sábado, 18 de julho de 2009

Pelo Mundo: Vídeo mostra líder das Farc admitindo ajuda à campanha do presidente do Equador



O Ministério Público da Colômbia divulgou nesta sexta-feira um vídeo mostrando que a guerrilha colombiana das Farc (Forças Armadas revolucionárias da Colômbia) contribuiu para o financiamento da campanha presidencial do presidente equatoriano Rafael Correa(foto) em 2006. O governo equatoriano negou ter ligações com a guerrilha.
O vídeo de uma hora de duração mostra o segundo homem no comando da guerrilha, Jorge Briceño, conhecido como Mono Jojoy, lendo o que seria um manifesto feito no leito de morte pelo líder e fundador das Farc, Manuel "Tirofijo" Marulanda. O manifesto afirma que as Farc fizeram contribuições para a campanha de Correa, mas é possível que Correa não tivesse conhecimento dessa ajuda.
Segundo o Ministério Público, o vídeo foi apreendido no final de maio, em Bogotá, pela polícia colombiana. As imagens aumentam a credibilidade de alguns arquivos eletrônicos apreendidos em um acampamento rebelde destruído em um no ano passado por forças da Colômbia em território equatoriano. Correa acusou a Colômbia de forjar os documentos, apesar de uma investigação por parte da Interpol determinar que eles não tinham sido alterados.
O mesmo manifesto também foi encontrado em outro computador apreendido em outubro. Mas no vídeo exibido nesta sexta-feira, ele é lido em voz alta por Jorge Briceno, um membro do secretariado das Farc o segundo homem no comando da guerrilha, o que torna difícil negar sua veracidade.
As relações entre a Colômbia e o vizinho Equador estão profundamente desgastadas, e o vídeo tem o potencial de complicá-las ainda mais. A Colômbia reclama de que as Farc operem no Equador, supostamente com o apoio do governo esquerdista de Correa.
O Equador rompeu relações diplomáticas com a Colômbia depois da operação colombiana em seu território, e tentativas por parte da OEA (Organização dos Estados Americanos) e do Centro Carter para mediar o conflito não tiveram pleno sucesso.
Informado sobre o vídeo nesta sexta-feira, o ministro da Segurança do Equador, Miguel Carvajal, negou que o governo de Correa tenha "qualquer relação na campanha ou qualquer relação com contribuições de grupos como as Farc, e certamente nenhum tipo de acordo [com a a guerrilha]". O próprio Correa tem repetidamente negado qualquer ligação com a guerrilha colombiana.
Guerrilha enfraquecida
Na última terça-feira, a Justiça colombiana condenou, à revelia, o principal comandante das Farc, Guillermo León Sáenz, conhecido como Alfonso Cano, a 40 anos de prisão pela morte de 22 pessoas em 2001 no município de Tierra Alta (noroeste). Cano assumiu liderança da guerrilha depois da morte de Manuel Marulanda, no ano passado, aparentemente de causas naturais. Outros dois membros do secretariado, de sete integrantes, morreram em 2008, em ações o Exército da Colômbia.
Enfraquecida a guerrilha, que surgiu em 1964 de um movimento de resistência na região de Marquetalia para reivindicar o direito dos camponeses à terra, tenta dar mostras de está longe de desaparecer.
Com um contingente estimado entre 6.000 e 7.000 homens, as Farc mantêm presença em zonas de plantação de coca, da qual obtêm entre 400 e 600 milhões de dólares por ano, segundo o ministério colombiano da Defesa.
Nos primeiros meses de 2009, a guerrilha organizou uma onda de atentados --três deles com carros-bomba - em Bogotá e nas cidades de Cali (sudoeste), Neiva (sul) e Convención (nordeste), que deixaram 10 pessoas mortas e 36 feridas.
O grupo ainda mantém reféns 22 militares e policiais, e ainda tenta negociar com o governo um acordo para trocá-los por 500 de seus combatentes presos, incluindo três mantidos nos Estados Unidos.

Fonte:Folhaonline
com Associated Press, Efe e France Presse

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