segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Lava Jato: Hacker diz que Operação quis prender ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli

 

Hacker diz que Operação Lava Jato quis prender Gilmar Mendes e Dias Toffoli
Foto: Reprodução / CNN Brasil

O hacker Walter Delgatti Neto, suspeito de invadir o celular do ex-ministro Sergio Moro e outras autoridades, disse que a Operação Lava Jato tentou prender os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Em entrevista à CNN Brasil, ele destacou que esse era um dos objetivos dos investigadores*.

 

"Eles queriam. Eu não acho, eles queriam. Inclusive Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Eles tentavam de tudo pra conseguir chegar ao Gilmar Mendes e ao Toffoli, eles tentaram falar que o Toffoli tentou reformar o apartamento e queria que a OAS delatasse o Toffoli, eles quebraram o sigilo do Gilmar Mendes na Suíça, do cartão de crédito, da conta bancária dele, eles odiavam o Gilmar Mendes, falavam mal do Gilmar Mendes o tempo todo", disse Delgatti.

 

Por outro lado, se esses dois ministros eram alvo dos membros da força-tarefa, o hacker aponta que eles tinham no também ministro da Corte, Luís Roberto Barroso, um aliado.

 

"Eles tinham um laço bem próximo. O Barroso e o Deltan [Dallagnol, ex-procurador da Lava Jato] conversavam bastante, (sobre) vida pessoal. Inclusive o Barroso, em conversas, auxiliava o que colocar na peça, o que falar. Um juiz auxiliando, também, o que deveria fazer um procurador", exemplificou o hacker. Em nota à emissora, Barroso disse que a declaração do hacker é mentirosa. 

 

O hacker contou ter acessado o celular de quatro ministros do STF. No de Alexandre de Moraes não havia  mensagens. 

 

“Ele apagava tudo. Tive acesso também ao e-mail dele, tinha, inclusive, o livro novo dele. Eu apenas baixei o livro para ler, mas.... Tinha conversas em e-mail, mas era entre eles [ministros do STF], era conversa de processo, que não tinha interesse. Era conversa formal. Acredito que era, inclusive, o assessor dele que mandava o e-mail, não ele. Já quanto ao Telegram, não tinha conversa nenhuma, ele apagava todas.”

 

Na mesma madrugada, acessou também os celulares do presidente Jair Bolsonaro e dos seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador pelo Rio Carlos Bolsonaro. Disse que percebeu que eles direcionavam as conversas para um chat privado. 

 

Delgatti também afirmou que não recebeu dinheiro pelas mensagens capturadas. 

 

“Não, ninguém pagou. No começo, eu até pensei [em ganhar dinheiro com as mensagens], para ser bem sincero. Mas comecei a entender o que eu estava fazendo. A Manuela [d’Ávila, ex-deputada federal], assim que eu comecei a conversa com ela, ela perguntou: ‘o que você quer por isso? Quanto você quer por isso?’ Eu disse que não queria nada em troca e que ia enviar, e queria apenas justiça. Foi quando ela me passou o contato do Glenn [Greenwald, jornalista americano fundador do site The Intercept, que divulgou trechos das conversas hackeadas].” 

 

Ainda segundo ele, o jornalista Glenn Greenwald, responsável por detonar o escândalo da Vaza Jato no site The Intercept Brasil, nunca ofereceu dinheiro pelas mensagens. 



fonte:BN -21/12/2020

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