sábado, 26 de dezembro de 2020

Salvador está negociando compra da vacina direto com empresas, diz prefeito eleito


(Divulgação)

Falta pouco para a vacina contra a covid-19 chegar à capital baiana. A prefeitura de Salvador negocia com duas empresas a compra direta da vacina contra o novo coronavírus. O prefeito eleito de Salvador, Bruno Reis, que assume a gestão da cidade na próxima semana, contou que, enquanto aguarda o desenrolar do processo da CoronaVac no Instituto Butantan, barganha diretamente com as empresas Johnson & Johnson e Moderna.

Bruno Reis contou que Salvador está preparada para investir de R$ 60 a R$ 80 milhões na compra da vacina, mas que ainda não se sabe quantas doses seriam possíveis comprar com esse montante. O dinheiro vai sair diretamente dos cofres municipais. A intenção é não ficar esperando pelos Governos Federal e Estadual. A capital baiana também negociava com a Pzifer, mas o laboratório informou que não tem mais condições de fornecer as doses para o Brasil. 
“O fornecimento das vacinas, com base no plano de política nacional, é responsabilidade do governo federal. Cabe aos estados e municípios a aplicação. Mas Salvador não vai ficar esperando o governo federal, então já abrimos diálogo com o Instituto Butantan, desde novembro, e nós formalizamos o pedido”, garante o prefeito eleito. 

Além disso, outros dois laboratórios disseram a Reis que têm condições de fornecer as doses para Salvador. “Viemos mantendo contato com outros laboratórios, a exemplo da Johnson & Johnson e Moderna. Os dois sinalizaram que teriam condições de comercializar as vacinas com Salvador. Estamos vendo questão de preço, forma de pagamento e prazo de entrega. O nosso desejo é que possamos ter uma vacina em janeiro”, estima. 

O acordo com o Butantan, em São Paulo, que desenvolve a Coronavac em parceria com a China, prevê a entrega de 103 mil doses, que serão destinadas aos profissionais de saúde, da rede pública e privada. A intenção é comprar mais 277 mil doses, que seriam destinadas às pessoas com idades maiores a 60 anos. “A prefeitura reservou um número entre R$ 60 a R$ 80 milhões, para aquisição das vacinas, que vai depender do valor da vacina. Mas a prioridade e o desejo nosso é um universo de 380 mil pessoas, que são os idosos e os profissionais de saúde”, afirma.
 
A dificuldade, segundo Bruno Reis, é a compra da vacina, e não a logística e operação da prefeitura em vacinar a população. “Preparados nós estamos, com o pessoal, plano de estratégias, vamos fazer de drive-thru a delivery e vacinação nas unidades de saúde, para que as pessoas possam se vacinar com segurança. A dificuldade não é a logística e a operação, é ter a vacina. Caso o governo federal forneça primeiro,  ou o governo estadual, ou a gente consiga, vamos iniciar”, esclarece. 

A capacidade de armazenamento também não é problema. Atualmente, Salvador tem quatro ultrafreezers para armazenar as vacinas a -86ºC. A capacidade do Município é de estocar ao mesmo tempo 160 mil doses, com temperaturas abaixo de – 75ºC. As seringas e as agulhas já foram compradas, e o plano de imunização foi definido e apresentado pela Prefeitura no início de dezembro. Os grupos prioritários serão os profissionais de saúde das áreas pública e privada, 103 mil em Salvador, e pessoas acima de 60 anos. Juntos, totalizam cerca de 380 mil pessoas. 

O prefeito eleito ainda disse que demonstra interesse em incluir os profissionais de educação no grupo prioritário para receber o imunizante. O objetivo é que as aulas possam começar em fevereiro, mas isso dependerá também do governo do estado. 

“Já solicitei uma audiência com o governo para a discussão da retomada da educação. Nossa visão é que o ano de 2020 foi comprometido, e, se a gente não iniciar as aulas no máximo em fevereiro, corremos o risco de perder dois anos. Se os números da pandemia permitirem e se a gente já tiver avançado na solução da vacina, nosso desejo, combinado com o governo do estado, é retomar, caso seja possível, em fevereiro, e, se der, incluir os profissionais de educação no grupo prioritário para fazer uma retomada com tranquilidade”, afirma. 

Contudo, Reis ponderou que o orçamento do município não tem condições de vacinar toda a população soteropolitana. Portanto, não há previsão de quando que as quase 3 milhões de pessoas de Salvador estejam imunizadas, também por conta da disponibilidade das doses pelo laboratório. “Não dá para falar uma data precisa, justamente porque não temos certeza de quantas doses serão disponibilizadas e em que prazo. É preciso ser sincero e dizer que Salvador não dispõe de orçamento para adquirir, no caso, 6 milhões de doses, porque a maioria das vacinas são em dose dupla. Mas há condições de a gente fazer um esforço para garantir a imunização do público prioritário”, confessa. 

O prefeito eleito criticou a demora da União em comprar um dos imunizantes disponíveis no mercado. “Estávamos mantendo contato com a Pfizer. Infelizmente, o Brasil não comprou a vacina da Pfizer. Costa Rica, México, e Chile já começaram a vacinação, e o Brasil, maior país da América Latina, está atrasado. A gente lamenta, mas tem outras vacinas”, afirmou.

Bruno Reis lembrou que o Governo do Estado está em negociação com a Rússia para a aquisição da vacina Sputnik, e voltou a afirmar que a origem do medicamento não interessa. O critério que será usado para escolher o imunizante oferecido aos soteropolitanos será a eficiência do produto. A vacinação é prioridade para a sua gestão em 2021. “Não há nada mais importante nesse momento que terá consequências no campo social e econômico da cidade, do que realizar com a máxima brevidade a imunização. É nossa prioridade”, garante o prefeito eleito. 

Reis ainda pediu a colaboração dos soteropolitanos para que o cumprimento dos protocolos sanitários, para que não haja um colapso no sistema de saúde para que as medidas restritivas não voltem com mais rigor: “Nosso desejo é seguir mantendo a estratégia atual, de restabelecer dos leitos de UTI e esperamos uma participação das pessoas na utilização de máscaras, fazendo higienização das mãos e evitando aglomeração, para que os leitos sejam suficientes para atender a demanda e não chegar a um colapso”. 

fonte:Gil Santos e Marcela Villar* /redacao@correio24horas.com.br

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

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