Foto: O vice presidente Michel Temer, o presidente do senado, Renan Calheiros,
e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, participam do
Congresso do PMDB no Hotel Nacional em Brasília, nesta quarta-feira (17)(Pedro Ladeira/Folhapress/reprodução
O vice-presidente da República Michel Temer negou nesta terça-feira,
ao chegar ao congresso do PMDB em Brasília, que o partido tenha uma data
para abandonar o governo Dilma Rousseff. "O PMDB não vai sair", disse o
vice. Faltou combinar com os militantes da legenda, que o receberam com
gritos de "Brasil pra frente, Temer presidente".
Como mostrou VEJA em reportagem publicada nesta semana,
o vice-presidente se prepara para a cada vez mais presente
eventualidade de a titular ser afastada do poder. Temer já conversa com
políticos, juristas e empresários enquanto traça um plano para si e para
o Brasil pós-Dilma.
Ao chegar ao congresso, o vice não escondeu que o plano do PMDB é
chegar ao poder, como qualquer partido político. Segundo ele, as
divergências entre os integrantes da sigla são naturais: parte do PMDB
prega abertamente a ruptura com o governo federal e até o impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Outra parte defende o adiamento desse
rompimento, de modo a usufruir um pouco mais dos cargos conseguidos na
reforma ministerial de outubro. "Mesmo os que querem a saída do governo
querem colaborar com o país. E este programa que estamos fazendo é para o país", disse o vice, referindo-se ao plano econômico apresentado pelo
partido durante o congresso.
O congresso da Fundação Ulysses Guimarães marca um posicionamento
claro do PMDB como alternativa ao governo Dilma Rousseff, ameaçado pela
instabilidade econômica, pela crise política e por ações na Justiça
Eleitoral. O partido organizou um texto para debate com propostas
econômicas antagônicas às do PT.
Denunciado ao Supremo Tribunal Federal por envolvimento no petrolão, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chegou a ser alvo de
vaias quando tomou a palavra. Mas o movimento foi rapidamente abafado.
Cunha pregou independência total do partido e afirmou que o PMDB está
decidido a ter um candidato próprio à Presidência da República. "Ninguém
mais tem dúvida de que o PMDB tem que buscar um caminho próprio e que
vai ter que disputar a eleição em 2018. O PMDB terá candidato e isso é
inevitável em 2018 e vai disputar em 2016 todas as eleições que puderem
ser disputadas", afirmou Cunha, investigado pela Operação Lava Jato e
alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar. "A discussão é se o
PMDB tem ou não tem que ficar atrelado ao projeto que aí está, do qual
não participamos, não formularmos. Nós não temos compromisso com o que
está aí colocado, porque não participamos da formulação. Nossa voz não
pode ser abafada por meia dúvida de carguinhos."
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não defendeu o
rompimento abertamente. "O Brasil vive um momento complicado e o PMDB
está fazendo a sua parte apresentando um programa, mesmo que não haja
convergência sobre todos os pontos do programa", disse. "O PMDB está
apresentando propostas não para o governo, mas para o Brasil. Precisamos
sair dessa situação de crise que tende a se agravar se não houver uma
saída."
Fonte:Veja/reprodução
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