terça-feira, 8 de agosto de 2023

Eleições 2022: Assessores de Bolsonaro prepararam discurso de reconhecimento da vitória de Lula, mostram e-mails

Lula e Bolsonaro

Lula e Bolsonaro (Foto: Reuters)


247 - Um conjunto de e-mails em posse da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro indica que, no dia 31 de outubro de 2022, logo após o segundo turno das eleições, um pronunciamento preparado por assessores de Jair Bolsonaro (PL) foi enviado para consideração do então chefe do Palácio do Planalto, informa o jornal O Globo.

 A proposta de discurso foi encaminhada a Daniel Lopes de Luccas, um dos colaboradores mais próximos de Bolsonaro, com cópia para Carlos França, então ministro das Relações Exteriores.

O teor da sugestão de discurso revela um tom conciliatório e reconhecimento da derrota, com a seguinte declaração: "eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições". No entanto, Bolsonaro não fez o pronunciamento conforme proposto. Fábio Faria, o ex-ministro das Comunicações, que enviou o texto, confirmou o envio por e-mail, mas não explicou a razão pela qual Bolsonaro não o leu.

Durante o período de silêncio após a eleição, Bolsonaro permaneceu isolado no Palácio da Alvorada, reduzindo suas aparições públicas e agendas no Palácio do Planalto. Somente 48 horas após a vitória de seu opositor, o hoje presidente Lula (PT), é que Bolsonaro se pronunciou. Na ocasião, ele se reuniu com ministros e aliados antes de fazer um discurso breve, que não mencionou a derrota nem fez referências ao presidente eleito.

INTEGRA DO DISCURSO QUE NÃO FOI LIDO APÓS DERROTA:

“Quero agradecer aos mais de 58 milhões de brasileiros que confiaram a mim o seu voto nas últimas eleições: vencemos em 4 das 5 regiões do Brasil e tivemos 400 mil votos a mais do que em 2018.

A representação no Congresso Nacional e os governadores eleitos demonstram a força de nossos princípios e valores: Deus, Pátria Família e Liberdade.

Assumi o governo em 2019 com o Brasil vivendo imensa crise moral, social e econômica, fruto de gestões passadas. De 2019 para cá, enfrentei catástrofes ambientais e a maior emergência sanitária da história da humanidade. Socorremos a nossa população e preservamos empregos.

Desde o primeiro dia do meu governo, em sintonia com o meu passado, não aderi ao sistema, que juntou forças para me combater.

Todos são testemunha do quão desigual foi o processo eleitoral. Começaram por tornar elegível alguém condenado em várias instâncias do poder judiciário. Mascararam a exitosa retomada econômica do Brasil em relação ao mundo pós pandemia; Ao contrário, focaram na desconstrução das minhas falas e em falsas narrativas:

Todos assistiram à manipulação dos institutos de pesquisas e da grande mídia para induzir os eleitores brasileiros a voto útil em meu opositor no primeiro turno;

No segundo turno, o temor era um possível aumento da abstenção. Sem precedente na história das eleições brasileiras, determinaram que todos os governadores e prefeitos oferecessem transporte gratuito para eleitores. Sempre defenderei que todos tenham amplo direito ao voto, mas não posso concordar com casuísmos que alteram as regras no curso do processo eleitoral.

Além disso, foi cerceada a liberdade de expressão: todos os grandes perfis de direita foram suspensos das redes sociais; empresários apoiadores perseguidos e censurados enquanto o outro candidato veiculava fake news sobre o salário mínimo e o décimo-terceiro salário, diariamente em programas de rádio e televisão por todo o Brasil, em prejuízo da minha candidatura. Enquanto isso, nós tivemos menos inserções de rádio, tivemos vídeos suspensos em menos de 24 horas, o que demonstra, ao nosso ver, falta de isonomia.

Mesmo assim, a diferença no resultado da votação em favor de meu adversário foi de apenas 1.8% : estou certo de que se houvesse imparcialidade e igualdade de tratamento o resultado seria muito diferente.

Por 4 anos fui acusado injustamente de querer dar um golpe. E o que aconteceu foi exatamente o contrário.

Eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições.

Meu amor pelo país, pelo povo brasileiro e pela democracia são maiores. Defenderei nosso legado, sempre firme em meu compromisso com o Brasil.

Seguirei lutando a ao lado do povo por nossa liberdade. O meu governo devolveu o Brasil ao caminho da prosperidade, e temos ampla base no Congresso Nacional para defender nossos valores e nossa bandeira.

Somos uma grande nação. Jamais desistirei do Brasil e peço que vocês também não desistam”.

Fonte: Brasil 247 e Metrópoles-  c/adaptações 08/08/2023

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