A gestão do Governo Bolsonaro em relação à pandemia de covid-19 e seus efeitos na economia do Brasil seguem afetando a popularidade do presidente. Pesquisa da consultoria Atlas Político, realizada entre os dias 20 e 24 de janeiro, aponta um aumento de sete pontos percentuais na desaprovação do mandatário em relação ao verificado em novembro do ano passado. Agora, seis em cada dez pessoas entrevistadas afirmam desaprovar o desempenho do capitão reformado no comando do país —59%, ante os 52% de dois meses atrás. Uma tendência que segue o que já havia sido verificado recentemente por outros institutos de pesquisa, como o Datafolha e a XP/Ipespe. A falta de aprovação é ainda maior entre os que têm ensino superior (64%), moram no Nordeste (63%) e entre as mulheres (67%). A maré negativa para o presidente ocorre em meio ao caos na saúde pública, que chegou ao pico no último 14 de janeiro com a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus. Paralelamente, a economia vem registrando piora e o fim do auxílio emergencial deixará de atenuar o impacto entre os mais pobres.
“Há uma grande preocupação com a pandemia por conta da nova onda de contágio, que causou o colapso do sistema de saúde em Manaus e que também tem um grande impacto econômico”, afirma Andrei Roman, diretor do Atlas Político, que ressalta que 73% das pessoas acreditam que o auxílio emergencial deva continuar, na contramão das intenções do presidente em relação à medida. “Crise na saúde, impacto sobre emprego e popularidade do presidente estão fortemente correlacionados”, ressalta ele. Para a pesquisa, feita por meio de questionários randômicos respondidos pela Internet e calibrados por um algoritmo, foram colhidas a opinião de 3.073 homens e mulheres de diferentes regiões, faixas etárias e nível de renda. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento complementa outro divulgado pela consultoria no último fim de semana, que verifica que 53% dos eleitores apoiam o impeachment de Bolsonaro.
De acordo com o levantamento, 63% dos entrevistados acreditam que a situação de saúde pública criada pelo coronavírus está piorando e 51,2% defendem a ampliação do isolamento social, outra medida refutada por Bolsonaro desde o início da crise. Também na contramão das posturas do presidente, que já afirmou claramente que não pretende se vacinar, 73% das pessoas dizem que pretendem se imunizar contra a doença. A confiança dos entrevistados se mostra maior nas vacinas produzidas pela Inglaterra (72% confiam) e Estados Unidos (69%), mas o imunizante da China, inicialmente desdenhado pelo presidente, encontra a confiança de 54% das pessoas, assim como o da Russia.
A avaliação da área econômica também agudiza a crise de imagem do presidente. Oito em cada dez entrevistados (81%) acreditam que a situação do emprego é ruim e 45% acham que ela deve permanecer ruim em seis meses. Para 75%, a situação econômica do Brasil é ruim e metade dos entrevistados considera a situação de sua família ruim —para 27%, a expectativa é que permaneça ruim em seis meses.
O estudo também avalia a imagem de diferentes políticos. E, nesse quesito, Bolsonaro está entre aqueles que se saem pior: sua imagem negativa subiu de 55% para 60% e já supera a rejeição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —a imagem negativa do petista caiu de 62% para 59%.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem a intenção de se candidatar à Presidência em 2022, também é mal avaliado por seis de cada dez entrevistados. Mas a tendência do mandatário paulista, que conseguiu capitalizar o início da imunização no Brasil a seu favor ao iniciar a campanha de vacinação no Estado antes do Governo Federal, é a inversa da registrada com Bolsonaro: um mês atrás, 70% dos eleitores tinham uma imagem negativa do governador. Nesse período, aqueles que enxergam o tucano de forma positiva passou de 15% para 25%.
Rodrigo Maia (DEM), o presidente da Câmara dos Deputados em final de mandato, que se recusou, até o momento, iniciar um processo de impeachment contra o presidente, é quem tem a pior imagem negativa entre os eleitores atualmente, de 69%. O percentual é o mesmo de um mês atrás.
FONTE: el país - 26/01/2021 17H:42min.
0 comentários:
Postar um comentário