina Machado
A comitiva de senadores de oposição do Brasil foi cercada por
manifestantes em Caracas e, segundo o senador Ronaldo Caiado (DEM), o
ônibus foi apedrejado. A comitiva estava a caminho do presídio onde
tentariam visitar Leopoldo López,
preso político do governo venezuelano comandado por Nicolás Maduro.
Os
manifestantes aproveitaram o trânsito engarrafado para cercar o ônibus
em que estava os senadores com os gritos de guerra "Chávez não morreu,
se multiplicou" e "Fora, fora". Em seu Twitter oficial, o senador Aécio
Neves (PSDB) escreveu: "Estamos em Caracas, sitiados em uma via pública.
Nossa van foi atacada por manifestantes". A comitiva estava acompanhada
de batedores da Polícia Militar da Venezuela.
Com o trânsito travado devido "a obras de manutenção", o ônibus com
os senadores brasileiros teve de retornar ao aeroporto, mas o terminal
onde está o avião da FAB que os aguarda foi fechado. Enquanto o terminal
não abre eles aguardam dentro do ônibus. Além de Aécio e Caiado, a
comitiva é composta pelos senadores Aloizio Nunes (PSDB), Cássio Cunha
Lima (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM), Agripino Maia (DEM), Ricardo Ferraço
(PMDB) e Sérgio Petecão (PSD).
A ex-deputada venezuelana oposicionista
Maria Corina Machado, cassada pelo Parlamento chavista, também acompanha
os senadores brasileiros. Os manifestantes deram tapas na lataria do
ônibus, que também transporta esposas dos políticos opositores
venezuelanos presos.
Segundo o senador Cássio Cunha Lima, logo após desembarcarem em
Caracas, ao ingressarem no ônibus, batedores tentaram conduzir o grupo
diretamente para o presídio, impedindo desta forma que os parlamentares
fossem recebidos pelas esposas dos políticos presos e pela imprensa que
aguardava o grupo no saguão do aeroporto. Ainda segundo Cássio Cunha
Lima, ao deixarem a aeronave, eles foram filmados pelos militares.
"Tivemos que furar o cerco dos batedores venezuelanos para podermos nos
encontrar com as esposas", disse.
Na chegada, Aécio Neves ressaltou que as manifestações não só da
região, mas de representantes de entidades de outras partes do mundo,
podem "sensibilizar" as autoridades venezuelanas para marcar eleições
livres e libertar os presos políticos. Há expectativa de que
representantes do Parlamento europeu desembarquem nas próximas semanas
em Caracas em defesa da libertação dos presos políticos. A visita dos
parlamentares brasileiros à Venezuela foi considerada pela deputada
Maria Corina Machado, "um gesto histórico". "O governo da Venezuela não
quer que o mundo conheça a nossa realidade de perseguição da imprensa e
separação dos poderes", disse.
'Manutenção' - O clima na chegada dos parlamentares
brasileiros a Caracas foi de muita tensão. Neste momento, o comboio de
carros que acompanha os senadores está parado no trânsito por causa de
uma manutenção em um túnel da rodovia que liga Caracas à região onde
fica o presídio militar de Ramo Verde. De acordo com Maria Corina, a
manutenção não estava programada e foi armada para impedir a comitiva de
visitar os presos políticos.
Câmera aprova moção de repúdio
Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados/reprodução
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (18)
moção de repúdio ao tratamento dado à comitiva de senadores brasileiros
em missão oficial à Venezuela. A moção foi aprovada por unanimidade em
votação simbólica. Partidos normalmente simpáticos ao governo da
Venezuela também votaram a favor da proposta, como PSOL, PCdoB e PT.
Os
partidos deixaram claro que se opunham ao episódio que comprometeu a
integridade física de parlamentares brasileiros e que a posição desta
tarde não tinha viés político contra o governo venezuelano. Deputados se
revezaram na tribuna com críticas ao governo venezuelano e a política
externa brasileira.
Os parlamentares cobram posicionamento do Itamaraty e
questionaram a presença do país vizinho no Mercosul. "Presidente Dilma,
chame o embaixador brasileiro. Não deixe que atitudes como essa manchem
as relações exteriores do Brasil", disse o deputado Arthur Virgílio
Bisneto (PSDB-AM). Neste momento, os partidos estão indicando os nomes
que vão se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira,
para se informar sobre a situação dos senadores em Caracas.
Fonte: redação da Veja e BN e Estadão C/ADPTAÇÕES
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