sábado, 17 de dezembro de 2016

Bahia: Sesab emite alerta a unidades de saúde após surto de doença misteriosa

Para médico infectologista Antônio Bandeira, doença pode estar relacionada a um agente transmissor ou toxina proveniente da ingestão de peixe (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)

A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) emitiu alerta para unidades de saúde da Bahia, ontem(16) por conta de uma doença misteriosa que atingiu ao menos 11 pessoas, parte delas após visitarem localidades do Litoral Norte.
O documento foi protocolado pelos centros de informações estratégicas em vigilância em saúde da Bahia e de Salvador (CIEVS-BA e CIEVS Salvador). A assessoria de comunicação da Sesab informou ao CORREIO que o alerta não é direcionado à população.
De acordo com a publicação, os casos são suspeitos de uma possível variante de mialgia epidêmica. No dia 14 de dezembro foram notificados por uma unidade hospitalar de Salvador nove casos suspeitos em pessoas de três diferentes famílias.
Os pacientes foram atendidos e internados em uma unidade de saúde da capital nos dias 2 e 10 de dezembro, apresentando quadro clínico caracterizado por início súbito de fortes dores em região cervical, trapézio, seguido por dores musculares intensas nos braços, dorso, coxas e panturrilhas.
Segundo a Sesab, a doença apresentou rápida disseminação entre os familiares, o que sugere que a transmissão ocorra através de contato ou gotículas. O quadro clínico apresentado é compatível com uma variante da Síndrome de Mialgia Epidêmica - geralmente causado por um Echovirus.
Sobre a doença

A mialgia epidêmica também é conhecida como Doença de Bornholm. A dor muscular é causada por uma infecção viral e afeta a parte superior do abdômen e do tórax inferior. A dor é caracterizada como espasmódica e desenvolve-se de repente, piorando a cada movimento e respiração profunda, causando falta de ar para o indivíduo afetado (no surto em questão, os casos não apresentaram comprometimento respiratório).

Em muitos casos, a doença também provoca dor abdominal, febre, dor de cabeça, de garganta e musculares. A transmissão ocorre por meio fecal-oral ou, menos comumente, de pessoa-pessoa, através de gotículas ou objetos contaminados. 
Peixe suspeito

Especialistas investigam se o consumo do peixe da espécie olho de boi, também conhecido como arabaiana, está relacionado à doença. Segundo o médico infectologista Antônio Bandeira, os 11 pacientes que estão recebendo acompanhamento médico relataram que consumiram carne de peixe antes ou durante o surgimento dos sintomas. O peixe foi comprado fresco e preparado em casa.

"Uma família de quatro pessoas, que consome muito peixe, falou que, nos dias que antecederam o surgimento dos sintomas, não comeram. Mas temos pelo menos cinco pessoas que se alimentaram de peixe em Guarajuba, que é um casal de namorados, a tia, uma mulher que comprou o alimento e também a empregada dela", contou o médico.
Segundo ele, a tia do casal chegou a confundir os sintomas com uma virose. "Essas cinco pessoas que tiveram os sintomas comeram olho de boi, conhecido também como arabaiana. E por isso essa é uma via de hipótese. A outra é de que estamos procurando um vírus que pode estar causando isso", explicou.
Ainda não há certeza sobre as causas da doença, mas a orientação é de que, ao perceber os sintomas, os pacientes se hidratem bastante, evitem a ingestão de anti-inflamatórios e procurem um médico. "O risco que existe é a pessoa ter a urina escura, não se hidratar adequadamente e acabar tendo uma insuficiência renal. E isso pode acontecer", alertou o médico.
A identificação da toxina ou vírus que está causando a doença misteriosa vai depender da análise clínica dos pacientes já registrados. "É claro que, se afastarmos as causas virais, e aparecendo mais casos, podem levar a crer que haja essa situação", disse o médico sobre a relação com o peixe.
Conforme Bandeira, a análise nos peixes é mais difícil, já que pode se tratar de uma toxina ou produto químico, que é mais difícil de descobrir do que uma bactéria ou vírus, por exemplo. "Então, é importante que a Vigilância Sanitária e os órgãos do governo busquem investigar, pois isso não temos como fazer", concluiu.

fonte:Correio da Bahia c/adaptações

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