A exposição mais intensa aos principais fatores de risco para infarto e acidente vascular cerebral e a
negligência no cuidado
médico estão tornando as mulheres cada vez mais vulneráveis às
principais doenças cardiovasculares. Segundo a Sociedade Brasileira de
Cardiologia, no ano passado, pela primeira vez, o número de mulheres que
morreram de AVC equiparou-se ao de homens, alcançando a marca de 50 mil
óbitos. E o total das mortes por infarto entre elas já superou os 45
mil por ano.
É um fenômeno mundial. Na semana passada, um estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, em parceria com o Instituto Karolinska, na Suécia, mostrou que a população feminina tem três vezes mais chance de morrer de ataque cardíaco depois de já ter sofrido um. Evidências anteriores demonstram que elas recebem tratamento preventivo inadequado mesmo quando exibem o perfil de um indivíduo de risco (hipertensivo e diabético, por exemplo), e, no momento do ataque, têm os sintomas negligenciados. Sinais da iminência de um evento cardiovascular, como pressão arterial elevada, ainda são confundidos, em mulheres, com crises de ansiedade ou de estresse. Por elas, por quem está do lado e pelos profissionais de saúde.
Campanhas de informação
No Rio de Janeiro, a engenheira Camila Epprecht, 33 anos, sofreu um
AVC há três anos e enfrentou uma incredulidade em relação a seu quadro.
“Ninguém acreditava como uma mulher tão nova tinha tido um problema
desse”, conta. Na época, Camila estava sob forte estresse (fator de
risco) por conta da conclusão de um trabalho acadêmico. Depois de um ano
em recuperação, ela voltou ao trabalho.
Em São Paulo, a comerciante
Roseli De Caprio, 56 anos, demorou a reconhecer os sintomas de que
estava sofrendo um infarto, em setembro de 2017. Só depois de quatro
horas de dor, inclusive no peito, procurou ajuda. “Não imaginava que
pudesse ser o coração”, diz. Roseli foi tabagista (outro fator de risco
importante) até o episódio. Na opinião do médico Roberto Kalil Filho,
presidente do Instituto do Coração (SP), faltam campanhas de
conscientização dirigidas aos médicos e à população em geral. “Temos que
falar da importância dos exames do coração também para as mulheres”,
diz. “É fundamental ressaltar a eficácia do tratamento preventivo e do
prognóstico.”
fonte:Istoé online/reprodução
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