Depois de se equivocar pelo menos 2 vezes ao prever o total de mortos da pandemia e defender a imunidade de rebanho como forma de conter a covid-19, o ex-ministro da Cidadania e deputado Osmar Terra (MDB-RS) rendeu-se aos fatos e somou-se às autoridades que lamentaram as mais 500 mil mortes registradas no país.
O marco foi alcançado na tarde de sábado (19.jun.2021). No início da noite, o Ministério da Saúde informou que o total chegara a 500.800 vítimas.
“Nessa trágica pandemia perdi pessoas queridas e estive numa UTI”, escreveu Terra no Twitter, ao prestar solidariedade aos que, como ele, perderam parentes e amigos. O deputado será ouvido na ouvido pelos integrantes da CPI da Covid na 3ª feira (22.jun).
Terra passou 12 dias internado em hospital de Porto Alegre entre novembro e dezembro de 2020. No dia seguinte a sua alta (5.dez.2020), criticou a OMS (Organização Mundial da Saúde) por ser um órgão “controlado pela esquerda ideológica”. Em publicação no Twitter, escreveu: “Saudades do tempo que a OMS agia baseada na ciência”.
Leal ao governo de Jair Bolsonaro e um dos nomes cotados para a sucessão de Luiz Henrique Mandetta na pasta da Saúde no ano passado, Terra acumulou erros em suas previsões sobre a pandemia.
Em março de 2020, afirmou que o total de mortes por H1N1, o vírus que provoca a gripe suína, seria maior do que o de covid-19 no país. Tal previsão foi repetida no mês seguinte pelo presidente Jair Bolsonaro em entrevista ao programa “Domingo Espetacular”, da TV Record.
No entanto, em 17 de abril de 2020, o número de mortes causadas pelo novo coronavírus já era de 2.141 pessoas, valor maior do que o atingido pela grupe suína de 2009 a 2010, de 2.098.
Ainda em abril do ano passado, Terra disse que o coronavírus mataria menos do que a gripe sazonal no Rio Grande do Sul. Sua previsão foi derrubada pelos dados oficiais três dias depois.
Em fevereiro de 2021, o ex-ministro escreveu em artigo para o Poder360 que a covid somente seria contida “por outro poderoso fenômeno da natureza: a imunidade coletiva ou de rebanho”.
No texto, mencionou sua experiência na coordenação e no acompanhamento de epidemias em seu Estado natal para professar: “Todas as pandemias, por serem causadas por novos vírus, chegam ao fim antes que vacinas consigam ser desenvolvidas e utilizadas em grande escala”.
A tese da imunidade de rebanho foi defendida não apenas por Terra, mas por outras autoridades do governo. Entre elas, o próprio presidente Jair Bolsonaro, cioso em evitar os lockdowns, confinamentos e outras medidas com impacto na atividade econômica do país.
Em um resumo, trata-se da ideia de que, quanto maior o número de pessoas contaminadas ou imunizadas por vacinas, menor será a difusão da pandemia.
“As restrições e lockdowns, que subestimaram o poder de contágio do vírus, não impediram as 250 mil mortes ocorridas, até agora, no Brasil”, escreveu, sem dizer que as medidas evitaram caos maior do que o verificado no sistema de saúde público e privado do país.
No artigo, outra previsão do ex-ministro está por ser comprovada ou descartada. “É bem provável que muito antes de as vacinas serem efetivas contra a infecção já veremos o surto epidêmico sendo encerrado pela imunidade de rebanho”, afirmou.
Por enquanto, mesmo com o total elevado de contaminados no país – 17,9 milhões até o sábado (19.jun) -, os 62,7 milhões de vacinados com a 1ª dose e os 24,2 milhões que já tomaram a 2ª dose, a pandemia parece longe de ser encerrada. Conforme os dados da Saúde, as curvas de contaminação e mortes continuam ascendentes.
Fonte: Poder 360 - 20/06/2021 - 21h:19min.
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