BRASÍLIA - Em busca de um partido para disputar a reeleição em 2022, o presidente Jair Bolsonaro não deve mais optar pelo PRTB, com quem negociava. A presidente nacional da sigla, Aldineia Fidelix, negou entregar a Bolsonaro o comando da legenda, condição imposta por ele para se filiar. A decisão da viúva de Levy Fidelix, que morreu no mês passado, inviabiliza a entrada de Bolsonaro no partido, segundo afirmaram ao Estadão interlocutores do presidente.
A conversa com Bolsonaro era conduzida pelos filhos de Levy, fundador do partido, após a morte do pai. O fator determinante para a filiação de Bolsonaro seria a disposição da legenda em dar carta branca a ele para alterar o comando de diretórios estaduais e ter peso nas decisões da Executiva Nacional. Essa condição, porém, não foi aceita por Aldineia.
O presidente da República, Jair Bolsonaro © Ueslei Marcelino / Estadão O presidente da República, Jair Bolsonaro
Em abril, Bolsonaro recebeu os três filhos de Levy Fidelix em Brasília, uma semana após a morte do até então presidente da legenda. Levy Filho, Karina e Lívia estiveram no Palácio da Alvorada em uma reunião que também contou com a presença de Karina Kufa, advogada eleitoral do presidente, e do ministro do Turismo, Gilson Machado.
Levy Filho, que é secretário-geral do PRTB, e desempenha o papel de articulador político da sigla, era o mais entusiasta da ideia de filiar Bolsonaro no partido, que não tem nenhum representante no Congresso e é considerado nanico. Ele se dispôs a dar total controle da sigla ao presidente da República. No entanto, a irmã Karina Fidelix resistia. Ela tem pretensões de exercer, ao lado do marido, Rodrigo Tavares, presidente do PRTB-SP, o comando da legenda. Livia, por sua vez, não demonstrou ter opinião fechada sobre dar ou não o aval a Bolsonaro para tomar o PRTB da família.
Auxiliares do presidente da República afirmaram que não faria sentido Bolsonaro ir para um partido pequeno e não ter o total controle sobre ele. Há também negociações com outras siglas, como PMB, que mudou o nome para Brasil 35, e Democracia Cristã (DC). O presidente havia dito que definiria seu destino partidário até o fim de abril, antes disso, Bolsonaro havia dado o mês de março como prazo para sua decisão. Até agora, porém, não definiu seu destino.
As frustradas negociações para a ida ao PRTB e também para um eventual retorno ao PSL contribuíram para o atraso na escolha do destino. O vice-presidente do PSL, Antonio Rueda, era quem liderava o diálogo com Bolsonaro. Auxiliares do presidente disseram ao Estadão que a volta dele à antiga sigla está descartada.
A avaliação foi a de que Rueda fez várias promessas de entregar o comando do partido a Bolsonaro, mas recuou na hora de se comprometer e firmar um acordo sobre isso. Bolsonaro deixou o PSL em novembro de 2019 após desavenças com o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE).
O principal motivo para a saída foi a briga por causa do controle do caixa da legenda. Em 2018, o PSL se tornou uma superpotência partidária ao eleger o presidente, 54 deputados, quatro senadores e três governadores, na esteira do bolsonarismo. Com isso, a legenda deve ter neste ano a maior fatia dos recursos públicos destinados a partidos, de R$ 103,2 milhões.
O Estadão ouviu de integrantes da cúpula do PSL que, para voltar à sigla, Bolsonaro cobrou um "alinhamento ideológico" e a expulsão de deputados que têm feito críticas mais fortes a ele, como Júnior Bozzella (PSL-SP), Julian Lemos (PSL-PB), Joice Hasselmann (PSL-SP) e Delegado Waldir (PSL-GO).
fonte:Estadão =-17/05/2021
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