A professora Maria de Fátima Cunha de Oliveira, 38 anos, moradora e natural da cidade de Valente, a 238km de Salvador, morreu de covid-19 no último dia 17 de janeiro. De acordo com a irmã da vítima, Maise Cunha de Oliveira, 29 anos, Maria já tinha sido contaminada anteriormente com a doença, em outubro. Segundo a família, os dois testes positivos foram confirmados através
Maria de Fátima era professora municipal (Foto: arquivo pessoal) |
A primeira contaminação aconteceu quando Maria de Fátima morava em Conceição do Coité, a 19 quilômetros de distância de Valente. Lá, a professora era concursada e assumira desde 2015 o cargo de coordenadora pedagógica da secretaria de educação local. Em outubro, ela teve alguns
sintomas, como febre, diarreia e vômito. “Foi então feito o primeiro teste positivo. Ela conseguiu se rar em casa, tomando medicamentos, mas sem precisar de internação”, lembra Maise. No entanto,com o passar dos dias, a professora continuou a sentir sequelas da doença, como raqueza, cansaço, dores no corpo e fadiga. “Quando foi no final do ano passado, ela voltou a morarem Valente. Ela permanecia trabalhando em Coité, por ser concursada, mas já não assumiria mesma função de coordenadora. Por isso decidiu voltar”, recorda a prima Celita Lima de Oliveira, 7 anos. Durante os festejos de fim de ano, Maria de Fátima decidiu passar o período em Salvador. oi í que a febre voltou a aparecer e assustar a professora. “Só que ela ainda achava que eram equelas da doença. A febre vinha e passava”, diz Maise. Já em 2021, a professora retornou ara Valente e foi na cidade do interior que os sintomas se agravaram: a febre ficou mais intensa e, o ia 6 de janeiro, houve perdas do olfato e do paladar. Isso foi registrado pela vítima em uma ublicação no Facebook a favor da vacinação contra a covid-19.
“Se você não quer tomar [a vacina], mantenha distância e tomara que nunca tenha o covid. Tive em outubro e faz três dias que perdi o olfato e paladar, além da febre alta que dá trabalho de baixar”, escreveu Maria, no dia 9 de janeiro. Com o agravamento dos sintomas, ela chegou a fazer um teste rápido na cidade, que deu negativo. “Passou então a ir para ospital e voltar. Eles diziam que estava tudo bem e mandava tomar Vitamina, Dipirona e loratadina”,recorda a irmã. Só que a saúde da professora piorou e, no dia 15 de janeiro, la foi para o hospital novamente. Lá fez mais um teste rápido, que dessa vez deu positivo. “Foi onstatado que ela estava com a saturação baixa e o pulmão comprometido. Então, a levaram para alvador, onde fizeram um outro teste, dessa vez RT-PCR, cujo resultado positivo só saiu após ela er orrido”, lamenta a irmã. Maria chegou a ser intubada, mas não resistiu. Ela deixou um marido, uma filha e um enteado.
Dor
Abalados com o falecimento da professora, foi difícil para família e amigos da Maria de Fátima aceitarem a perda. “Ela era uma pessoa tão tranquila, simples e humilde. Não era de se aparecer. ficamos muito assustados. Essa morte chamou a atenção de todos, não só em Valente, como também em Coité”, recorda a prima Celita.
“Hoje a gente está mais conformado, pois entende que a morte é lgo natural da vida e ela acreditava muito na vida após a morte. la era espírita. Como a gente tem esse entendimento, ajuda conformar. Mas eu espero que o caso dela sirva de alerta para aspessoas”, conta Maise.
A ex-secretária de Educação de Conceição do Coité e ex-chefe da professora morta, Perpétua ampaio, escreveu em nota a sua solidariedade. “Natural de Valente, vítima de infecção por covid-19pela segunda vez em menos de seis meses, portadora de fibromialgia, a nossa querida Maria deFátima nos deixou”, registrou. Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) nformou que não tinha sido notificada sobre nenhum óbito relacionado à reinfecção por covid-19 noestado. “Até agora, só foi confirmado um caso de reinfecção, que não resultou em morte, e outros 136 casos suspeitos seguem em análise. Sobre o caso específico, não passamos nformações de pacientes”, disseram.
Já a enfermeira Eloisa Helena, coordenadora da vigilância epidemiológica de Valente, disse em mota que, logo após o acontecimento, comunicou o caso ao Centro de Informações Estratégicas deVigilância em Saúde (Cievs), que faz parte da Sesab. “Eles me deram as orientações, agora [ocaso] irá para análise de um infectologista. Nós enquanto município não temos condições de firmar que foi uma reinfecção, pois essa analise depende de avaliação laboratorial, que será feita elo Lacen central, em Salvador”, afirma.
O CORREIO também procurou a prefeitura de Conceição do Coité, onde Maria de Fátima testou ositivo pela primeira vez, em outubro, segundo a família, mas não obteve retorno até o fechamentoda reportagem. A prefeitura de Valente também confirmou que o primeiro exame RT-CR ositivo foi feito na cidade vizinha.
fonte: Daniel Aloisio/* Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lobo -Correio da Bahia em 26/012021
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